Conversamos com Jane Jensen, criadora de Gabriel Knight

A escritora e game designer volta a trabalhar com a franquia que ajudou a criar e nos conta um pouco de sua experiência.

em 05/11/2014
Jane Jensen nasceu em 28 de janeiro de 1963, na cidade americana de Palmerton, Pensilvânia. Com uma carreira prolífica, é uma das poucas mulheres que trabalha na indústria de jogos, possuindo como atribuições as atividades de roteirista e game designer.




Seus trabalhos mais famosos foram na Sierra Entertainment, durante os anos 1990. Após provar sua competência trabalhando ao lado da veterana Roberta Williams, teve a chance de dirigir, sozinha, o seu primeiro jogo. Assim nasceu Gabriel Knight: Sins of the Father (PC), considerada uma das melhores aventuras gráficas de sua época.

Agora, 20 anos depois e dona de seu próprio estúdio — o Pinkerton Road, responsável pelo desenvolvimento de Moebius: Empire Rising —, Jane volta a trabalhar com o ilustre Shadow Hunter, remasterizando a aventura clássica para o deleite dos antigos fãs e sorte de novos jogadores. Tivemos a oportunidade de conversar com a game designer e perguntar um pouco como foi trabalhar de novo com a história do Schattenjäger e o que podemos esperar do futuro.

Olá, Jane. Antes de tudo, obrigado pela entrevista. Bem, vamos falar um pouco de sua carreira. Você começou a trabalhar com jogos há mais de 20 anos, em 1991, escrevendo o roteiro de jogos pra PC, como: EcoQuest: The Search for Cetus e Police Quest III. Como você conseguiu entrar nessa indústria?
Eu era uma grande fã das aventuras gráficas da Sierra. Quando as conheci, estava trabalhando como uma engenheira de redes para a Hewlett-Packard e, ao mesmo tempo, tentava escrever um romance no tempo livre. No fim das contas, eu queria ser uma romancista, mas quando descobri os jogos da Sierra, decidi que isso seria ainda melhor! Então mandei uma carta e meu currículo oferecendo-me para trabalhar com eles como uma programadora, QA [quality assurance] ou escritora, e cerca de um ano depois eles entraram em contato comigo falando sobre uma vaga em aberto para a equipe de escritores.
Bons tempos, bons tempos...

A franquia The Gabriel Knight é, na verdade, propriedade da Activision. Como foi o processo de licenciamento da IP?
Não teria sido possível sem a ajuda de algumas pessoas-chave de dentro [da Activision] que queriam ver algo sendo feito com as franquias da Sierra. Tiver sorte de elas me ajudarem a conseguir um acordo pela licença. Não foi fácil!

O que você achou de trabalhar neste remake? Algum desafio em particular que gostaria de mencionar?
Foi desafiador tentar achar um equilíbrio entre aproveitar a oportunidade de fazer o remake para adicionar coisas legais e ao mesmo tempo não mudar muita coisa para que não desagradasse os fãs antigos. Então tentamos nos manter o mais fiéis possíveis à visão original [do game].

Você tem planos para fazer remakes de outros jogos da saga Gabriel Knight?
Não no momento. Não sou contra a ideia. Ficaria feliz por trabalhar em qualquer jogo de Gabriel Knight. Mas eu realmente gostaria de um GK4 [Gabriel Knight 4] depois, se conseguirmos permissão para isso.

Você gostaria de fazer remakes de outros clássicos em que trabalhou, como Police Quest e King’s Quest?
Estaria disposta a me envolver com um projeto desse tipo, sim. Eu amo todos os jogos antigos da Sierra.

Uma nova história de Gabriel Knight foi lançada recentemente — The Temptation, um romance curto. Este seria o primeiro passo pra um novo jogo com o Schattenjäger?
Coloquei algumas dicas na história de coisas que gostaria de abordar em GK4, se eu tiver a oportunidade de fazê-lo, sim.

O remake está programado para sair para iOS e Android. Você vê potencial nas plataformas mobile, em especial para os adventures point-and-click?
Sim, eu acho que um jogo como GK é perfeito para tablets. Eu realmente gosto de jogar em meu iPad, e a resolução é maravilhosa (especialmente no iPad3+), os jogos parecem ótimos. Também acho que a demografia de usuários de tablets é favorável para adventures.

Como você se sentiu com o anúncio de que a Sierra Entertainment está voltando à ativa? Você gostaria de trabalhar com eles de novo?
Estou bem animada. Encontrei-me com algumas pessoas por trás da marca, e acho que elas estão vindo de um bom lugar. Espero ser capaz de trabalhar com elas.

Vários adventures point-and-click ganharam atenção da crítica e público recentemente, como Kentucky Route Zero, Broken Age e Broken Sword 5: The Serpent’s Curse. O que você acha desse mini “renascimento” do gênero?
Estou feliz por ver jogos de aventuras gráficas se saindo tão bem no mercado e espero que isso seja um bom sinal para o futuro.

Por fim, alguma mensagem para seus fãs brasileiros?
Obrigado por seu apoio! Espero visitar o Brasil em breve!

Revisão: Jaime Ninice
Capa: Diego Migueis

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