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Análise: O ouriço azul faz o seu retorno em Sonic the Hedgehog 4: Episode 1 (iOS), mas será que ele veio à toda velocidade?

É inegável dizer que Sonic é um dos maiores ícones da indústria gamer, mesmo com o fatídico destino da Sega no mundo dos consoles. Com fas... (por Fellipe Camarossi em 17/08/2013, via GameBlast)

É inegável dizer que Sonic é um dos maiores ícones da indústria gamer, mesmo com o fatídico destino da Sega no mundo dos consoles. Com fases muito bem desenhadas e modeladas, além de uma jogabilidade que envolve cruzar quilômetros de tela em questão de minutos, seus três primeiros jogos da linha principal, para Sega Genesis (ou Mega Drive em terras nacionais), marcaram a história dos jogos e foram um símbolo de como podiam haver jogos bons, no estilo plataforma, sem um encanador de macacão.


Com isto dito, é de se esperar que o mascote da Sega receba apenas o melhor em sua quarta entrada na série principal, não é? É isso que vim conferir ao me aventurar novamente pelos territórios do ouriço azul em Sonic the Hedgehog 4: Episode I (iOS), um jogo de fama controverso, que ou é amado ou é odiado. Mas quais os motivos para isso? Bem, continuem lendo e tentarei dar uma luz para esta situação e descobrir se realmente este jogo faz jus à fama de Sonic.

“E que se façam os robôs!”

"Vamos conferir se
minha nota foi boa..."
A trama do título é apenas mais do padrão Sonic na série principal; Dr. Eggman está transformando os animais da ilha que serve de morada ao ouriço em robôs. É claro que o ser supersônico não poderia deixar o caos se instaurar (mais uma vez) em suas terras e, por isso, sai em uma nova aventura para resgatar seus amigos agora robotizados e trazer novamente a paz. É genérico, mas não é pela história que a série se tornou famosa.

Com a trama apresentada, o objetivo do jogo é atravessar quatro territórios de três atos e um chefe para conseguir chegar à base de Dr. Eggman. Se você é um fã de Sonic, já deve ter visto o primeiro problema aí; quatro territórios. Com um pouco de matemática de primário, é possível deduzir que o jogo possui somente dezessete fases (quatro por território e o chefe final, desconsiderando as fases bônus), enquanto os outros jogos da série principal possuem bem mais. Claro, é possível se esconder na desculpa de que este é apenas o “Episode I”, mas não sei vocês, eu prefiro receber o meu jogo completo ao comprá-lo.

Favor não reparar nas minhas poucas esmeraldas.
Felizmente, algo recorrente da série do ouriço azul está presente com maestria aqui: um excelente desenho das fases. É possível chegar ao final por diversos caminhos diferentes. Dificilmente você irá passar exatamente pelo mesmo caminho a cada partida – a não ser que seja extremamente metódico. Todas as fases são muito bem projetadas e nostálgicas, visto que são todas inspiradas em cenários já vistos em outros títulos numerados da série principal. Green Hill Zone? Essencial. O cassino com pinball? Como poderia faltar? A Sega foi exímia em atingir os fãs justamente onde machuca mais, que é na nostalgia.

Mas é claro, nem toda nostalgia do mundo pode te salvar de certos problemas.

A maldição da touchscreen

Antes de iniciar oficialmente este tópico, gostaria de esclarecer que a jogabilidade de Sonic the Hedgehog 4: Episode I é genial. Muito fiel aos seus predecessores, em sua grande maioria, mas com a adição de certas mecânicas dos jogos em 3D, como o Homing Attack e seu uso para atravessar determinados espaços. Além disso, o jogo usufrui de forma inteligente do giroscópio do iDevice nas fases cavernosas onde Sonic controla um carrinho de mina por trilhos, dependendo da direção em que você vira o aparelho. Em suma, a ideia toda é brilhante, o problema está na aplicação.

O que é o Homing Attack?
Utilizado pela primeira vez em Sonic Adventure (Dreamcast) em 1998, o Homing Attack é uma técnica recorrente utilizada por Sonic e outros personagens da franquia. O golpe envolve saltar, entrar em modo de esfera e esperar que uma mira surja em seu alvo, podendo este ser um inimigo ou um objeto. Quando o cursor aparece, pressiona-se o botão de salto novamente e Sonic se propele contra o alvo, atingindo-o ainda em forma de esfera. É possível fazer um combo com esse movimento, acertando repetidamente vários adversários ao pressionar o botão de pulo no momento certo, após acertar o alvo anterior. 

