La-Mulana (PC) - Parte 3: O dia em que eu virei um cheater

Acompanhe comigo a penúltima parte do Blast Log de La-Mulana e tente não perder a paciência também.

em 11/10/2014
Ah, La-Mulana, esse joguinho tinha tudo para ser bom. Tem uma história interessante, um visual bonitinho e um estilo de jogatina que lembra muito os clássicos games de plataforma e exploração, tais como Metroid, Castlevania, entre outros, que muitos jogadores, inclusive eu, adoram. Entretanto, o que estraga esse jogo não é apenas a sua dificuldade diabólica, mas também sua jogabilidade insuportável e seus quebra-cabeças confusos e tediosos que exigem extrema paciência e dedicação para serem solucionados. Vamos então continuar a jornada e ver se eu consigo superar os obstáculos que me aguardam.
Para não perder o fio da meada, dê uma espiada nos capítulos anteriores:
Parte 1: O jogo que quase me enlouqueceu
Parte 2: Eu nunca desisto

Um banho de água fria

De volta ao Water Temple, digo, para o Spring in the Sky, finalmente eu consigo atravessar pulando as cachoeiras que existem nesse cenário, desta forma, permitindo-me continuar a minha exploração por este maravilhoso parque aquático. Aqui existem muitos elevadores, todos muito lentos, tanto na subida quanto na descida. Além do mais, é preciso acertar o timing perfeito do pulo para não acabar perdendo a carona, sem contar com os peixes que sobem pelas quedas d’água e se arremetem contra você, te jogando para fora das plataformas levadiças. Durante minha perscrutação, acabo adentrando numa sala e surpresa! Mais um subchefe! Enfrento Nuckelavee, um tipo de lagosta ciclope mutante. Não foi difícil derrotá-lo, o problema ficou por conta dos raios lasers que ele disparava pelo olho, que por pouco não zeraram o meu HP. Tive que voltar até a vila e me curar na fonte termal antes de continuar prosseguindo na fase.
Na sala seguinte de onde eu derrotei a lagosta monocular, eu me deparo com um baú de tesouro no qual adquiro o Origin Seal. Em algumas áreas espalhadas pelas ruínas, existem murais em formato de disco com o desenho de uma runa La-mulanese gravada em seu centro. O Origin Seal que acabei de adquirir funciona como uma chave que, ao passar na frente de uma dessas gravuras, o disco se quebra e revela uma passagem secreta. Suspeito que o selo recém conquistado será imprescindível daqui para frente.

Em uma sala no topo do cenário, havia um baú de tesouro e dentro dele continha o Scalesphere. Ah, que delícia de item! O Scalesphere me permite nadar na água sem sofrer dano. É uma pena que a jogabilidade debaixo d’água continue sendo péssima. Eu consigo fazer um Moonwalk, o famoso passo do Michael Jackson, dentro d’água, mas não consigo nadar para frente… Todavia, continuar é preciso. Logo após eu adquirir o Scalesphere, adentro numa sala e com o auxílio do Origin Seal, que revela uma alavanca escondida atrás de uma parede, resolvo um puzzle simplório que aciona algumas engrenagens. Tive agora que voltar desde o início da fase para ativar todas as engrenagens e mecanismos que eu encontrava pela frente, praticamente eu tive que reexplorar todo o Spring in the Sky. Ao regressar na sala do puzzle da parede falsa, o Ankh se revela para mim sobre uma espécie de jangada. Mas havia um problema: eu não tinha nenhum Ankh Jewel.
Como dito anteriormente, para os chefes serem invocados, eu preciso ativar os Ankhs usando uma Ankh Jewel. Contudo, eu havia adquirido apenas duas dessas joias em minhas andanças e eu já havia gastado ambas ao invocar Amphisbaena e Ellmac. E agora? Bem, eu havia passado por alguns baús e não soube como abri-los, porque eu não fazia ideia alguma de qual puzzle era preciso solucionar para destrancá-los (como no caso daqueles cinco baús no Temple of Moonlight). Aí eu me dei conta de que eu havia empacado. É como uma questão de matemática que você não sabe a equação, onde a dificuldade e a frustração em querer resolver faz com que você fique com raiva, estressado e perca o interesse na matéria.
Não tive outra escolha. Entrei na internet e procurei por um walkthrough, o bom e velho denotado. Credo, a última vez que precisei de um guia foi quando eu jogava o Ocarina of Time original do Nintendo 64, anos atrás, e tentava encontrar todos os pedaços de coração. Continuando: em uma dessas wikis da vida, eu finalmente descubro o que é para fazer: em Spring in the Sky, existe uma sala com um tanque de água e dentro dele há um único peixe, que fica parado sem fazer nada. Ao acertá-lo várias vezes, o escamoso sai voando do tanque e abre um baú de tesouro, onde se encontra meu precioso Ankh Jewel. Eu não acredito! Eu passei quinhentas vezes na frente desse bicho e nem imaginava que era para matá-lo! Claro, ele estava debaixo d’água e antes de eu adquirir o Scalesphere eu me afogaria. Eu é que não ia me arriscar de encarar esse baiacu.

