Para quem gosta de frenesi e tempestade de balas, Schildmaid MX entrega isso em meio a uma batalha espacial na qual não adianta só atirar, mas também é necessário cuidar muito bem do seu escudo. O título já havia sido lançado no PC e agora chega ao PlayStation, Xbox e Switch.
A defesa também é um ótimo ataque
Mecanicamente, Schildmaid MX traz o núcleo básico de um shoot ‘em up: a bordo de uma nave, temos que abater ondas sem fim de inimigos, contando apenas com nossas armas e habilidades de pilotagem. O diferencial aqui é que nem sempre precisamos desviar dos projéteis inimigos, pois podemos absorve-los e usar sua energia para criar um escudo que pode aumentar nossa força.
Quando os tiros do inimigo estiverem roxos, significa que podem ser absorvidos. Eles logo ficam azuis, o que indica que estão enchendo nossa barra de poder, e consequentemente aumentam a força e a quantidade de disparos que realizamos. Só que isso dura um tempo determinado, e quando os projéteis dos inimigos ficam vermelhos significa que a proteção da nossa nave cederá e que devemos passar um tempo nos esquivando até que ela possa ser utilizada de novo.
Esse esquema de jogabilidade nos permite agir de forma mais agressiva na pilotagem, podendo alternar os melhores momentos para ir de cara com os inimigos e reduzir a vantagem numérica deles a pó, ou esquivar e não se arriscar tanto para aprender os diferentes padrões de ataque.
É aí que está o charme de Schildmaid MX, pois todo esse ritmo frenético durante o qual não somos totalmente punidos é que nos faz jogar sempre mais uma partida. Mesmo nas dificuldades mais altas, até os jogadores novatos se sentirão à vontade para tentar a sorte em desafios mais arriscados. Um acréscimo simples a um gênero consolidado que fez toda a diferença.
Concluir fases nos garante pontos que são utilizados para comprar novas dificuldades e acessar chefes secretos. Por mais que sejam nas mesmas áreas, as diferentes camadas de desafios são um prato cheio para quem gosta de elevar suas habilidades ao limite. Todavia, se você é um cadete espacial que não gosta de repetições, pode acabar cansando rapidamente.
Os checkpoints são trabalhados de maneira interessante. Cada área é dividida em três partes, e caso o jogador perca todas suas vidas é possível retornar do início da área em que morremos, ou escolher um dos pontos de salvamento anteriores, o que permite tentar ter um desempenho melhor, mas sem iniciar do começo. E caso você consiga um desempenho excepcional, um portal dourado aparecerá no final da fase e te permitirá pular alguns estágios. É possível armazenar vários pontos de salvamento diferentes e depois escolher em qual deseja retomar.
Um monte de coisas acontecendo ao mesmo tempo é algo corriqueiro em um shmup, e em Schildmaid MX isso não é diferente. Entretanto, há momentos nos quais isso acaba desfavorecendo o ritmo de jogo. Alguns inimigos disparam mísseis vermelhos, que não são absorvidos e conseguem furar nossos escudos, causando a perda instantânea de uma vida. Eles podem ter trajetória retilínea ou ser teleguiados.
O problema aí é que quando a tela está cheia é inevitável ser acertado algumas vezes por um desses. Quem disparou? Difícil saber, pois mesmo com diferentes áreas, os inimigos são muito parecidos. Nem alteração na paleta de cores tem, nos deixando sujeitos apenas a incidência da luminosidade do fundo da tela.
Onde estão as criaturas fantásticas?
Algo que me pegou bastante desprevenido foi o fato da arte de capa de Schildmaid MX trazer uma composição fantasiosa, com uma valquíria montada em um dragão combatendo um grifo, além de uma hidra com uma navezinha bem ao fundo, embora nada disso faça parte do enredo de fato. Inclusive não há uma narrativa, apenas escolhemos uma das três naves disponíveis, o nível de dificuldade, e saímos explodindo naves inimigas pelo espaço.
Eu gosto de shoot ‘em ups desde a época do Mega Drive e adorei a jogabilidade, como discorri acima, mas confesso que seria bacana sair um pouco da temática espacial e explorar outras temáticas. Um ótimo exemplo disso é Gynoug/Wings of Wor, do console da Sega. Mas enfim, divago…
Voltando ao que interessa, temos um bom trabalho visual, com gráficos chamativos e trazendo um belo trabalho de pixel art em alta definição. Schildmaid MX é mais uma prova de que, quando bem feito, o casamento entre estilo retrô e shmups é uma ótima combinação. Até o menu, que vai desde a escolha de naves até a dificuldade, e até traz uma galeria de imagens desbloqueáveis e um espaço para as conquistas, mantém a aura espacial de maneira coesa.
Já a parte sonora não se acanha em roubar a cena. Desde o assistente virtual que nos avisa quando nossa arma secundária está pronta até as trilhas de cada fase, que inclusive são ótimas. A maioria delas é baseada em ritmos eletrônicos e cheios de energia, o que combina com o ritmo rápido da ação.
Quem se aventurar em adquirir a versão física de colecionador, vendida apenas fora do Brasil, será agraciado com um CD contendo essas faixas que merecem sua atenção. Infelizmente não há a opção de escutá-las no menu ou na galeria. Seria uma adição interessante para dar o destaque que elas merecem.
Uma maneira interessante de se abordar um gênero clássico
Schildmaid MX manteve tudo o que importa nos jogos de navinha e fez uma adição interessante na jogabilidade. Poder absorver tiros para aumentar sua força é uma ótima sacada para quem quer mergulhar de cabeça em um título que traz desafio crescente, apesar do grande ciclo de repetições.
Prós
- A ideia de usar um escudo para absorver projéteis foi uma ótima maneira de trazer criatividade ao gênero;
- Os níveis de dificuldade escalam de maneira confortável ao jogadores, sem ser extremamente punitivos;
- Os visuais são bacanas e polidos, trazendo uma boa mistura de 16-bit e alta definição;
- A trilha sonora é sensacional e acompanha muito bem o que está acontecendo na tela.
Contras
- A arte da capa é um tanto enganosa, já que é um shmup espacial, mas mostra criaturas mitológicas;
- Inimigos com visuais muito próximos um do outro, sem nenhuma variação mais drástica;
- Mesmo com diferentes camadas de desafio, o looping de fases é sempre o mesmo;
- É fácil ser pego de surpresa por algum projétil que passou batido no meio da confusão na tela.
Schildmaid MX — PC/PS4/PS5/Switch/XBO/XSX — Nota: 8.0Versão utilizada para análise: PS5
Revisão: Juliana Piombo dos Santos
Análise feita com cópia digital cedida pela EastAsiaSoft











