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RPG Maker: o criador de jogos que fez clássicos e nostalgia

Toda sã criatura no mundo que já jogou videogames já pensou em criar suas próprias aventuras , o seu próprio jogo. Porém, muitas vezes, fa... (por Gabriel Toschi em 10/02/2013, via GameBlast)

Toda sã criatura no mundo que já jogou videogames já pensou em criar suas próprias aventuras, o seu próprio jogo. Porém, muitas vezes, fazer um jogo sempre parecia muito complicado. Game design, programação, design gráfico, sonoplastia e muitos outros desafios desabavam como verdadeiros final bosses em crianças e adolescentes. Porém, como “o bem sempre vence o mal”, logo apareceram diversas opções, digamos, mais simples. RPG Maker, com certeza, foi o nome de uma das mais famosas e que sobrevive até hoje.

Dos consoles ao Windows

Capa japonesa de RMDS
RPG Maker é uma série de engines para a criação de jogos (não, não serve apenas pra fazer RPG, por mais que este seja o mais fácil, obviamente) criada pela empresa japonesa ASCII (e, posteriormente, pela Enterbrain) e conhecida no outro lado do mundo como RPG Tsukuru. Ela começou muito antes do que se imagina, tendo sua primeira versão lançada em 1992, para o NEC PC-9801. Desde então, sua vida nos consoles passou pelo Famicom, pelo Sega Saturn, pelo Game Boy Color, pelo Game Boy Advance e, finalmente, pelos PlayStations, onde teve sua primeira versão ocidental para o PS2, em 2000. As versões mais atuais estão disponíveis para o Nintendo DS (RPG Maker DS e DS+). 

Porém, principalmente naquela época, compartilhar o jogo que você tinha criado com todo suor e esforço era muito difícil e as versões para computadores fizeram mais sucesso. O RPG Maker 95 foi o primeiro, lançado em 1997, que é raramente utilizado hoje. Depois dele, vieram as versões 2000 e 2003 (em 2000 e 2002, respectivamente), que são muito utilizadas até hoje, inclusive por brasileiros. Muitas mudanças vieram desde a primeira versão até as do terceiro milênio, nas quais, atualmente, é possível fazer um perfeito jogo old-school, remetendo aos clássicos do NES e SNES.

Imagem de abertura do RPG Tsukuru 2000
A real revolução veio com o RPG Maker XP, lançado em 2005, o primeiro lançado em todo o mundo para computadores, trazendo o RGSS (Ruby Game Scripting System), uma espécie de linguagem de programação própria da engine baseada em Ruby, que aumentou as possibilidades de criação para o infinito, em comparação com a chamada “programação por eventos”, disponível desde a primeira versão, que era bem limitada. Junto com as novas versões do sistema (RGSS2 e RGSS3), vieram também as novas versões RPG Maker VX (lançada em 2008) e VX Ace (lançada em 2012). 

Capa mundial do RMVXAce

O pulo do gato: o RTP

Por algum motivo, usuários do RPG Maker gostam de siglas. Chamam a engine de RM, os sistemas de batalhas em tempo real de ABS (Action Battle System), as interfaces gráficas de valores como HP, MP e experiência de HUD e conhecem muito um tal de RTP. Seu nome completo é Run Time Package e serve como base primária de, praticamente, qualquer jogo feito na plataforma.

Gráficos disponíveis no RTP do RPG Maker VX
O RTP, que é obrigatório para se iniciar o programa, contém recursos-base para todos os jogos, como personagens, faces (para aparecer ao lado das falas), inimigos, telas de batalha, interfaces, fontes, telas de início, tilesets (utilizados para fazer os mapas), músicas e efeitos. Além disso, ele ainda trás um banco de dados padrão configurado com itens, equipamentos, habilidades e inimigos e todos os arquivos do RGSS configurados. E, por mais que você tenha tudo isso, ainda é capaz de utilizar o Resource Manager, ferramenta disponível para inserir seus próprios recursos para seu jogo, dentro de certos padrões para o entendimento do programa.

Por mais que se queira fazer um jogo original com seus próprios recursos originais, o RTP serve como uma luva para quem quer apenas fazer um jogo amador. Tudo está lá, é só colocar as ideias pra funcionar. Ainda que isto não seja que isto não seja tão professional quanto se deseja e que muitos usuários fujam o quanto podem do RTP (experiência própria!), ele, provavelmente, foi o responsável por tornar o RPG Maker tão famoso e base de muitos jogos ótimos. Espera, você não conhece nenhum? Sério?

As pérolas do RPG Maker

O RPG Maker é berço de ótimos jogos, conhecidos por todos, e de grandes pérolas, que são conhecidas por quase ninguém, mas que valem a pena serem jogados. Os que abaixo estão são apenas 0,1% de tudo que o ser humano já conseguiu fazer nele:
  • To The Moon: sim, a história sobre um sonho de ir à Lua que mais se fala atualmente no cenário indie foi feito em RPG Maker XP! Esse jogo já ganhou prêmios, foi parar no Steam e até ganhou versão em português recentemente... Um ótimo jogo, com uma ótima trama;

  • Yume Nikki: um jogo japonês sobre uma garotinha que viaja pelos seus sonhos em busca de respostas é um dos mais famosos no quesito RM. Feito na versão 2003, vale muito a pena ser jogado, mesmo que esteja na língua nipônica;

  • Vila do Nevoeiro R.E.L.I.D.O: lembra quando você viu gráficos 3D renderizados em Donkey Kong Country, em plena era de ouro do SNES? A mesma coisa acontece com este jogo, que apresenta o mesmo estilo de gráfico para o RPG Maker XP, além de uma ótima trama de terror;

  • A Princesa da Torre: este vem pra mostrar que o RPG Maker não é só pra fazer RPGs e consegue ser bem versátil, como este jogo de tabuleiro com algumas batalhas com sequência de setas: curto, porém divertido e bonitinho;

  • Poseidon: Deus dos Mares: trazendo toda uma atmosfera baseada na mitologia greco-romana, este jogo é um grande RPG feito na plataforma, ótimo para arrancar bons momentos de jogatina;

  • Inside: um dos maiores desafios desta engine é fazer jogos em plataforma e este título consegue demonstrar que é possível, mesmo no RPG Maker 2000 (e com gráficos 8-bit!).

São apenas alguns dos jogos, muitos desses brasileiros. Aliás, Brasil e Portugal são um grande berço de jogos em RPG Maker e boa parte disso cabe às grandes comunidades sobre o programa em português que existem na internet, como a Mundo RPG Maker, a Reino RPG, a Central RPG Maker e o Santuário RPG Maker. Eles podem ser um bom lugar se você quiser começar no desenvolvimento de jogos! Eu comecei pelo RPG Maker e muita gente também... Do que você se lembra: qual é a sua nostalgia com o RM?


Revisão: Thyago Coimbra Cabral


sempre com projetos criativos, estranhos ou os dois ao mesmo tempo. desenvolvedor de software, game designer e escritor sobre as coisas que eu gosto.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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