Trapaceando

Agora sim, volto para a sala do Ankh, ativo o objeto e o barquinho zarpa. Numa fase de água, nada menos do que um chefe aquático. Eis que aparece Bahamut, uma espécie de peixe morcego gigante, saltando na tela que nem o Free Willy. O esquema dessa batalha lembra aqueles games de corrida como Top Gear, eu devo controlar a jangada enquanto desço uma corredeira, me desviando dos ataques do chefe e tentando acertá-lo no momento que ele pôr seu cabeção feio para fora d’água. Ele possui três ataques básicos: no primeiro, ele salta da água descrevendo arcos; no segundo, ele aparece na minha frente e cospe “minas” no rio, das quais eu preciso desviar e, no terceiro padrão de ataque, ele pula da água e dispara uma rajada violenta pela boca. Quase me esqueci de mencionar: outro chefe que só sofre dano na cabeça. Depois de algum tempo lutando contra ele, eu consigo chegar a duas conclusões: ou eu sou muito ruim, ou é esse cara que é imbatível! Santa Lara Croft, eu simplesmente não conseguia acertar nenhum ataque nele! Ele era muito rápido e me causava muito dano no seu segundo ataque, quando cuspia as minas, das quais eu não conseguia desviar! Meu HP e minha paciência estavam se esgotando, depois de todo aquele trabalhão que tive para invocar essa criatura, acontece que eu não posso derrotá-la? Eu não podia aceitar uma coisa dessas…

Desde que seja pela justiça, qualquer truque sujo é aceitável – Kureo Mado.
Eu tomei uma medida que nunca antes havia feito. O jogo me obrigou. Foi culpa do jogo. Fazia tempo desde a última vez em que usei um cheat durante alguma partida, eu costumava usar truques quando jogava GTA: San Andreas, geralmente para fazer aparecer o jetpack ou o caça militar. Mas na ocasião de agora era diferente. Instalei um programa chamado Cheat Engine, que permitia acessar e modificar os dados do jogo para adicionar coisas como vidas infinitas, dinheiro infinito e etc. Após aprender um tutorial básico, tecnicamente o que eu fiz foi “congelar” o HP do personagem. Eu recebia os golpes, mas o dano não era descontado na barra de vida, me tornando praticamente invencível. Então estufei o peito e fui encarar o Bahamut mais uma vez.

Não morrer constantemente era apenas um dos problemas, pois o jogo continuava difícil à beça. Confesso que a luta contra Bahamut, até agora, tinha sido uma das mais chatinhas de todo o título, porém ficou mais fácil de vencê-lo no meu estado atual. Com a derrota do chefe, o barco bate numa pedra e vai caindo no rio. Eu acabo desaguando fora das ruínas, na superfície, no topo de um desfiladeiro. Enquanto estou caindo para o cenário debaixo, percebo de imediato que há outro selo no canto direito da tela e astutamente, usando meus habilidosos reflexos gamísticos, consigo alcançá-lo antes de passar direto por ele (na verdade, foi pura sorte mesmo). Ao quebrar o selo, um baú de tesouro se revela e dentro encontro outra chave-selo, o Birth Seal.

