Chronicle

Fábrica de fantasias: a história da Square (1983-1996)

A Square - Square Enix desde 2003 - completará 30 anos de vida no próximo mês de setembro. Não são muitas as empresas do ramo que consegue... (por Pedro Vicente em 01/05/2013, via GameBlast)

A Square - Square Enix desde 2003 - completará 30 anos de vida no próximo mês de setembro. Não são muitas as empresas do ramo que conseguem atingir tal idade, e muito menos tendo emplacado a quantidade de sucessos que a empresa japonesa conseguiu emplacar. Os rumos da indústria dos videogames em geral e do gênero dos RPGs em particular se confundem com a história da Square. A viagem da companhia, no entanto, não se deu em mar calmo: alguns fracassos, problemas financeiros e até mesmo bruscas mudanças marcaram a vida da Square. O melhor jeito de começar a contar a história da empresa é exatamente pelo começo, e a melhor estrada é a dos games publicados por ela.

O prelúdio dos sonhos

Em setembro de 1983, na cidade de Yokohoma (Japão), Miyamoto começou a escrever a história da Square. Mas antes que alguém se assuste, o nome completo do fundador é Masashi Miyamoto. Operando inicialmente como uma união de sete diferentes desenvolvedoras japonesas e tendo seu enfoque no desenvolvimento de jogos para computadores pessoais, a Square só teve um jogo publicado no ocidente em 1986: King´s Knight, game para NES que já contava com Nobuo Uematsu na parte musical.

Thexder, o primeiro jogo da Square para um console
No entanto o primeiro jogo para o sistema da Nintendo (Famicon) foi Thexder, publicado no ano de 1985 (apenas no Oriente). Daquele momento em diante a Square começara a trilhar o caminho de sua primeira grande parceria.

Logo no início, a última chance

Final Fantasy
No ano de 1987 a empresa passava por um mau momento e tinha grande necessidade de lançar um game de sucesso. Nesse contexto Hironobu Sakaguchi, um dos desenvolvedores da Square, deu a ideia de criar um game inspirado no enorme sucesso Dragon Quest (que já havia vendido na época 2 milhões de cópias no Japão, um valor alto para os padrões de hoje e fenomenal para tal momento). A companhia decidiu investir na ideia de Sakaguchi, correndo risco de fechar as portas caso o jogo fosse um fracasso, daí o nome Final Fantasy (Fantasia Final). Para nossa alegria, o jogo foi um sucesso, inclusive chegando ao Ocidente.

A companhia continuou produzindo um bom número de jogos lançados apenas no Japão (incluídos aí Final Fantasy II e Final Fantasy III) durante a geração dos 8 bits. Investiu também em alguns jogos para o portátil da Nintendo, o Game Boy. No final dos anos 1990 aproximava-se um dos grandes momentos da história da Square, a chegado do Super Nintendo (SNES).

Hironobu Sakaguchi, o pai de Final Fantasy

5 anos de amor com o SNES, 5 anos de jogos maravilhosos

No Super Nintendo a Square conseguiu desenvolver grande parte de sua potencialidade, delimitando um padrão alto de qualidade para seus jogos, ao mesmo tempo em que aumentava o número de games distribuídos no Ocidente. Dos anos de 1991 até 1996 as duas companhias firmaram uma das parcerias mais frutíferas da história dos games, sedimentando um gênero de jogos (o RPG) e desenvolvendo as capacidades de narrativa dos videogames (principalmente no que diz respeito aos jogos de consoles).

Final Fantasy IV
O primeiro jogo da empresa para o SNES chegou em 1991: nada menos do que Final Fantasy IV - um excelente jogo, além de uma belíssima estória. O quarto título da série marcou o retorno da franquia ao ocidente, sendo lançado como Final Fantasy II nos Estados Unidos. Há mais de vinte anos atrás a empresa conseguira lançar um jogo com uma história digna de qualquer romance de ficção fantasiosa, e essa capacidade de criar mundos, personagens e eventos épicos virou marca registrada da Square.

