Painkiller voltou, mas não do jeito que você lembra. O original de 2004 era aquele corredor infernal de hordas intermináveis, cenários góticos variados e um arsenal memorável de armas bizarras. Vinte e um anos depois, a Anshar Studios traz um reboot que troca a experiência solo linear por sessões cooperativas online. A proposta é clara:junte os amigos, escolham entre os quatro protagonistas e enfrente os demônios de Azazel em nome do anjo Metatron. O purgatório agora é playground e a sensação de estourar crânios demoníacos em grupo funciona, até o momento em que você percebe que está atirando nos mesmos alvos, nos mesmos corredores, pelas mesmas razões.
Narrativa simples para o tiroteio
A história serve exatamente ao propósito que se propõe: pano de fundo para o tiroteio. Ink, Void, Sol e Roch acordam no purgatório sem lembranças, recebem ordens de Metatron e partem para guerra contra Azazel. Pronto, missão dada é razão fabricada.O roteiro aparece em diálogos soltos durante as fases, com piadas ocasionais e textos espalhados que raramente justificam uma pausa na carnificina.Não é necessariamente um problema, afinal, nem todo jogo precisa ser The Last of Us, a proposta aqui é matar demônios com uma gama de customizações e se divertir ao som de um bom heavy metal.
Estraçalhar demônios nunca foi tão satisfatório
Painkiller bebe direto da fonte de DOOM (2016), e não esconde. A movimentação é elástica — corrida, pulo, dash —, e o arsenal é uma coleção de instrumentos de destruição em massa que vão de lançadores de estacas a serras rotativas, a Painkiller. Cada arma possui dois modos de disparo e, crucialmente, árvores de habilidades que não só ampliam o poder de fogo, como também alteram a forma como você usa cada peça do kit.
A customização que sustenta o interesse
Se há algo que Painkiller faz excepcionalmente bem, é dar ao jogador ferramentas para moldar sua experiência. Cada arma possui, em média, três árvores de habilidades distintas que vão muito além de bônus passivos. Estamos falando de mudanças que redefinem o comportamento da arma: tiros que ricocheteiam, explosões em área ao recarregar, projéteis que drenam vida. A munição é distribuída automaticamente conforme o arsenal equipado, então não há microgerenciamento desnecessário — apenas o prazer de experimentar combinações e descobrir sinergias.
O purgatório que se repete até demais
O problema é que, por mais satisfatório que seja o combate, o conteúdo ao redor dele é escasso e repetitivo. Painkiller oferece três atos com três fases cada — nove no total —, distribuídos em apenas três biomas. Para um título que aposta na rejogabilidade cooperativa, é pouco. Muito pouco. As fases são longas, sim, mas seguem uma estrutura quase idêntica: avance do ponto A ao B em corredores disfarçados de caminhos abertos, complete sub-tarefas que se repetem (carregar barris, destruir alvos, sobreviver ondas) e enfrente o chefe no final.Técnica funcional, mas sem brilho
Visualmente, Painkiller cumpre o básico sem impressionar. A direção de arte é competente, com cenários góticos, no entanto, falta personalidade que os faça memoráveis além da primeira passagem. Os efeitos de sangue e desmembramento são satisfatórios — essenciais para um jogo desse tipo —, porém o conjunto gráfico não se destaca entre os lançamentos atuais.
Diversão presa em uma estrutura limitada
Painkiller é uma produção honesta sobre suas intenções: quer que você atire, exploda e customize seu arsenal até encontrar a combinação perfeita de destruição. Nesse objetivo, ele é bem-sucedido. O combate é satisfatório, a customização de armas é robusta e as sessões cooperativas entregam o caos esperado.Prós
- Combate frenético e visceralmente satisfatório
- Sistema de customização de armas profundo e recompensador
- Liberdade para qualquer personagem usar qualquer arma
- Chefes criativos e desafiadores
- Progressão por tarefas específicas incentiva experimentação
- Cooperativo amplifica a diversão
Contras
- Apenas nove fases em três biomas
- Level design repetitivo e previsível
- Variedade de inimigos limitada
- Narrativa completamente descartável
- Ausência de surpresas ambientais ou mecânicas novas ao longo da campanha
Painkiller — PC/PS5/Xbox Series X|S — Nota: 6.5Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Thomaz Farias
Análise produzida com cópia digital cedida pela Anshar Studios











