Blast from the Past

Pickup Express (PC): o jogo de entrega de produtos que o SBT trouxe ao Brasil

Entregar produtos era o lema deste advergame trazido pela emissora de Silvio Santos, que, com certeza, valia mais do que dinheiro.

Infelizmente, atualmente são poucos jogos que recebem atenção em outras mídias de comunicação além da internet no Brasil. Os mais velhos devem lembrar dos comerciais antigos da TecToy com os consoles da SEGA ou os da Gradiente com os videogames da Nintendo, mas após essa época, só a rede mundial de computadores dá apoio e divulgação de forma intensiva aos jogos eletrônicos.



Em 2002, entretanto, Silvio Santos decidiu mudar esta história e o SBT, por meio da Gugu Games, trouxe aos brasileiros um dos jogos que iam ser mais conhecidos durante este ano por causa da sua divulgação extrema na televisão e em todo outro lugar que você andasse. No Blast from the Past de hoje, vamos relembrar Pickup Express e todo o tempo que perdemos tentando entregar aqueles malditos produtos que nunca vimos para comprar.

DOMINGOOOOO… Legal! Ou não

O GAME DO GUGU!
Pickup Express foi criado por uma desenvolvedora sueca e chegou ao Brasil pela AddGames em 2002, em parceria com a novata Gugu Games. Ele seria só mais um jogo de entrega de produtos se não fosse um pequeno detalhe: a Gugu Games era do SBT. Assim como você já está cansado de assistir o episódio em que Chaves vende seu suco de tamarindo que parece de limão e tem gosto de laranja, todos ficaram cansados de ver as propagandas deste jogo nos programas da emissora, em especial ao Domingo Legal, que falou mais dele do que do pintinho amarelinho.

E se você acha que parou por aí, está bem enganado: a divulgação do jogo continuou com muitas outras marcas, que tinham seus produtos também dentro do game. Não importava se você ia ao posto de gasolina ou ao restaurante comer um lanche, você provavelmente encontraria um lugar onde você poderia pagar R$ 4,90 e levar uma cópia de Pickup Express. Você ainda podia se cadastrar no site da Gugu Games (hoje fora do ar) para participar de um ranking nacional.

O sucesso foi tanto que ainda houve em solo brasileiro o Campeonato Nacional Delivery Express, em 2003, que levou o vencedor para a Suécia conhecer a desenvolvedora do game. A pressão foi tanta em cima do título que, até hoje, é lembrado por muitas pessoas neste imenso país como o “Game do Gugu”. Afinal, quem não perdeu horas e horas tentando entender para onde a maldita seta apontava, não é mesmo?
Ganhar sobremesa é coisa moderna, minha gente.

Propagandas por todo lado

Se você acha que tínhamos apenas propagandas para o jogo, tenho uma revelação: o próprio game era uma propaganda, como todo advergame. A ideia de Pickup Express era, justamente, nos expôr a várias e várias marcas que patrocinaram a localização dele no Brasil. E quando eu falo em “várias e várias”, estou falando que ele tinha mais merchandising que novela das 8 da Globo.

Para começar, todos os carros disponíveis para se usar eram da Toyota e qualquer posto de gasolina em que você abastecia era da Shell. Dentre os produtos a serem entregues nas casas, temos o Jornal Agora (tradicional publicação de São Paulo), produtos automotivos da Shell, lanches do Bob’s, produtos de limpeza Ariel, eletrônicos da JVC, vidros de ketchup Heinz… Temos até produtos de empresas que nem existem mais, como cartões de crédito do Banco Panamericano (hoje Banco Pan) e pacotes da Varig Log.

E como se isso não bastasse, todas as cidades dos mapas eram cheias de restaurantes Bob’s, pontos da Varig Log e lojas de outros patrocinadores, assim como outdoors da Philips, JVC, SBT, Shell e até do Parque Beto Carrero. Bem mais eficiente que qualquer outro tipo de propaganda: afinal, joguei isso em 2003 e lembro de todas as marcas até hoje!

Antes de tudo, um jogo

Sempre vá ao Posto Shell!
Mesmo com esta jogada imensa de marketing, Pickup Express ainda era um bom jogo (pelo menos para os padrões da época) e que divertia por algum tempo. O visual do jogo não era aquelas coisas, trazendo algumas texturas bem inferiores, e a trilha sonora era bem irrelevante, tendo destaque apenas os efeitos sonoros dos arranques dos carros: talvez o único barulho que você poderia ouvir.

Entretanto, a mecânica simples do modo principal, chamado Delivery Express, era um dos motivos pelos quais perdemos horas e horas no título. A ideia era sair com seu carro, procurar as mercadorias pelo mapa e entregar (ou passar por setas amarelas flutuantes, que, no caso, significavam a mesma coisa). Quanto mais entregas, mais dinheiro você conseguia e, quem acumulasse mais capital ao fim da partida, ganhava. O seu tanque de combustível ainda terminava com o tempo e você sempre precisava gastar um pouco da sua grana enchendo o tanque em postos Shell.


Outros dois modos extras também estavam disponíveis e faziam passar o tempo: Thunder Race, cuja  ideia era quase uma “batata quente com carros” - um dos competidores ganhava o trovão e precisava bater nos outros carros para passá-los adiante antes que explodisse” - e Fórmula Express, a mecânica se tornava em um jogo de corrida comum em versões modificadas dos mapas originais.
Qual foi sua melhor lembrança com Pickup Express? Quantos produtos já conseguiu entregar? Quantas vezes teve que ouvir o Gugu falando disso? Deixe seu comentário!
Revisão: Leonardo Nazareth
Capa: Sybellyus Paiva

sempre com projetos criativos, estranhos ou os dois ao mesmo tempo. desenvolvedor de software, game designer e escritor sobre as coisas que eu gosto.
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