Impressões: em Fatal Fury: City of the Wolves, Chun-Li chega com tudo na voadora

Lutadora será uma inclusão especial dentro da primeira temporada do jogo, que desde agosto já conta com a presença de Ken.

em 01/11/2025
Como parte de uma colaboração conjunta, Street Fighter 6 e Fatal Fury: City of the Wolves receberam alguns convidados especiais de cada empresa. Enquanto Terry Bogard e Mai Shiranui foram os representantes da SNK em Metro City, South Town recebe a visita de Ken Masters e Chun-Li. Enquanto o primeiro já está disponível desde agosto, chegou a vez da Chun-Li entrar na arena — e o GameBlast teve a oportunidade de testá-la em primeira mão.

Precisão e técnica que reúnem o melhor de dois mundos

Antes de tudo, chega a ser inevitável a comparação entre a aparição da moça no último jogo da Capcom e como ela foi adaptada para um novo ecossistema de jogabilidade. Dito isso, dá para dizer que foi feito um trabalho bastante sólido nessa tradução e sua inclusão parece natural, sem trazer a impressão de que se trata de um elemento alheio no jogo, seja a nível mecânico, seja temático — essa parece ser uma cota cumprida pelo DJ e pelo jogador de futebol.




Nota-se que, enquanto só tivemos acesso ao modo de treino e ao de duelo para testar a personagem, isso foi suficiente para realizar uma série de testes a fim de ver como ela se sai na prática. Daí, é importante ressaltar que, logo de cara, fica claro que a moça foi baseada em sua última aparição em Street Fighter 6, especialmente no estilo de jogo, embora algumas adaptações tenham sido necessárias para fazer com que ela se sentisse mais à vontade — e a conversão de alguns de seus golpes para o sistema de quatro botões.

Enquanto os botões de ataque fraco e médio foram naturalmente atribuídos aos botões de soco fraco e médio do Fatal Fury, os ataques mais simples referentes aos botões fortes se tornaram inputs combinados de mais de um botão, uma metodologia já presente de quando eles adaptaram primeiro a presença do Ken ao jogo. Dessa forma, a abordagem foi similar aqui, mantendo inclusive algumas das tecnicalidades exigidas por Chun-Li em Street Fighter 6.




Enquanto no passado ela se tratava de uma lutadora de qualidades bastante defensivas, com considerável controle de área, Chun-li agora funciona como uma lutadora mais equilibrada e versátil. Ainda assim, ela é uma personagem muito técnica, que precisa de uma série de movimentos, combos e inputs para ocasionar uma quantidade considerável de dano.

Em Fatal Fury: City of the Wolves, o manejo dela não é tão complicado quanto o de SF6, mas ainda requer um bocado de trabalho e técnica para se acostumar. Isso provavelmente se deve ao fato de que os jogos da SNK, por padrão, são normalmente mais ágeis e requerem maior dinamicidade durante os combates.




Ainda assim, a similaridade entre os dois jogos se faz valer com a presença do sistema REV, que simula as principais características do Drive System que se tornou o principal diferencial dessa geração de lutadores da Capcom. A principal ausência no comparativo, na verdade, diz respeito ao Serenity Stream que a chinesa recebeu nessa última iteração da série. Embora sua versão de Fatal Fury consiga unir o melhor de dois mundos (e o sistema REV compense com algumas opções de ataque), essa lacuna acaba sendo sentida no arsenal.

Em contrapartida, algo que deu para perceber em um primeiro vislumbre é que, enquanto a Chun-Li atual encontrou um terreno fértil para se desenvolver em combate em solo como uma footsie (um arquétipo de jogo voltado para esse tipo de tática), a sua versão de Fatal Fury apresenta, pelo menos em uma análise superficial, um catálogo considerável de técnicas e manobras aéreas.




Além disso, a lutadora também pode se aproveitar dos ataques em charge que passaram a figurar seu moveset nos últimos tempos, como o Spinning Bird Kick. É mais um atestado de que o tratamento que a SNK deu a ela é bastante alinhado com o direcionamento que a própria capcom anda assumindo em relação à sua usabilidade.

É interessante também estabelecer uma comparação com o Ken, que já está disponível há algum tempo e conta com uma ideia clara de como a comunidade do próprio Fatal Fury o vê no título. Enquanto ambos foram aproriadamente traduzidos para o novo ecossistema, nota-se que ela se dá bem melhor no REV System, o Drive System, uma vez que é uma mecânica que só existe durante momentos específicos da batalha.




Enquanto a usabilidade do Ken de Street Fighter 6 tem um estilo que bebe demais do Drive Rush e acaba sendo prejudicado pela efemeridade do REV, a independência da Chun-Li em relação a essa mecânica a torna mais útil de outras maneiras por conseguir se sustentar melhor em combos mais longos e elaborados, caso o jogador consiga desenvolvê-los.

Agora, de forma complementar, o visual da lutadora ficou acima da média para o jogo, que conta com alguns modelos claramente aquém em relação aos outros, o que é justificável dado o peso da visita — o jogador de futebol tecnicamente é visita também, mas aquela que aparece de surpresa enquanto você está ocupado com outros afazeres.




Também é bacana a interação especial que a Chun-Li recebeu com a Mai e que recria uma arte clássica dos crossovers antigos da série, aquela famigerada em que as duas se encaram com uma proximidade que basicamente se torna intimidade. Essa homenagem só não é melhor porque, enquanto a primeira pode utilizar a sua roupa tradicional durante as partidas como uma alternativa, a ninja do clã Shiranui está restrita ao seu visual de motoqueira moderninha.

Uma dupla que se complementa

Em Fatal Fury: City of the Wolves, Chun-Li faz um conjunto de lutadores muito interessante ao lado de Ken, uma vez que cada um da dupla parece ter uma finalidade clara, porém distinta, em sua execução prática. Enquanto o loirão consegue se estabelecer como um elo perdido entre os dois jogos de uma forma simples de manejo e aprendizado, Chun-Li apresenta uma necessidade técnica maior para ser plenamente dominada e, então, apresentar alguma eficácia durante os combates. No geral, é um conjunto muito bem-vindo para o título e que permite que os fãs sonhem com cada vez mais colaborações cada vez mais robustas entre as duas empresas.


Revisão: Beatriz Castro
Texto de impressões produzido com versão de teste para PC cedida pela SNK
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João Pedro Boaventura
É jornalista formado pelo Mackenzie e pós-graduado em teoria da comunicação (como se isso significasse alguma coisa) pela Cásper Líbero. Tem um blog particular onde escreve um monte de groselha e também é autor de Comunicação Eletrônica, (mais um) livro que aborda história dos games, mas sob a perspectiva da cultura e da comunicação.
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