Lançada em 14 de outubro de 2025, Splinter Cell: Deathwatch marca a estreia da franquia no universo das animações. A primeira temporada, já está totalmente disponível exclusivamente na Netflix. A produção é resultado de uma colaboração entre a Ubisoft Film & Television e os estúdios de animação FOST Studio e Sun Creature Studio, com Derek Kolstad (conhecido pela franquia John Wick) atuando como roteirista e produtor executivo da série.
Feridas antigas, reabertas
Com uma trama coesa e fiel à cronologia da franquia, Splinter Cell: Deathwatch, em seus 8 episódios de aproximadamente 25 minutos cada, soube explorar as consequências da escolha de Sam em Splinter Cell: Chaos Theory.
Os novos personagens, como a agente Zinnia Mckenna, o hacker Thunder e a ex-afilhada de Sam, Diana Shetlande, foram bem desenvolvidos. Os que retornam, como Anna Grímsdóttir, que lidera as missões na base secreta e o protagonista da franquia, mantiveram-se fiéis às suas contrapartes nos jogos. No entanto, os antagonistas principais mostraram-se genéricos e clichês, devido ao pouco tempo de tela, o que limitou os seus potenciais de desenvolvimento.
Apesar disso, a série entregou um final excelente, com uma conclusão muito satisfatória, um plot twist (que pode não funcionar com pessoas mais atentas) e o gancho necessário para uma segunda temporada, já confirmada pela Netflix.
Equilíbrio entre o novo e o velho
Uma das maiores surpresas foi a capacidade da série de equilibrar a atenção entre o lendário espião Sam Fisher e a novata Mckenna. Ambos os personagens recebem tempo de tela adequado, sem se ofuscarem. No entanto, senti falta de mais momentos em que lutassem lado a lado.
Ao contrário de outras séries animadas da Netflix, como Devil May Cry, Lara Croft: Tomb Raider e Castlevania: Noturno, que frequentemente distorcem a personalidade de protagonistas clássicos, a série mantém o Fisher dos jogos em sua essência. Mesmo assim, conseguiu aprofundar o personagem, mostrando um lado mais humano relacionado ao seu passado.
Mckenna se destaca como uma protagonista feminina forte, inteligente e, ao mesmo tempo, humana, com falhas e problemas, como seu temperamento explosivo, justificados pelo arco narrativo da personagem nesta primeira temporada. Ela não se torna irritante, como a Lara Croft de outras séries. "Deathwatch" provou que é totalmente possível dar protagonismo a novos personagens sem desrespeitar os já existentes.
Nem sempre a furtividade resolve tudo
A adaptação de Splinter Cell, ao ser anunciada com Derek Kolstad na direção, gerou estranheza, visto que se tratava de uma animação e não de um live-action, formato usual do diretor. Contudo, a produção surpreendeu positivamente.
Kolstad conseguiu transpor sua visão, que cria cenas frenéticas, para o contexto da série. A opção por uma animação 3D com estética cartunesca, remetendo a quadrinhos, casou perfeitamente com as cenas de ação violentas e orgânicas, similares às de John Wick, onde o protagonista sofre tanto quanto os adversários – o mesmo ocorre com os dois protagonistas da série.
As referências aos jogos são evidentes, com os personagens frequentemente utilizando dispositivos clássicos da franquia, como os óculos de visão noturna, e um uso marcante de luz e sombras nas cenas de furtividade.
Agentes Splinter não se aposentam
Splinter Cell: DeathWatch surpreende com uma trama sólida, honrando os acontecimentos dos jogos e apresentando um novo protagonista promissor, sem deixar de respeitar os personagens antigos já estabelecidos. A segunda temporada chegará provavelmente em 2026.
Revisor: Johnnie Brian






