Game Music

Grim Fandango (Multi) e a viva trilha sonora do mundo dos mortos

Com ritmos latino-americanos e jazz suave, Peter McConnell compôs uma das mais ricas trilhas sonoras dos games.

Nada melhor do que aproveitar o relançamento remasterizado de Grim Fandango para relembrar a sua excelente seleção musical. Se 2014 nos trouxe um exemplo perfeito de game e trilha sonora pensados como experiência — Transistor —, o início de 2015 nos dá a oportunidade de reviver outro exemplo, distinto sim, mas não menos impressionante. Composta por Peter McConell, a trilha sonora de Grim Fandango toma inspiração nos filmes noir e em estilos musicais latino-americanos. Entre tangos, ritmos andinos e muito jazz suave, o jogador acaba ainda mais imerso no incrível mundo construído para o game.


Peter, um dos grandes parceiros de Tim Schaffer, compõe trilhas sonoras para seus jogos desde a época da LucasArts até hoje, na Double Fine. Antes de Grim Fadango, o compositor já havia trabalhado em várias pérolas da grande desenvolvedora de adventures: Monkey Island 2, Day of the Tentacle, The Dig, Full Throttle, entre outros títulos.

Para Grim Fadango, Peter McConnell resolveu ir até São Francisco para entrar em contato com compositores e músicos, tanto de jazz quanto de ritmos latinos. Para as faixas de Jazz, a grande inspiração foi os filmes noir e as músicas dos anos 1930. O resultado é uma das mais incríveis trilhas sonoras que já escutei.
O Som das Cartas
Um dos trabalhos mais recentes de Peter McConnel é Hearthstone. A trilha sonora não é um dos pontos mais importantes do jogo de cartas, mas tem a capacidade de nos deixar ainda mais viciados no game com suas belas músicas.

Se é Jazz o que eles querem, eu tenho

Para criar a atmosfera noir do jogo, nada melhor que um bom jazz. Sabendo disso, Grim Fandango traz uma grande coleção do gênero. Casino Calavera é dançante e mais animada:
Por sua vez, Mr. Frustration Man traz um som mais suave e melancólico:
Já a breve Hector Steps Out é a versão musical de um bom whisky on the rocks bebido em um happy hour da série Mad Men:
Blue Hector é uma bebedeira pós-separação, em uma noite dessas em que a lua nos coloca comovidos como o diabo, que se transformou em música:
A sagaz Hi-Tone Fandango é perfeita para embalar conversas igualmente sagazes e cheias de segundas intenções:
Nuevo Marrow coloca o naipe de metais e a Big Band em ação:
E para finalizar, Gambling Glottis, uma das mais gostosas faixas de jazz da trilha:
Mais jazz por aí
O estilo musical marca presença em diversos títulos do mundo dos games. Sly Cooper 3: Honor Among Thieves, que teve sua trilha também composta por Peter McConnel, é uma boa pedida. Não poderia deixar de citar L.A. Noire e o cultuado Conker’s Bad Fur Day. A série Phoenix Wright também não pode ficar de fora, por isso não deixe de conferir nossa matéria sobre o excelente Gyakuten Saiban Jazz Album.

Sons latino-americanos, sem dinheiro no bolso, sem parentes importantes…

Considerando a inspiração nas tradições culturais mexicanas, o compositor traz algumas faixas inspiradas na América do Sul. A simpática Ninth Heaven é influenciada pelos ritmos andinos:
Companeros é uma bela música com inspiração nos mariachis:
E Manny & Meche fecha nossa lista com um delicioso Tango:

A viva música dos mortos

Além das músicas citadas, a trilha original de Grim Fandango ainda traz muito mais jazz, uma faixa com pegada indiana, e até uma surf music. Mesmo focando em um gênero, a parte musical do game não deixa de lado outros ritmos e propostas, criando uma trilha diversa, consistente e, principalmente, integrada com a atmosfera do título em cada detalhe. Não deixe de aproveitar o lançamento de Grim Fandango Remastered (PS4/PC/PS Vita) e conferir sua bela trilha sonora.

Revisão: Jaime Ninice
Capa: Felipe Araujo

Escreve para o GameBlast sob a licença Creative Commons BY-SA 3.0. Você pode usar e compartilhar este conteúdo desde que credite o autor e veículo original.
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