Análise: DmC: Devil May Cry (PC)

em 03/02/2013

Poucos jogos receberam tantas críticas negativas desde o aparecimento do primeiro trailer. Após muitas fases, mudanças, expectativas e e... (por Fellipe Camarossi em 03/02/2013, via GameBlast)

Poucos jogos receberam tantas críticas negativas desde o aparecimento do primeiro trailer. Após muitas fases, mudanças, expectativas e especulações, cá estamos com a forma final de DmC: Devil May Cry, o recomeço da série nas mãos da produtora Ninja Theory. Esteticamente falando, temos o mais diferente de todos os jogos da série até hoje. Mas será que só isso mudou? O jogo continua envolvente como os outros ou fez merecer as críticas? Continuem lendo para descobrir!

Terra de ninguém 

Uma corrida não somente contra
o tempo, mas contra o espaço.
Com o recomeço da série, é normal que tenhamos uma nova história se iniciando. A base ainda é a mesma da antiga, e o jogo apresenta certa ambiguidade; da mesma maneira que é um novo começo, ele aparenta ser um prólogo das aventuras que já conhecemos. Temos um mundo contemporâneo comum, simples, como o nosso... se não fosse tudo uma encenação. Escondidas em grandes figuras da sociedade, demônios guiam o rumo da humanidade para os seus próprios interesses. Os grandes figurões mantêm as pessoas na palma de suas mãos e controlam os pensamentos das grandes massas com jogadas de marketing, campanhas públicas e controle da mídia. Num mundo como este, em que os humanos estão à mercê dos demônios, quem poderia livrar a sociedade? Outro demônio.

Dante esta migrando da adolescência para a fase adulta em grande estilo (ao menos em sua visão), afundando-se em mulheres, bebida e toda a luxúria que puder conquistar. Para ele não é um problema, seu trailer confortável nunca o deixou na mão e sua vida não podia estar melhor, até chegar o primeiro deles. Um demônio caçador vem atrás dele, querendo sua cabeça pelo pedido de Mundus, o líder dos seres que controlam a sociedade por trás dos panos. É claro que ele não é uma grande ameaça para Dante, ainda mais com a ajuda da misteriosa Kat, uma moça que consegue ver os demônios mesmo quando estão na realidade paralela chamada “Limbo”, e logo o rapaz percebe porque ela veio ajudá-lo. Dante é afiado, ousado e impulsivo, exatamente o que Vergil precisa.

Vergil continua engomadinho.
Vergil é o líder de uma organização supostamente terrorista chamada “The Order”, da qual Kat faz parte e que vai contra o império oculto de Mundus. Quando Dante chega nela, descobre que Vergil é seu irmão gêmeo e ambos são algo muito mais surpreendente que simples demônios: os rapazes são Nephilim, filhos de demônios com anjos, e são os únicos capazes de derrubar o líder dos demônios. Mas será que vai ser algo tão simples assim? Será que a dupla é o suficiente para detonar toda uma cadeia de comando por trás do palco? Bem, a única maneira de descobrir é jogando!

As duas faces do nosso mundo 

Após esta breve introdução à história do jogo, deve haver algumas dúvidas que ficaram no ar, como por exemplo, o previamente citado “Limbo”. Explicando de maneira simplificada, os demônios não podem interferir diretamente no plano físico, já que vivem em uma frequência diferente dos humanos. Entretanto, suas influências indiretas podem ser fortes o suficiente para puxar alguém para dentro de seu plano, que é conhecido por Limbo, principalmente se o alguém em questão já possuir pré-disposição a adentrar este plano – como, por exemplo, um híbrido de demônio com anjo.

Não parece exatamente um bom lugar pra viver. Ainda mais considerando os demônios.

O Limbo é uma versão anormal, distorcida e que desafia as leis da física do nosso mundo. Os objetos lá parecem possuir vida própria e são influenciados diretamente por Mundus, tanto que há fases onde o próprio cenário parece querer matá-lo a todo custo. Este artifício combinado aos lindos gráficos do jogo criam um novo tipo de desafio para Devil May Cry, já que os cenários sempre foram um tanto quanto defasados e pouco explorados no decorrer da antiga série se comparados à jogabilidade em si.

