Análise DLC

A outra história americana vivida por Connor em “A tirania do Rei Washington” de Assassin’s Creed III

O lançamento e promoção do quinto título da saga dos assassinos foi muito movimentado. O jogo possuía gráficos espetaculares, um mundo amp... (por Unknown em 26/05/2013, via GameBlast)

O lançamento e promoção do quinto título da saga dos assassinos foi muito movimentado. O jogo possuía gráficos espetaculares, um mundo amplo onde a imersão do jogador era garantida e uma jogabilidade refinada. Mesmo assim, o título decepcionou novatos da série e fãs, que esperavam uma trama complexa e envolvente e foram apresentados a um enredo que ficava dando voltas em si mesmo e fechava com um final súbito, estranho e inesperado. Eis que surge o DLC de Assassin’s Creed III: “A Tirania do Rei Washington”, mostrando o presidente americano revolucionário em uma posição que poucos imaginariam que seria possível, que Connor ainda tinha muitas missões para cumprir e sangue seria derramado mais uma vez no solo americano.
CUIDADO: O texto a seguir pode conter spoilers para quem não jogou Assassin’s Creed III ou o DLC “A Tirania do Rei Washington”. Leia por sua conta e risco!

Nada do que foi será

Antes do lançamento do conteúdo em fevereiro desse ano (dividido em três episódios: “Infamy”, “Betrayal” e “Redemption”), sabia-se que ele traria uma “realidade alternativa”, onde o grande general da Revolução de Independência Americana, George Washington, tomava posse de uma Apple of Eden e, enlouquecido pelo poder do artefato, tornava-se um rei déspota no recém-nascido Estados Unidos da América. A história parecia bastante interessante e conseguia preencher uma lacuna bem grande na trama central de Assassin’s Creed III. Certamente os fãs da série estranharam que a Apple não aparecesse no jogo, pois como visto nos glyphs do Subject 16, em Assassin’s Creed II, sabia-se que Washington, em algum momento após a revolução de independência, entrou em contato com o artefato. O problema é que, ao começar a jornada do DLC, nem o jogador, muito menos Connor, sabem como essa realidade alternativa tão bizarra aconteceu de fato.

A história de "pernas para o ar"

No primeiro capítulo. Nessa nova realidade, a mãe de Connor (ou melhor, Ratonhnhaké:ton, pois nessa realidade ele nunca assumiu o nome do filho morto de seu mentor, mas para fins de leitura, vamos continuar a chamá-lo de Connor aqui) ainda está viva, o jovem nunca se tornou um assassino e uma das pessoas que ele mais admirava, o general George Washington, agora é um rei louco que comanda os Estados Unidos com mão de ferro. É uma realidade chocante e Connor precisa lidar com grande problemas quando Washington decide atacar sua aldeia em vingança por sua mãe ter invadido seu palácio e tentado roubar o cetro que lhe dá poderes (e onde ele carrega a Apple). Em uma batalha sangrenta, Connor perde sua mãe mais uma vez para os poderes arrasadores de Washington e quase morre. Ele acorda cinco meses depois, tendo sido salvo pela curandeira de sua tribo e descobre que se quiser derrotar Washington e enfrentar os desafios que existem pelo caminho, ele precisa despertar seu “espírito animal”.

Connor e seus novos amiguinhos

Para isso, a curandeira o envia até o Salgueiro Vermelho, uma grande árvore sagrada para sua tribo. Bebendo um chá de suas folhas, os sentidos de Connor se alteram e ele adentra uma realidade obscura (muito parecida com a simulação do Animus) e desperta um dos espíritos animais do interior de sua alma: o lobo. Ele ganha o poder “Wolf Cloak”, que lhe permite ficar invisível aos seus inimigos por um período curto de tempo. A habilidade se mostra muito útil quando precisa enfrentar as tropas de Benedict Arnold, um dos comandantes de Washington que atacou a curandeira e os sobreviventes de sua tribo, durante sua ausência. Com os companheiros mortos, Connor invade o acampamento do inimigo e mata Arnold. Em seus últimos momentos, o comandante se livra do domínio mental de Washington e pede perdão a Connor, dizendo-lhe que para derrotar o rei louco ele precisará da ajuda de Benjamin Frankilin, que está sob as ordens do inimigo em Boston. O problema é que antes que possa partir, Connor é nocauteado por outro capanga de Washington, Israel Putnim, que lhe leva à prisão.

