Indie Blast

Comunidades de criação de jogos: onde elas estão no Brasil?

Fora da indústria, brasileiros se organizam para tornar suas ideias realidade. Bem-vindo ao universo das comunidades de criação de jogos.

Indie é uma palavra bem comum nos últimos tempos. A indústria de jogos independentes, aliás, é que ganhou fama. Cada vez eles ganham mais destaque, alcançam prêmios antes dominados por grandes empresas do ramo e, claro, ainda trazem ideias inovadoras ou produtos finais belíssimos, em todos os sentidos. Como não lembrar de Cave Story, Bastion, LIMBO e de tantos outros games? É quase impossível.


Entretanto, temos o outro lado da moeda. Pessoas (em boa parte jovens) que simplesmente querem fazer um jogo. Não sabem direito como, mas tiveram uma ideia genial (provavelmente quando estavam fazendo suas necessidades fisiológicas, momento perfeito para ter grandes ideias) e precisam fazer aquele game se tornar realidade. Precisam de ensinamento técnico, de apoio moral e de pessoas que possam desenhar um “carinha pra fazer a missão” ou “o menu de batalha” do seu projeto. É ai que entram as comunidades de criação de jogos, grupos nos quais desenvolvedores e sonhadores se encontram para aceitar um verdadeiro desafio: terminar um jogo.

Antes, uma pequena crônica

sdds RPG Maker
Usarei o meu poder de redator para fazer uma fusão deste texto com outra coluna do GameBlast, a Crônica. Antes de começar a falar da situação atual destes fóruns, preciso explicar como eles funcionam e vou fazer isso com a minha experiência dentro deles.

Tudo começou em meados de 2008. Depois de jogar muito Habbo Hotel com um amigo meu, veio a ideia de fazer um jogo baseado no MMO. Mas como? Conheci um tal de RPG Maker (claro que eu não sabia, mas tinha acabado de encontrar uma das engines mais famosas da indústria indie). Ele me levou ao Mundo RPG Maker, um destes fóruns que comentei. Foi nele que aprendi boa parte do que sei de programação e game design, além de fazer vários amigos e tomar gosto pela redação.

Para muitos, uma comunidade deste tipo não é apenas uma troca de experiências técnicas sobre desenvolvimento de jogos, mas o passo inicial para amar o mundo dos videogames e se interessar, futuramente, em entrar para a indústria, trazendo ideias cada vez mais inovadoras.

Um fórum, várias pessoas

O desejo por produzir jogos é bem antigo, até mesmo antes das redes sociais fazerem sucesso. Logo, é óbvio que estas comunidades se formaram em ambientes bem mais antigos dentro do mundo da internet: os fóruns. Inclusive, aqui no Brasil, eles não só ficaram conhecidos, mas são muito bem utilizados ainda hoje em dia, principalmente dando apoio a engines mais tradicionais no meio amador, como o RPG Maker e o Game Maker.

De quebra, o já citado RPG Maker dispara na popularidade e na quantidade de conteúdo em português para todas as suas versões. As finadas JogosRPG e RPG Maker Brasil hoje dão espaço a novos portais, como o Mundo RPG Maker, o Condado Braveheart, o Centro RPG Maker, a Dungeon Makers e a Arena Livre, por exemplo. Além disso, a quantidade de blogs criados por usuários e ex-usuários com tutoriais e scripts podem ser representados por um valor "n", sendo n um número natural suficientemente grande para não ser escrito aqui.
Dá pra acreditar que este é um jogo feito em RPG Maker 2000
para um concurso de uma comunidade maker? 
Além disso, outras engines também são abordadas, mesmo por uma menor quantidade de pessoas. O Game Maker, por exemplo, tem como expoente principal no país o fórum Game Maker Brasil, com mais de 1000 tópicos na área de projetos completos. O Mugen, talvez a engine de jogos de luta mais conhecida da história, tem em terras tupiniquins a comunidade MugenBR, que há mais de 11 anos trata sobre o tema.

Os novos rumos da criação de jogos

Atualmente, o desenvolvimento de jogos tem tomado formas interessantes. Cada vez mais é possível aprender linguagens de programação de forma simples e rápida, novas engines aparecem para outras plataformas além do computador, levando os jogos indies à web e ao mobile com grande facilidade. Novas comunidades então surgiram para levar a estes “desenvolvedores sonhadores” informação e apoio para seus novos projetos.

Muitas comunidades de desenvolvimento geral começaram a abraçar com carinho os game designers, incentivando os usuários a trazerem conteúdo específico sobre a criação de jogos, como o iMasters, que criou uma seção especializada em seu fórum para isto. Ainda surgiram fóruns que tratam do desenvolvimento como um todo, dando enfoque a várias engines, como a GameDev Brasil e o IGMBrasil.

Até o aprendizado de lógica de programação já se tornou mais comum, principalmente com iniciativas como a "Hora do Código".
Claro que não se pode esquecer da vasta utilização das redes sociais para a disseminação de conteúdo. Grupos no Facebook, por exemplo, são encontrados aos montes com pessoas para fazer seus próprios jogos e ajudar outras pessoas a fazerem os seus. Basta uma busca na rede do tio Mark por "gamedev" para ver a quantidade de grupos em português sobre o assunto.

Aqui se ensina, aqui se aprende

A parte mais importante destas comunidades é uma só: ninguém é pago ou remunerado de alguma forma pelo conteúdo que disponbiliza. Tudo é formado pelo simples amor ao ato de criar jogos e trocar experiências com outras pessoas que gostam disso também. Se você é um desses, porque não aproveita, entra em alguma destas comunidades e entra neste ciclo de aprendizado? Vai que um dia você faz um To The Moon da vida, não é mesmo?

Revisão: Vitor Tibério
Capa: Felipe Araujo

sempre com projetos criativos, estranhos ou os dois ao mesmo tempo. desenvolvedor de software, game designer e escritor sobre as coisas que eu gosto.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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