Chão bonzinho por favor não me engula!

O mais divertido desta mecânica são as interações que ocorrem entre o mundo real e o Limbo. A maioria das coisas que ocorrem em um plano não afeta o outro, mas algumas se mostram particularmente interessantes. Um bom exemplo é na primeira missão, onde o confronto entre Dante e um demônio caçador faz uma roda gigante se desprender da base e isso faz com que a verdadeira, no mundo real, se desprenda também. As câmeras que observam a cidade toda são comuns no mundo normal, mas são demônios observadores no Limbo. Os exemplos são muitos, mas o Limbo ensina que nem tudo que vemos é o que parece, e nem todos os acontecimentos são obra do acaso.

As duas faces do filho de Sparda

Assim como o próprio mundo no jogo é dualitário, temos no protagonista o mesmo efeito dúplice. No caso, como Dante é meio demônio e meio anjo, no decorrer da aventura ele pode empunhar diferentes armas com os diferentes alinhamentos. Inicialmente lutamos apenas com Rebellion, a espada padrão do Nephilim e que já vimos nos antigos jogos da série – embora seu design aqui seja mais leve se comparado aos outros títulos. Após algum tempo, o arsenal vai crescendo mais e mais, como podem ver a seguir:

Armas Demoníacas:

Arbiter: A primeira arma que utiliza-se dos poderes de demônio de Dante é o machado Arbiter, lento e poderoso. Seus combos são demorados e não é bom para encarar muitos inimigos simultaneamente, porém seus golpes são excelentes para quebrar escudos e causar dano massivo em um único alvo.

Eryx: A segunda arma demoníaca são as manoplas Eryx, que envolvem os braços de Dante. Seus golpes são rápidos e podem ser carregados para uma maior potência, mas assim como a outra arma, não é recomendada contra muitos inimigos. Quando se aprende o timing dos inimigos se torna muito instintivo o momento de atacar alucinadamente ou carregar os socos para maior dano.
Eryx parece fazer parte do corpo de Dante.

Armas Angelicais:

Osiris: A foice angelical é a primeira arma sagrada com a qual Dante é agraciado. É uma arma rápida e de ótimo alcance, especialista em combate aéreo. Seus golpes costumam atingir muitos inimigos e seu dano começa baixo, mas aumenta conforme a progressão do combo.

Aquila: As lâminas que Dante utiliza com os dois braços são armas de pura agilidade e controle de multidão. Não possui um dano muito alto, mas a velocidade e a destreza para executar combos realmente compensam – em especial se utilizado no ar.
Se paradas intimidam, imagine quando estão rodando nos inimigos.

Além do arsenal para combates corpo a corpo, o caçador de demônios também conta com algumas armas para combate a distância, variando entre poder e agilidade – embora estes não sejam associadas ao poder angelical ou demoníaco:

Ebony & Ivory: As parceiras de Dante em todos os jogos até agora, as pistolas de disparo rápido, estão de volta. São fracas, sim, mas excelentes para interromper o avanço de inimigos. Infelizmente, não são muito boas para atingir vários adversários ao mesmo tempo.

Revenant: O poder que falta nas pistolas gêmeas está presente nesta espingarda. Seu dano a curta distância é ótimo e ajuda com o controle de multidão mesmo sendo um pouco lenta para recarga. O mais interessante é que seu efeito é diferenciado em cada inimigo, podendo arrancar asas de oponentes voadores ou paralisar os terrestres. Teste em todos os inimigos para saber do que essa arma é capaz!

Kablooey: Esta curiosa arma possui uma munição deveras interessante: bombas. Os disparos são como agulhas que se prendem no inimigo e, quando Dante desejar, as detona de uma só vez. Seu dano varia de acordo com a quantidade de bombas, mas se torna uma arma muito estratégica posteriormente no jogo (em especial para quebrar defesas).

