Análise: Atelier Ryza: Secret Trilogy Deluxe Pack entrega a versão definitiva das aventuras de Ryza e seus amigos

A trilogia da jovem alquimista retorna trazendo melhorias gráficas, novas missões e algumas melhorias de qualidade de vida bem-vindas.

em 13/11/2025
Atelier Ryza: Secret Trilogy Deluxe Pack 
é uma coletânea de RPGs com uma combinação de combates por turnos e elementos em tempo real, o que vai contra o padrão da franquia, que normalmente opta por um sistema de turnos mais tradicional. Nesta trilogia, acompanharemos o crescimento de Ryza e seus amigos enquanto aprendem lições valiosas de vida, exploram locais mágicos e enfrentam inúmeras ameaças.

O estúdio Gust, que trabalha há anos com a franquia, já vem elaborando um processo de revisitar seus títulos mais antigos, dando a eles versões deluxe que trazem melhorias de qualidade de vida, novos conteúdos, melhorias gráficas e correções de bugs, caso necessário. Posso adiantar que Ryza recebeu o mesmo tratamento, sem muitas novidades que fujam desse padrão.

A incrível jornada de amadurecimento de Ryza e seus amigos

Nesta coletânea, acompanhamos a trajetória da jovem Reisalin Stout, ou apenas Ryza, e seus amigos que vivem em uma ilha chamada Rasenboden, na humilde vila de Kurken, um local calmo, com uma bela vista pro mar.Isso não é muito atrativo para a protagonista, que sonha em sair desse lugar para viver aventuras. Mal sabia a jovem alquimista que, a partir desse desejo por aventuras, ela passaria a viver isso.


Este foi meu primeiro contato com a franquia Atelier, então estranhei bastante a lerdeza da história em alguns momentos. Porém, esses momentos mais calmos são muito bem usados para introduzir os personagens e o mundo. Mesmo não tendo conseguido zerar o segundo e o terceiro título, tudo que consumi da narrativa é excelente, muitas vezes lembrando um anime com primeiros episódios mais parados, mas que, conforme as coisas avançam, a situação escalona.

Os personagens, embora levemente caricatos, possuem personalidades e traços que fazem com que pareçam bastante humanos, parecendo existir de verdade, principalmente por alguns problemas pessoais e dilemas comuns que enfrentam na idade da transição da adolescência para a vida adulta. Conforme os jogos avançam, essas qualidades só melhoram, assim como a trama amadurece.

Entretanto, eu teria aproveitado muito melhor a história se tivesse legendas em português. O relançamento dos jogos em versões definitivas (vulgo deluxe) teria sido a oportunidade perfeita para a adição de novos idiomas, considerando que as versões antigas serão removidas das lojas.

Entre alquimia, combate e exploração

Os três pilares que compõem a jogabilidade de Atelier são a exploração, por meio da qual andamos pela ilha buscando materiais essenciais como madeira, água e minérios. Tais recursos possuem níveis de qualidade representados por um número. Também podemos aceitar missões secundárias dos moradores da cidade de Ryza. Algumas das missões são um pouco chatas, mas a maioria é muito bem escrita, e coletar os materiais também, ficando ainda mais prático com ferramentas liberadas posteriormente.


Os materiais são essenciais para o processo alquímico chamado de síntese, a principal mecânica do jogo e o que dá fama à franquia. Seu funcionamento é muito simples: com os materiais coletados, podemos fabricar vários produtos — poções, armas, armaduras, bombas, etc. Cada um desses itens tem uma receita, e basta segui-la, distribuindo corretamente os materiais. Darei um exemplo: um machado vai precisar de metal e madeira. Com esses dois, já é possível fabricar um. Porém, se você usar metal e madeira de boa qualidade, conseguirá um machado melhor. Caso queira acrescentar algum efeito extra, como dobrar a quantidade de madeira coletada, basta acrescentar materiais nos espaços da receita em que estará escrito “efeitos”.

Eu reforço que a síntese é uma mecânica extremamente intuitiva, e o jogo possui vários tutoriais que explicam muito bem como ela funciona. Com isso, em poucas horas de jogo, já é possível dominar a alquimia e todas as suas possibilidades. Nas sequências, novas mecânicas são adicionadas, apenas aprimorando o básico.


Por fim, temos o combate, no qual podemos levar três personagens nas lutas e controlar um de cada vez. O personagem que não estiver no controle do jogador terá a IA assumindo o comando. Quando o jogador está no comando, ele pode escolher ações como atacar, usar magia ou itens.

Porém, o combate não para; ele é constante, ou seja, enquanto o jogador está escolhendo sua ação, o inimigo não para de desferir ataques. É possível, no entanto, atrasar o inimigo atacando-o ou quebrar sua barra de escudo, deixando-o atordoado. Para mim, só faltou a adição de uma opção para acelerar o combate.


Nesses momentos de vulnerabilidade, é recomendável acionar o modo agressivo, que faz com que os personagens controlados pela IA usem suas habilidades, gastando AP (Pontos de Ação), necessários para usar magias. Esses pontos são adquiridos atacando o inimigo com golpes normais. Nas sequências, o básico se mantém, sendo que diferenças ficam em novas mecânicas como poder defender ataques a partir de Atelier Ryza 2. 