As coisas se tornam um pouco complicadas...

No segundo capítulo, “Betrayal”, Connor acorda em uma cela e descobre que seu companheiro de cadeia é seu melhor amigo de infância, Kanen’tó:kon. Juntos, eles conseguem fugir da prisão e, bebendo o chá mágico mais uma vez, Connor desperta mais um de seus espíritos interiores, a águia, e ganha a habilidade “Eagle Flight”, que lhe permite alcançar grandes distâncias “voando”, como se fosse uma ave. Livrando-se de alguns casacas-azuis pelo caminho, a dupla alcança Frankilin, que é capturado por Connor. Confuso, Frankilin não tem tempo de questionar as palavras de Connor, pois o indígena é subitamente atacado por Washington. O índio tenta utilizar suas novas habilidades e até consegue dar alguns golpes em seu inimigo, mas era atormentado por fantasmas do próprio Washington e de sua mãe. Atordoado, ele acorda em um beco, sem Washington ou Frankilin por perto. Seu amigo, Kanen’tò: kon, diz que se quiser continuar sua caçada pelo rei louco ele deve procurar o líder dos rebeldes de Boston, um velho conhecido seu da outra realidade, Samuel Adams.

Já no final dessa história louca, no último capítulo, “Redemption”, com a ajuda de Samuel Adams, Connor consegue capturar Frankilin e livrá-lo do controle de Washington. O inventor americano se une aos rebeldes e diz que somente ele pode fabricar uma chave especial que permitirá acesso ao salão do trono do palácio fortemente guardado de Washington. Connor obtém as peças necessárias para a fabricação da chave, mas enquanto isso, Israel Putnam embosca seus aliados e mata Samuel Adams. Decididos, o indígena, seu melhor amigo e Frankilin decidem reunir uma tripulação corajosa e partir para Nova York e invadir o palácio do rei louco. Connor reencontra seus velhos amigos marujos e seu navio, o Aquila e, com muita dificuldade, finalmente se livra de Putnam e foge para Nova York.

"Deus salve o rei louco!"

Driblando mares perigosos cheios de minas, Connor e seus companheiros chegam ao destino. Porém, o indígena se separa dos outros devido a combate feroz entre embarcações perto da costa novaiorquina e, enquanto ele rasteja pela praia, Kanem’tó:kon e Frankilin encontram Washington e o indígena quase mata o rei louco, mas é morto por um soldado. Com o rei mais louco do que nunca, fazendo discursos inflamados e totalitários enquanto centenas de trabalhadores sofrem e morrem para terminar o seu enorme palácio em forma de pirâmide, Connor descobre o destino cruel de seu melhor amigo. Sem outras opções, o indígena toma o chá mágico mais um vez e volta a experenciar uma jornada fantástica que acorda o último de seus espíritos animais, o urso. Com o Mighty Bear, Connor é capaz de provocar um ataque devastador que joga seus inimigos para longe. O jovem incita a revolta da população desestabilizando as tropas de Washington e toma de assalto o palácio. Seguindo os passos de sua mãe, ele luta contra vários guardas antes de chegar à sala do trono, utilizar a chave de Frankilin e, no topo do palácio ele finalmente encara Washington em um confronto final. Utilizando todos os seus poderes, ele tem uma batalha difícil, mas consegue vencer o rei louco. Em seus momentos finais, Washington recobra um pouco de sua sanidade e diz a Connor que foi tudo culpa da Apple e de seu poder. O indígena vê o artefato e, da mesma forma que seu antigo companheiro de revolução, fica tentado a segurá-lo. Ouvindo as vozes de seus amigos e de sua mãe perturbando sua mente, ao agarrar a Apple, Connor subitamente acorda em frente a uma fogueira do lado de Washington.