Como podem ver, o que não faltam são armas para o Nephilim protagonista. O melhor é a facilidade para trocar entre elas; basta segurar um botão e a Rebellion toma a forma das armas angelicais e demoníacas e todas as armas de fogo ficam ao alcance de uma direcional. Mas aí vem a pergunta: pra que tantas armas assim? Se você é fã da série, já deve imaginar o porquê.

SSSensacional!!!

Combos. Todo fã do estilo hack’n slash sabe que os combos são o que tornam o jogo dinâmico e de passo rápido, e este fator é muito explorado em DmC. Intercalando as armas e os tipos de ataques é possível atingir diferentes níveis de sequências, gerando mais pontos de “estilo” na fase. Estes pontos aceleram a velocidade que Dante evolui e adquire novos poderes, então o jogo estimula desde o início a não ficar na mesmice e inventar quantas sequências diferentes forem possíveis. As combinações evoluem em “ranks” de D à SSS, passando por vários títulos: “Dirty!” (D), “Cruel!” (C), “Brutal!” (B), “Anarchic!” (A), “Savage!” (S), “SSadistic!!” (SS) e “SSSensational!!!” (SSS). Agora é só treinar e ver o quão longe pode chegar, e, acredite, vai querer chegar ao SSS.

Combos aéreos contam muito na hora de evoluir no ranking.

O motivo desse sistema se mostra principalmente nas dificuldades mais elevadas. Enquanto os modos fácil (Human) e médio (Devil Hunter) se mostraram poucos desafiadores, o modo difícil (Nephilim) e os seguintes mostraram a insanidade que pode ser Devil May Cry. Na dificuldade Son of Sparda (muito difícil) você vai se ver correndo pela vida muitas vezes, enquanto em Dante Must Die! (incrivelmente difícil) até os adversários mais simples se mostram desafiadores. O destaque vai para as dificuldades Heaven or Hell (tudo ou nada), onde todos os inimigos morrem com um golpe só – e Dante também -, e Hell and Hell (que também pode ser chamada de “Eu não queria jogar mesmo!”), onde os inimigos são normais, mas Dante perde se tomar um golpe que seja. Sim, existe essa dificuldade. Sim, os programadores são sádicos.

This party is getting crazy! 

A única coisa que torna a experiência de DmC ainda mais empolgante é sua pesada trilha sonora, composta de passadas intensas de dubstep e puro hard rock. As letras das músicas (caso você consiga entendê-las entre os gritos do vocalista e dos inimigos) são sempre animadoras e nos deixam num estado de frenesi ainda maior do que a própria ação. Duvidam? Ouçam a seguir.


Mesmo quem não é fã dos estilos previamente citados acaba se envolvendo com as batidas quando o som da lâmina de Dante enfeita a música ainda mais. Isso somado aos gráficos caóticos e a maneira com a qual as músicas acompanham o estado de espírito do personagem (se agitando na ação e suavizando em trechos de calmaria) fazem do jogo uma experiência única e que só Devil May Cry consegue passar.
Em resumo, este jogo foi muito subestimado e admito que até eu, fã assíduo da série, olhei torto para o título. Entretanto, basta dar uma chance para ver que mesmo tendo uma outra face, temos aqui mais um Devil May Cry do jeitinho que a Capcom criou, com a atitude típica do Dante e ainda temos o prazer de ver o seu amadurecimento. Antigamente eu dizia que o jogo “seria excelente se não fosse um Devil May Cry”, mas hoje eu digo “ainda bem que é um Devil May Cry”.
E é só o começo dessa subida!

Prós:

  • Jogabilidade instintiva e de fácil aprendizagem;
  • Possibilidade infinita de combinações de ataques;
  • História envolvente e emocionante;
  • Gráficos excelentes acompanhados de uma trilha sonora de peso. Literalmente.

Contras:

  • Campanha ligeiramente curta;
  • Aparência dos protagonistas radicalmente diferente.
DmC: Devil May Cry – PC – Nota: 9.0
Revisão: José Carlos Alves
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