Hora de pegar uma sauna

Eu desativei o Cheat Engine depois disso. Não precisava mais dele, já derrotei o chefe. A pior parte já passou. Quem dera… Por que eu não o deixei ativado? Bem, voltando ao assunto, eu agora me sentia perdido. Eu estava na superfície e não fazia ideia de onde era para ir e o que eu deveria fazer. Então, novamente utilizei o detonado que eu adquiri na internet para saber por onde eu deveria seguir. De acordo com o guia, minha próxima parada seria a Inferno Cavern, via Temple of the Sun. A denominação condiz muito bem com o ambiente, pois esse era um dos cenários mais complicados de se superar. Em todo game de aventura, como La-Mulana, se tem uma fase na água, então é claro que deve ter uma fase de lava! Aqui era a mesma dinâmica de Spring in the Sky: se cair na lava, você não consegue mais sair dela devido à mobilidade desengonçada do Professor Lemeza. A diferença fica por conta de que as piscinas de lava causam dano ao personagem duas vezes mais rápido do que as de água. E havia também os inimigos que incendiavam o caminho por onde passavam, andavam soltando fagulhas que viraram fogueiras, praticamente não permitiam o meu avanço.
Seguindo pela esquerda, ao adentrar na terceira sala da Inferno Cavern, me deparo com um daqueles selos rúnicos, com o padrão do símbolo do Birth Seal. Ao pular nele e ativá-lo, uma pequena parte da parede à esquerda se quebra, revelando uma passagem secreta. Como há um paredão que separa a tela em duas, eu precisei voltar para a sala anterior e descer pelo outro lado. Só que do outro lado não havia plataformas, era apenas uma queda livre. De acordo com o guia que eu estava seguindo, o autor descreveu da seguinte maneira a forma de adentrar por aquela abertura: “utilize a Grapple Claw para acessar a passagem à esquerda”. Falar é fácil! O esquema aqui era se segurar nas paredes e descer saltando em ziguezague, como se fosse o Homem-Aranha, até alcançar a entrada. Se já não fosse complicadíssimo tentar realizar o wall jump consecutivamente, ainda por cima tinha as labaredas que saíam das paredes, me fritavam e me derrubavam para a sala inferior, obrigando-me a subir todo o caminho novamente. Ora, mas é só uma questão de concentração e timing. Uma ova! Essa parte me deu muita trabalheira e desgosto.

Depois de mais de oito mil tentativas, finalmente eu acerto aquela abertura! Vocês não imaginam a satisfação que eu tive ao conseguir acertar meu pulo e adentrar naquela sala, são e salvo. Ah, tudo para dar de cara com mais um subchefe… Pazuzu. Um demônio voador extremamente veloz, que só sofre dano na cara e que se esquiva de meus ataques com a maior facilidade. Além disso, a criatura arremessa pedras flamejantes que são praticamente inescapáveis. Esse subchefe era mais difícil do que um chefão de fase! E eu acabo morrendo, porque eu fui burro o suficiente para desativar o Cheat Engine depois de eu ter derrotado o Bahamut… Por que eu fui fazer uma besteira dessas? Por quê? E agora vem a melhor parte: ao recarregar o jogo, eu me encontro no último salve point, lá no Temple of the Sun, e isso significava que eu teria que refazer aquele desafio do ziguezague nas paredes de novo. Que divertido, não?
Para mim chega, não quero mais saber desse jogo maligno. Tão complicado que eu precisei de um detonado e tão difícil que eu precisei usar trapaças. Desisto. O que eu fiz? Bom, eu não joguei meu notebook pela janela, se é isso o que estão pensando. Simplesmente desinstalei o jogo da minha máquina. Fim. Sim, é isso aí pessoal, acabou, espero que tenham gostado desse Blast Log especial. Muita saúde e paz para vocês e até a próxima!

Ou será que não?

Calma, eu estava apenas brincando, ainda não acabou, tem mais (para o meu infortúnio). Depois de passar alguns meses sem jogar La-Mulana, num belo dia me deu na cabeça, não sei o porquê, de voltar a encarar esse jogo desprovido de diversão. Mas isso fica para a próxima semana, no derradeiro episódio desta jornada, onde descobriremos que fim levou a minha tormentosa desventura.

Revisão: Catarine Aurora 
Capa: Wellington Aciole

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