Mas cuidado, pois esse modo deixa os protagonistas descuidados. Queria que, junto às novidades, tivesse vindo a possibilidade de aumentar a velocidade dos combates para deixar os encontros ainda mais dinâmicos. Algumas mecânicas adicionadas posteriormente poderiam ter sido adicionadas ao primeiro jogo, como a possibilidade de se defender.

Caso o jogador tenha dúvidas em relação ao combate, a coletânea traz o Custom Battle, um modo de treinamento acessível a partir da cama de Ryza, onde é possível escolher os inimigos, seus níveis e quais membros quer na equipe, assim podendo simular lutas. Acabei por não utilizar muito esse recurso por não ver necessidade.

Velhos amigos agora com novas histórias 

A principal novidade da edição deluxe é a adição de “novos” personagens jogáveis e mini-histórias extras, chamadas “episódios”, para cada um deles. No entanto, eles sempre estiveram presentes na história do jogo; apenas não eram controláveis, como Agatha, a guarda do porto da ilha da protagonista. Mas aviso que, mesmo sendo jogáveis, eles não mudam a história nem interagem com personagens dela.


O que me incomodou foi a questão dos tais personagens não interagirem nem mesmo com os protagonistas. Não mudar a campanha faz sentido, mas agora nem durante as explorações existir alguma conversa extra é bem chato — pelo menos, eles são divertidos de se jogar.

Esses episódios incluem um epílogo que decorre entre os acontecimentos de Ryza 1 e Ryza 2, em que a personagem é agora professora substituta das crianças locais e tem de ir atrás delas quando saem em busca de aventura. Os demais são novas histórias que desenvolvem personagens já conhecidos em mini-aventuras sem a protagonista, como Lila e Empel no segundo jogo, Bos e Kilo no primeiro e terceiro jogo, e Clifford e Serri no último título. Um adendo: cada uma dessas novas histórias possui próprio save separado da campanha.


Em geral, todas as histórias entregam boas aventuras que aprofundam os personagens e preenchem uma lacuna respondendo onde eles estavam antes da campanha principal, já que elas se passam antes de eles se reencontrarem com a protagonista. Mas essas histórias não são longas — algumas sendo curtas até demais — nem acrescentam mecânicas novas, embora tragam novos cenários a serem explorados.

Facilitadores são sempre bem-vindos

Algumas qualidades de vida que vieram foram o já citado Custom Battle, e novas funções para o segundo jogo, em que agora o animal místico Fi que acompanha a protagonista cura sua vida após cada batalha, expande o scanner do minimapa (o que facilitou muito) e, no terceiro jogo, temos bestas mágicas que ajudam durante a exploração coletando recursos no mapa, facilitando a vida dos jogadores e poupando as costas da Ryza, que tinha que coletar tudo manualmente. Essas duas novas adições deram uma nova cara à exploração de Atelier 2 e 3, com novas funções ao mascote Fi e as bestas no terceiro jogo.


Durante a exploração, será possível notar que o jogo recebeu melhorias visuais em seus gráficos vibrantes e coloridos, talvez mais perceptíveis no primeiro jogo, já que ele não possuía versões para consoles de nova geração. No caso do PlayStation 5, seus loadings estão muito rápidos. Porém, nos demais jogos, as mudanças visuais não são tão perceptíveis, para não dizer inexistentes. Novas configurações gráficas vieram, mas nada de modo fidelidade ou desempenho para o jogo alcançar os famosos 60 FPS; apenas opções como aumentar a qualidade da chuva e das texturas.


E o último dos benefícios que vêm na coletânea é todo o conteúdo pago já lançado para os três títulos da jovem alquimista, o que inclui várias roupas, áreas exclusivas, missões extras e alguns bônus, como recursos essenciais para alquimia. Essas missões e áreas exclusivas, as quais testei, são divertidas e acrescentam algumas horas a mais de jogo.

Uma coletânea segura


Atelier Ryza: Secret Trilogy Deluxe Pack
foi uma coletânea segura que segue o padrão de outras versões deluxe, trazendo melhorias gráficas, novas histórias, mais personagens jogáveis, novas mecânicas e qualidades de vida. Tudo isso faz com que a trilogia da Ryza chegue na sua versão definitiva, mas ao meu ver poderiam ter adicionado, legendas em português e uma opção para acelerar o combate. 

Prós

  • As novas aventuras proporcionadas aos personagens jogáveis desenvolvem mais esses personagens, além de entregar novos locais para serem explorados;
  • Os novos personagens jogáveis possuem golpes únicos e tornam o combate mais diversificado, dando mais opções de heróis;
  • Os gráficos cartunescos, coloridos e vibrantes ficam ainda mais belos com as melhorias recebidas na nova versão;
  • As novidades adicionadas à exploração no segundo e no terceiro jogos dão outra vida à exploração.

Contras

  • Falta de legendas em português brasileiro (PT-BR);
  • Os novos personagens jogáveis poderiam interagir com os protagonistas durante a exploração;
  • A opção para acelerar os combates tornaria práticas como farmar mais prazerosas.
Atelier Ryza: Secret Trilogy Deluxe Pack — PS5/PS4/XSX/PC/SWITCH/SWITCH 2 — Nota: 8.5
Versão usada para análise: PlayStation 5
Revisão: Ives Boitano
Análise produzida com cópia digital cedida pela Koei Tecmo
OpenCritic
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Thiago da Silva e Silva
É um universitário se formando em engenharia na UFRRJ,apaixonado por jogos desde a infância, principalmente RPGs.
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