Raiders of Blackveil é um roguelite com uma proposta peculiar. O título da Wombo Games combina elementos de RPG de ação com uma jogabilidade inspirada nos populares MOBAs, em que o jogador constrói as habilidades dos personagens conforme progride na partida.
Tivemos a oportunidade de experimentar o jogo logo no início de seu lançamento em acesso antecipado, a fim de conferir o que essa mistura curiosa tem a oferecer e o que esperar da versão atual de Raiders of Blackveil.
Honra entre rebeldes
Na aventura, assumimos o papel de um grupo de rebeldes que se opõe à maligna corporação Blackveil. Cabe ao jogador liderar incursões em locais dominados pela empresa, em busca de itens valiosos e com o objetivo de encerrar operações que, em geral, trazem prejuízos à população ou às regiões afetadas.
Na versão atual do jogo, temos acesso a quatro personagens com características únicas de combate. Alguns atuam como tanques, capazes de absorver grandes quantidades de dano e causar impacto significativo nas batalhas. Outros são mais ofensivos, especializados em atacar grupos de inimigos ou em causar alto dano em um único alvo.
Há também um personagem com foco em suporte, que atua na cura dos aliados e na aplicação de efeitos negativos nos inimigos, como dano elemental ou efeitos passivos que aumentam o dano recebido.
A estrutura de Raiders of Blackveil segue o padrão dos roguelites. Cada cenário apresenta uma quantidade específica de inimigos que precisa ser derrotada para permitir o avanço à próxima área. Ao final de cada etapa, o jogador escolhe o tipo de recompensa que deseja obter na sala seguinte, seguindo adiante até o confronto inevitável com o chefe da região.
O principal diferencial do jogo está em sua jogabilidade, que combina elementos de ARPG e MOBA. Durante as incursões, ao derrotar inimigos ou vasculhar baús, é possível obter equipamentos que, além de melhorar os atributos básicos, podem conceder bônus extras conforme o grau de raridade.
Além disso, ao acumular experiência suficiente e subir de nível, o jogador pode habilitar ou aprimorar habilidades do personagem. Essas técnicas variam bastante entre os heróis, oferecendo liberdade para experimentar combinações mais vantajosas ou interessantes em cada incursão, de acordo com a situação da partida, de forma semelhante ao que ocorre nos MOBAs.
Outro destaque de Raiders of Blackveil é a possibilidade de jogar em grupos de até três pessoas, o que adiciona uma camada extra de estratégia e pode alterar significativamente a dinâmica das partidas. No entanto, essa experiência ainda apresenta limitações na versão atual, assunto que será abordado mais adiante.
Raiders of Blackveil também se encaixa no conceito de roguelite de extração. Durante a partida, é possível interagir com um personagem que permite extrair itens valiosos, garantindo que eles não sejam perdidos em caso de derrota. Contudo, o espaço limitado para essa extração impõe escolhas estratégicas, obrigando o jogador a decidir o que vale a pena preservar para uma nova incursão.
Para progredir de forma mais eficiente, o jogador acaba sendo incentivado a abrir mão de certos recursos em favor de outros, já pensando em como fortalecer o grupo de rebeldes na próxima investida contra a Blackveil. Assim, em algumas situações, uma derrota não chega a ser totalmente negativa, desde que algum equipamento valioso tenha sido salvo para a tentativa seguinte.
Viciante mas ainda limitado
A apresentação de Raiders of Blackveil já se destaca de forma positiva. A direção de arte apresenta uma identidade fortemente inspirada em animações, criando um carisma próprio que cativa rapidamente. O visual e a interpretação de voz dos personagens, mesmo que simples, demonstram cuidado e ajudam a criar vínculo com o universo do jogo. A ambientação, inserida em um mundo de fantasia, também contribui para uma experiência mais imersiva.
A jogabilidade viciante reforça esses pontos positivos, oferecendo um amplo leque de possibilidades na criação e evolução dos personagens. Toda a lógica por trás dos equipamentos utilizados para fortalecer o herói, somada ao variado sistema de classes com diferentes abordagens de progressão, cria camadas estratégicas interessantes. No meu caso, isso me manteve constantemente motivado a iniciar novas partidas para testar builds diferentes e variar a forma de enfrentar os inimigos.
Embora apresente uma complexidade agradável em seus aspectos básicos, Raiders of Blackveil ainda encontra dificuldades em sua proposta principal. O jogo foi concebido para ser jogado preferencialmente em modo multiplayer, com até três jogadores. Nesse formato, as habilidades únicas de cada rebelde, aliadas às diversas possibilidades de construção de builds, criam uma dinâmica mais rica e interativa.
Nos primeiros dias após o lançamento, as principais reclamações na página do Steam estavam relacionadas à dificuldade de criar e participar de partidas online. Ao investigar a situação, ficou claro que realmente havia problemas nesse aspecto. A busca por salas e a conexão com outros jogadores eram instáveis, o que fez com que grande parte da minha experiência fosse no modo solo.
O problema é que algumas partidas, mesmo na dificuldade padrão, tornam-se bastante desafiadoras quando jogadas sozinho, evidenciando a importância do cooperativo para aumentar as chances de sucesso. Desde o lançamento, duas atualizações foram disponibilizadas com o objetivo de amenizar essa situação, além de outros ajustes gerais.
Na atualização mais recente, lançada no início da semana de publicação deste texto, pouco antes do Natal, a experiência multiplayer apresentou melhorias. Foi possível selecionar regiões específicas de servidor para encontrar partidas, embora isso possa afetar a qualidade da conexão devido à distância. Ainda assim, esse continua sendo um desafio que a equipe da Wombo Games precisará resolver para tornar a experiência mais fluida e acessível. Como o projeto ainda está em acesso antecipado, as expectativas para a evolução desse aspecto são positivas.
Outro ponto que merece atenção é a variedade e a raridade dos itens. Muitos equipamentos, apesar de visualmente distintos, apresentam atributos muito semelhantes. Isso torna o gerenciamento de loot um pouco caótico, exigindo que o jogador avalie constantemente o que vale a pena guardar para o futuro ou vender no hub inicial em troca de recursos.
Por fim, considerando que Raiders of Blackveil ainda se encontra em uma fase inicial de acesso antecipado, há bastante espaço para melhorias. Com os ajustes certos, o jogo tem potencial para se tornar uma experiência ainda mais envolvente, viciante e engajadora até o lançamento de sua versão final.
Melhorar para prosperar
Em seu estado atual, Raiders of Blackveil apresenta uma base bastante promissora, sustentada por uma identidade visual carismática, uma jogabilidade envolvente e sistemas que incentivam a experimentação constante. A combinação entre roguelite, ARPG e elementos de MOBA funciona bem na maior parte do tempo e oferece profundidade suficiente para manter o jogador engajado, especialmente quando o jogo consegue entregar sua proposta cooperativa.
Apesar disso, as limitações técnicas do modo multiplayer e algumas questões relacionadas ao balanceamento e à variedade de itens ainda impedem que a experiência alcance todo o seu potencial. Ainda assim, considerando que o título está em sua fase inicial de acesso antecipado e já recebe atualizações frequentes, há motivos para otimismo. Com os devidos ajustes e refinamentos, Raiders of Blackveil pode se consolidar como uma experiência sólida e diferenciada dentro do gênero quando chegar à sua versão final.
Revisão: Johnnie Brian
Texto de impressões produzido com cópia digital cedida pela Wombo Games