No ano de 1992 foram lançados dois jogos distintos: o primeiro, Final Fantasy Mystic Quest, um spin-off da série voltado a "jogadores iniciantes" e lançado no ocidente. O segundo, Final Fantasy V, um denso jogo que não viu, naquele momento, os portos americanos e europeus. Romancing SaGa, outra série que detém um bom número de fãs aqui no Brasil, estreou em 92, mas apenas no Japão.

Em 1993 Secret of Mana, primeiro jogo de outra série querida pelos fãs do gênero, foi publicado nos dois mercados (Ocidental e Japonês). Secret of Mana representou uma incursão sólida e muito bem executada no subgênero que costumamos chamar de RPGs de ação. A série voltaria ao SNES em 1995 de uma maneira curiosa, enquanto Seiken Densetsu 3, um jogo de fantasia medieval (e absolutamente excelente), foi publicado no Japão, Secret of Evermore chegava aos consoles ocidentais, desenvolvido por desginers americanos o jogo trazia elementos futuristas e tecnológicos.

Seiken Densetsu 3 é um jogaço!
Enquanto Romário guiava a seleção brasileira ao quarto título mundial, em 1994, a Square voltava a publicar um título da franquia Final Fantasy no ocidente. Final Fantasy VI (Final Fantasy III nos EUA) contava com absurdos gráficos para os padrões da época e do gênero, além de um sistema bem elaborado de jogabilidade e, sobretudo, uma soberba narrativa, diferente de tudo que existira até então. O jogo vendeu muito bem, e figura na lista de melhores RPGs de muitos jornalistas e jogadores. Outra informação interessante sobre tal ano é que a Square publicou no ocidente o primeiro jogo da série Breath of Fire, desenvolvido pela Capcom.

Abaixo, um momento que capta toda a grandeza e inventividade da produção de um jogo e de uma estória em meados dos anos 1990.


1995 foi outro ano mágico para a empresa. Romancing SaGa 3 e Front Mission foram dois lançamentos orientais daquele ano. Porém outro jogo foi o destaque do ano, lançado tanto no Japão quanto no ocidente: Chrono Trigger. Unindo vários gênios da companhia (Hironobu Sakaguchi, Nobuo Uematsu, Yasunori Mitsuda, Takashi Tokita ,etc.) aos traços carismáticos e consagradas de Akira Toriyama (criador da série Dragon Ball) o game foi, e é, aclamadíssimo por crítica e publico. E não é para menos, trata-se de um RPG sensacional, difícil de ser descrito em sua plenitude através de palavras.

Chrono Trigger é um jogo obrigatório. Simplesmente sensacional.
O ano seguinte, 1996, marca o ápice e o fim da união entre Nintendo e Square. Ponto alto da parceria quando consideramos que foi o ano de lançamento de Super Mario RPG: Legend of the Seven Stars, game em que a Nintendo e Shigeru Miyamoto confiaram à Square a produção de um RPG do grande personagem da empresa. O Jogo não deixou a desejar: engraçado, profundo, com uma jogabilidade boa e gráficos de cair o queixo.

Nintendo/Square, vocês estão fazendo isso certo!
Mas o ano marca, também, o fim da parceria, no qual são lançados os últimos jogos para um console da Nintendo (pelo menos até 2002). Entre os derradeiros jogos estão Bahamut Lagoon e Treasure  Hunter G, bons RPGs nunca publicados oficialmente no Ocidente. Chega o momento de uma separação dolorosa, mas podemos dizer que a Square também foi feliz no seu segundo casamento.

Não deixe de conferir semana que vem aqui no GameBlast a segunda parte da história da Square, da sua parceria com a Sony até a fusão com a Enix (1997-2003)

Revisão: Samuel Coelho
Capa: Diego Migueis

Escreve para o GameBlast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Escrevemos sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0 - você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.


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