Como todos sabem, é difícil simular um controle em uma tela touchscreen como a do iPhone ou do iPad, especialmente no primeiro pois seus dedos acabam cortando o pouco raio de visão que se já tem. Além disso, a precisão dos controles é instável, sendo poucos os jogos que realmente conseguem ser precisos o tempo todo. Infelizmente, este não é um deles.

Embora tenham uma boa resposta quando Sonic está em alta velocidade (reparem que eu não disse velocidade máxima, falaremos disso em breve), o controle é complicado quando se está mais lento – e, acredite, por incrível que pareça, esses momentos são constantes. Este título possui muitas áreas que devem ser passadas com paciência em vez de velocidade, e é nesse tipo de área que os controles deixam a desejar. Chega a ser engraçado pensar que é mais fácil controlar o personagem quando está correndo freneticamente do que quando está lento e calmo.

Reparem que ele não forma uma esfera perfeita, dando a impressão de lentidão.
Considerem também que este parece ser o primeiro jogo do ouriço azul no qual dá a impressão de que ele está se segurando para não ir a toda velocidade. Talvez pelo design dos níveis, talvez pela jogabilidade, mas fica aparente que ele não está usando de toda sua capacidade para correr, deixando a sensação de que ele poderia ir ainda mais rápido. É no mínimo hilário pensar que o Sonic clássico, do Mega Drive, corria ainda mais rápido que o atual se considerar o console ao qual foi projetado.

Onde o brilho supera a maldição

Mas novamente a Sega conseguiu dar uma dentro nas fases especiais, inspiradas totalmente nas do primeiro jogo da franquia. Para alcançá-las, é preciso reunir cinquenta ou mais anéis no decorrer da fase e carregá-los até o fim (o que é um desafio por si só, visto as armadilhas inesperadas que surgem a qualquer instante). Nelas você deve passar por uma arena psicodélica até alcançar as Esmeraldas do Caos (“Chaos Emeralds” no original), uma missão secundária recorrente da série. A parte interessante? Todo o controle é pelo giroscópio!

O caos é generalizado.
Quando se pode ir para todas as direções, o controle pelo sensor de movimento parece ser no mínimo essencial, e foi aqui que a Sega acertou em cheio. As fases que já eram difíceis no clássico se tornaram ainda mais desafiadoras e empolgantes com a nova jogabilidade. Talvez um dos pontos altos do jogo seja justamente lutar constantemente para conseguir os cinquenta anéis, só para ir atrás das Esmeraldas do Caos.

Combine isso tudo com um visual arrasador e temos aqui o verdadeiro charme do jogo. Sonic the Hedgehog 4: Episode I possui gráficos lindos e cenários estonteantes, sempre bem detalhados e em HD. Claro, difícil apreciar o visual quando seus dedos estão ocupando metade da tela, mas possuidores de um iPad podem aproveitar ao máximo as belezas que o jogo tem a oferecer.

Veloz, mas não supersônico

"...Podia ser melhor.
Subindo!"
Sonic the Hedgehog 4: Episode I se mostrou uma excelente ideia com uma aplicação não tão boa, mas que ainda assim consegue fazer jus a sua linhagem. Seu apelo à nostalgia misturado com inovação na jogabilidade consegue ofuscar os problemas causados pelos controles travados da touchscreen. Com uma beleza estética quase artística e tudo de melhor que Sonic tem a oferecer, é um jogo que qualquer fã da franquia deve ao menos experimentar. Quem sabe, ele não fica melhor no Episode II?



Prós

  • Mecânicas dos jogos 3D aplicados em um jogo plataforma;
  • Jogabilidade divertida com o giroscópio;
  • Nostálgico em muitas de suas fases;
  • Dificuldade digna da série;
  • Visual estonteante.

Contras

  • Controles ligeiramente travados em alguns momentos;
  • Número muito limitado de fases;
  • “Não é um jogo completo”, fazendo sentir a necessidade de jogar Episode II (e pagar novamente).
Sonic the Hedgehog 4: Episode I – iOS – Nota: 8,0

Revisão: Jaime Ninice
Capa: Daniel Machado

Escreve para o GameBlast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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