Bubble Bobble é uma franquia bastante longeva e, entre altos e baixos, sempre dá um jeito de dar as caras. Agora o dinossauro Bub tem a missão de atravessar labirintos açucarados em BUBBLE BOBBLE Sugar Dungeons, que é a quadragésima sexta aventura do mascote da Taito.
Pico de açúcar
Para dar algum contexto, Bub está tranquilo passeando pela Ilha Arco-Íris, até encontrar uma figura misteriosa chamada Don Dolcen. Ele convida o dinossauro verde a explorar dungeons coloridos e feitos de doces em busca de tesouros, mas isso não quer dizer que a aventura será fácil.
Cada sala está protegida por criaturas igualmente açucaradas e o protagonista só contará com as suas bolhas para triunfar. Bub pode aprisionar as criaturas nas bolhas e também usá-las para se locomover pelo espaço, já que elas sempre são carregadas pela corrente de vento mágica que está ao fundo, sinalizada por um caminho de estrelinhas azuis. Estourá-las com os bichinhos dentro rende pontos, que são transformados em alguns segundos a mais no nosso cronômetro.
Uma parte interessante de Sugar Dungeons, à primeira vista, é que os ambientes são gerados aleatóriamente, o que até gera uma expectativa no jogador, já que não há como saber a ordem dos desafios… nas primeiras partidas. É inevitável fugir do esquema “morra e tente de novo”, logo, não demora muito para alguns padrões se repetirem entre uma partida e outra e isso cria rapidamente aquela sensação de “isso de novo?”
A movimentação do dinossauro explorador também deixa um pouco a desejar. Saltos lentos e comandos que demoram um pouco para responder ao toque no botão comprometem a dinâmica proposta de correr contra o tempo e eliminar inimigos concomitantemente.
Para dar uma incrementada nas coisas, Bub pode ter alguns atributos melhorados, como distância do salto, velocidade e número de bolhas que solta de uma vez, além de itens que alteram as propriedades da sua habilidade. Podemos contar com bolhas aquáticas, elétricas e incendiárias, e elas também podem ser evoluídas com os itens que encontramos nos baús pelo caminho.
Claro que a aparição dos baús também é aleatória, então isso cria mais um problema: a necessidade de um grinding pesado para melhorar Bub logo no começo da aventura, mas sem ter uma noção de quanto tempo isso pode levar, já que não há previsão de quantos baús aparecerão, e nem onde.
A progressão inicial é bem lenta, pois precisamos cumprir missões — simples até — para abrir a lojinha de troca de itens e a biblioteca para melhorarmos. Então, é necessário repetir a mesma masmorra diversas vezes até conseguir quantidades suficientes de ingredientes para deixar o dinossauro mais forte.
Uma receita básica até demais
Bubble Bobble possui uma vasta seleção de temas icônicos que já embalaram a série diversas vezes, seja em releituras e remixes ou só evocando o título original. Infelizmente, o carisma musical da série não se faz tão presente assim em Sugar Dungeons, com melodias que se tornam enjoativas rapidamente.
Os visuais também não conseguem ter um apelo mais forte, mesmo seguindo a temática proposta pelo título. Obviamente temos várias coisas que remetem à sobremesas, refeições e outras delícias calóricas, mas não demora muito para vermos sempre os mesmos pudins, rosquinhas ou flores pelo caminho. O mesmo vale para as animações ao fundo, que não tem tanta variação assim já que o jogo só tem duas masmorras.
Como usei para análise a versão de PS5, tenho mais um ponto contra: a lista de troféus está completamente em japonês, o que não faz sentido, já que o jogo está em inglês. Não que ela seja muito complexa, mas quem se sentir perdido pode ir atrás da lista no Steam que é a mesma coisa.
Também é necessário dar o devido crédito ao fato de que, ao adquirir qualquer versão de BUBBLE BOBBLE Sugar Dungeons em qualquer plataforma, recebemos o clássico Bubble Symphony. Ele foi originalmente lançado para os Arcades japoneses em 1994, mas a versão que acompanha é a de 1997, do Sega Saturn e, mesmo originalmente presente apenas na Terra do Sol Nascente, aqui temos menus em inglês, algumas trapaças e multiplayer local para até quatro jogadores.
Inclusive, ouso dizer que esta ROM, de um jogo de mais de 30 anos, consegue entreter melhor que o produto principal. Ele traz aquela sensação de “vou jogar mais uma partida” que Sugar Dungeons deveria ter.
Deixou desandar
BUBBLE BOBBLE Sugar Dungeons até tem uma ideia boa, mas a sua execução parece ter sido feita por um daqueles chefs amadores de reality shows culinários. Há muito potencial na ideia de usar doces e power-ups, mas o início lento, combinado ao grinding que está preso a aleatoriedade das masmorras torna a progressão arrastada. Pelo menos vale a pena poder jogar Bubble Symphony de forma bem emulada e com menus em inglês.
Prós
- A ideia de melhorar os atributos e itens de Bub aumenta a motivação do jogador para explorar novamente as masmorras;
- O visual colorido até tem seu charme;
- A inclusão de Bubble Symphony realmente foi algo que valeu a pena, tanto pela nostalgia quanto pela qualidade do título.
Contras
- O ritmo de jogo se torna repetitivo rapidamente;
- Jogabilidade um tanto imprecisa;
- O grinding, aliado à aparição aleatória de baús, torna a progressão inicial bastante lenta;
- A trilha sonora não mantém o charme da franquia;
- Embora com um certo carisma, ver os mesmos ambientes e padrões de cores cansa.
BUBBLE BOBBLE Sugar Dungeons — PC/PS5/Switch — Nota: 6.0Versão utilizada para análise: PS5
Revisão: Beatriz Castro
Análise feita com cópia digital cedida pela Arc System Works