Uma simples "maçã" é capaz de corromper o coração dos homens mais nobres

Ambos parecem muito confusos e parece que eles retornaram a sua própria realidade. Teria sido tudo aquilo um sonho, uma ilusão ou, no final, real? A Apple está entre os dois e, quando parece que Washington vai se apossar do artefato novamente, ele hesita e implora a Connor que se livre daquele item amaldiçoado, pois nenhum homem deve conhecer tanto poder. Ele parte para longe, deixando Connor sozinho. No dia seguinte, o assassino está em alto mar no Aquila segurando um pequeno saco. Ele hesita muito, mas enfim lança a Apple no mar, onde ninguém jamais a encontrará, ou, pelo menos é isso que ele espera.

Um mundo diferente e habilidades novas

O DLC de Assassin’s Creed III trouxe muitas inovações tanto na jogabilidade quanto na história da série. Com uma trama rápida e ágil, os três episódios do conteúdo exclusivo produziram um enredo envolvente que permitiu que a história de Connor fosse mais explorada. Foi uma ótima oportunidade para os jogadores conhecerem esse bravo assassino guerreiro, já que na trama principal do jogo acaba se passando mais tempo jogando-se na pele de seu pai, Haytham, do que na do próprio protagonista.

Ninguém segura esse guerreiro!

Ao longo do DLC, Connor desperta seus três espíritos animais: o lobo, a águia e o urso e, com eles, adquire novas habilidades que o auxiliam a enfrentar seus inimigos e a confrontar o rei louco Washington. Apesar de fantásticos, utilizar esses poderes tem um custo grande, pois se Connor usá-los por um tempo prolongado ou de modo contínuo, sua energia vital é reduzida. Para não ficar sem forças e fraco demais, é bom que nosso assassino indígena tome um arzinho antes de continuar suas “batalhas espirituais”:


  • Wolf Cloak: com esse poder, Connor ganha a habilidade de se camuflar como um lobo, ficando invisível aos seus inimigos. Algo muito útil nessa aventura, pois, como Connor nunca virou assassino nessa realidade alternativa, ele não é capaz de diminuir sua notoriedade ou se esconder entre multidões de pessoas para despistar os guardas. Além disso, ele ainda é capaz de chamar uma alcateia para lutar ao seu lado e derrubar até aqueles casacas-azuis mais furiosos.



  • Eagle Flight: tudo bem que pular e escalar são marcas registradas dos Assassinos, mas isso às vezes pode cansar, não é? Por esse motivo, com esse novo poder, Connor pode atravessar longas distâncias “voando” como uma águia. Essa habilidade é de extrema importância para alcançar alvos que estão em fuga ou para desviar de golpes ou simplesmente fugir de uma emboscada.



  • Bear Might: muitos inimigos ao seu redor? a sua machadinha não dá conta do recado? então use esse poder que tem a força do urso! Com ele, Connor pisa com força no solo e desencadeia uma onda de energia que joga qualquer adversário por perto pelos ares. A habilidade também torna o assassino capaz de arrebentar portas ou portões e até mesmo estruturas mais frágeis.


Ao terminar a jornada de Connor por essa realidade bizarra, o jogador pode se perguntar, no final, qual era o sentido de tudo isso? Será que a Apple criou uma ilusão para nossos protagonistas ou apenas mostrou como o mundo seria se ambos sacrificassem tudo em prol do poder? Washington renegou todos os seus valores e princípios de liberdade e justiça ao se apossar da Apple, tornando-se um tirano corrupto e sanguinário. Connor, por outro lado, mesmo que lutando pela causa certa, ignora os conselhos de sua mãe e seus companheiros e toma o chá mágico do Salgueiro Vermelho, confundindo sua mente, seus sentidos e arriscando sua própria vida para satisfazer o seu desejo de vingança contra Washington. No fim, a frase que aparece logo no começo do DLC ecoa por toda a aventura, do começo ao final, mostrando-nos que, independente de quem seja, o poder sempre corrompe.

Uma cruel verdade...

Revisâo: Vitor Tibério
Capa: Stefano Genachi



Escreve para o GameBlast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
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