Análise: Jurassic World Evolution 3 é o ápice da fantasia jurássica nos videogames

O parque jurássico definitivo finalmente abre as portas.

em 06/11/2025

Jurassic Park é um dos filmes mais marcantes da história da cultura popular. Desde seu lançamento, o domínio sobre a estética dos dinossauros que foi criada naquele filme, tanto visual quanto sonoramente, perdura até hoje.


Em 2018, a Frontier trouxe a magia jurássica dos filmes em forma de simulação, permitindo que fãs realizem o antigo sonho de construir e administrar seu próprio parque de dinossauros. Agora, em Jurassic World Evolution 3, o estúdio entrega a melhor experiência dessa fantasia até então.

A fantasia jurássica

O gênero de criação e gerenciamento de parques se encaixa perfeitamente com Jurassic World. A franquia cinematográfica nasceu do colapso de um parque mal administrado, e aqui o jogador tem a chance de fazer tudo “do jeito certo”.

Os primeiros momentos são mágicos. Começar a campanha ou abrir o modo livre dá uma sensação infantil de descoberta e possibilidades. Esses momentos se espalham pela jornada. Cada nova espécie traz um pequeno triunfo, como ver um Diplodocus (o “pescoçudo” da infância) caminhando feliz em seu habitat.

Mas a magia também dá lugar à tensão. Ao tentar colocar vários Tyrannosaurus Rex juntos, descobri o que os filmes sempre mostram: não é porque eu posso que devo fazê-lo. Cercas caindo, visitantes em pânico e o orçamento no vermelho transformaram meu parque em um lembrete vivo de que ambição e sobrevivência raramente coexistem.

Videogames são definidos pelas fantasias que proporcionam, e aqui isso é específico e poderoso: dar vida aos dinossauros e moldar o equilíbrio entre natureza e controle humano. Para quem gosta da franquia, ou simplesmente de dinossauros, essa é uma experiência obrigatória.

Ao redor do mundo

A história é simples, mas funcional: expandir parques ao redor do mundo enquanto uma organização misteriosa tenta sabotar seus esforços. Cada novo cenário apresenta biomas e desafios distintos, de regiões áridas a recantos tropicais, exigindo estratégias específicas para concluir os objetivos. 

O jogador fica livre para escolher os parques, mas buscar as cinco estrelas em cada um é o verdadeiro desafio, testando o domínio do jogador sobre tudo o que aprendeu, desde o planejamento logístico até o bem-estar dos animais e a satisfação dos visitantes. Cada mapa tem suas peculiaridades de terreno, clima e espécies, e precisa de soluções criativas e ajustes contínuos. A experiência é completa, mas poderia se beneficiar de mais caos. A sabotagem do grupo inimigo, por exemplo, raramente causa consequências sérias.

A pesquisa não pode parar

A base do gameplay é posicionar edifícios com funções específicas, interligados por caminhos que servem aos visitantes. Além de garantir o fornecimento de energia que deve alcançar todas as estruturas e cercas elétricas, o jogador precisa planejar facilidades como banheiros, abrigos, lanchonetes e lojas. Estes pontos aumentam a felicidade dos visitantes e são uma fonte vital de renda.

O maior desafio nesse aspecto é o controle do fluxo de pessoas. Conforme o parque cresce, as trilhas antes espaçosas se tornam gargalos, exigindo reorganização e novas rotas. É um desafio logístico interessante, ainda que breve.

No gerenciamento dos dinossauros, cada espécie tem suas próprias necessidades e comportamentos. O jogo comunica essas informações de forma clara, destacando preferências de terreno, vegetação e convivência de cada um. Garantir a felicidade das criaturas acaba sendo um exercício de equilíbrio. Inserir o tipo certo de árvore ou ajustar a área de pastagem é simples; o verdadeiro desafio vem da convivência entre espécies diferentes.

Nem sempre há espaço suficiente para acomodar animais distintos, e forçar a coabitação leva a conflitos. Criaturas infelizes atacam cercas elétricas e, se escaparem, o caos é garantido. Esses incidentes podem resultar em visitantes feridos ou mortos, exigindo a abertura de abrigos. Fora isso, tempestades ocasionais adicionam um toque de imprevisibilidade, que poderia estar presente com mais frequência durante a campanha.

A manutenção do parque é satisfatória, mas sofre com pequenos bugs na interface, que às vezes dificultam a visualização de áreas danificadas. Nada disso é grave, porém é o suficiente para quebrar o ritmo em momentos críticos.

Os cientistas são responsáveis por pesquisar novas estruturas, realizar expedições e coletar DNA de novas espécies. Cada um tem atributos e níveis de cansaço, exigindo pausas estratégicas, mas o gerenciamento é superficial. Faltam interações que deem vida a esses personagens — sugestões, conflitos ou dilemas éticos, por exemplo. Suas tarefas se resumem a clicar, esperar e colher o resultado.

Mesmo assim, o sistema funciona bem dentro da proposta, oferecendo uma experiência convidativa e variada, testando o jogador em várias frentes, mesmo que sem ir tão fundo quanto poderia.

A evolução da sequência

No terceiro capítulo da série, a Frontier precisava encontrar novas formas de manter a experiência relevante e, felizmente, conseguiu. A principal novidade é a introdução dos dinossauros filhotes, um acréscimo simples, mas transformador. Observar o comportamento deles traz momentos que humanizam o parque e tornam cada exibição especial.

Mesmo assim, o jogo poderia ter feito mais para aprofundar esse vínculo. Uma árvore genealógica mais robusta ou um histórico mais detalhado de cada espécime que já passou pelo parque dariam ainda mais força à ideia de que estamos construindo um ecossistema vivo e duradouro. Quando um dinossauro morre de velhice, por exemplo, a remoção fria do corpo por helicóptero transmite uma melancolia breve, mas sem muito impacto.

Outra novidade importante é o sistema de construção modular, que permite criar edifícios personalizados, ampliando as possibilidades criativas. A remodelagem do terreno também foi aprimorada, e agora cachoeiras e formações rochosas se ajustam automaticamente conforme o jogador molda o relevo.

E embora a Frontier ainda trate o confronto entre dinossauros como um elemento secundário, as animações de combate continuam as mesmas, mas a fidelidade gráfica acrescenta consideravelmente no espetáculo para quem gosta de ver o caos se instaurar.

As outras formas de jogar

As melhorias de terreno e a construção modular ampliam consideravelmente o potencial do modo livre, agora mais expansivo e criativo do que nunca. A introdução de ilhas geradas aleatoriamente é uma adição que transforma o modo sandbox em uma experiência praticamente infinita. Cada mapa apresenta desafios ambientais únicos e exigem novas soluções logísticas e estéticas do jogador. Para quem gosta de construir parques como obras de arte funcionais, o jogo entrega a melhor caixa de ferramentas da série.

O modo Desafio também retorna com mais variedade e intensidade. Ele propõe cenários específicos que testam a capacidade de improviso e gerenciamento do jogador. Aqui os desafios são apresentados sem o peso de ter uma narrativa por trás ou necessidade de tutorização igual na campanha, oferecendo uma experiência formidável para quem já terminou a história e está em busca de novos cenários. 

No conjunto, o trio de modos forma o pacote mais completo da franquia, oferecendo ritmo e propósito distintos, todos refletindo a mesma atenção aos detalhes e à fantasia central da proposta. 

Um parque em plena forma

Jurassic World Evolution 3 oferece uma campanha robusta e envolvente, com um tour mundial cheio de desafios e de boas surpresas, enquanto o modo livre atinge o auge criativo da série com ferramentas mais poderosas e liberdade quase total. A adição dos dinossauros filhotes é mais do que um capricho visual, ela reforça o elo emocional com as criaturas e eleva o senso de vida dentro do parque.

Mesmo com arestas que poderiam ser mais polidas, o resultado é um avanço natural e seguro, que refina praticamente todos os sistemas anteriores. A Frontier não reinventou o parque, apenas o fez funcionar melhor do que nunca.

Prós

  • Campanha extensa e envolvente, com presença marcante de Jeff Goldblum;
  • Sistema de gerenciamento mais fluido e acessível;
  • Dinossauros bebês e melhorias visuais impressionantes;
  • Ferramentas de construção modular e terreno aprimoradas.

Contras

  • Interações com cientistas continuam rasas;
  • Interface apresenta pequenos bugs ocasionais.
Jurassic World Evolution 3 - PS5/XSX/PC - Nota: 9.0
Versão utilizada para análise: PlayStation 5
Revisão: Juliana Piombo dos Santos
Análise feita com cópia digital cedida pela Frontier Developments
OpenCritic
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Matheus Oliveira
Entusiasta de games e cinema, sempre explorando novos gêneros e estilos enquanto acumula um backlog infinito. X e Instagram
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