BGS 2025: HoYoverse esnoba jogos que não se chamam Genshin Impact em estande anêmico e capitalista

Não teve Honkai: Star Rail, não teve Zenless Zone Zero, mas teve uma avalanche de produtos licenciados.

em 11/10/2025

Cravando seu quarto estande na Brasil Game Show, a HoYoverse, mãe dos sucessos gacha Genshin Impact, Honkai: Star Rail e Zenless Zone Zero, dedicou todo o espaço (reduzido) que recebeu ao filho mais velho, com uma ativação cujo tema é a recém-lançada região de Nod-Krai. 

Eu, a Diretora Entendida do Assunto do GameBlast quando é para se falar dos games da gigante chinesa, fui pela segunda vez atrás do que foi preparado para os fãs… e encontrei decepção, falta de esmero e um monte de pelúcias marketáveis. Vamos ver? 

“Nod” trupica, mas não “Krai” 

A primeira coisa que se nota ao chegar no pedaço de terra de Genshin Impact é a fila. Assim como em anos passados, cosplayers do elenco infinito do jogo dominam a BGS; o espaço consideravelmente menor não fez muito para abalar as hordas de pessoas que querem prestigiá-lo. 

Este ano, contudo, a fila sofreu mitose: quem quiser participar da gincana vai por um lado, e quem só veio para comprar algum dos mais de 100 tipos de produtos oficiais, por outro. Imagina-se que a intenção é mitigar a muvuca para quem não está muito a fim de gastar; a fila da brincadeira foi mais ou menos rápida, então diria que funcionou.

Enquanto esperava, fui guiada a realizar meu primeiro “desafio”: postar uma foto ou vídeo do estande nas redes sociais, marcar a conta oficial e usar uma hashtag. Só isso já compunha um terço da gincana planejada. Em contraste, na edição de 2024, essa etapa era um mero bônus por um brinde extra. 

Cosplayers presumidamente contratados pela HoYoverse também popularam o estande, prontos para fotos: avistei Ineffa, Mualani e Lyney durante minha estadia no dia 9. No dia 10, passando pela manada de fãs em espera, vi uma Klee; uma seleção bem eclética, visto que apenas Ineffa é de Nod-Krai (no ano passado, todos os personagens eram de Natlan, a região em destaque).

A foto saiu bem na hora em que a moça estava girando. Pelo menos é um registro autêntico?

A partir daí é que começam as “brincadeiras” de verdade: primeiro, um(a) funcionário(a) do estande gira um dado que contém todos os tipos elementais de Genshin Impact (Anemo, Cryo, Pyro, Hydro, Electro, Dendro e Omni). Devemos, então, dizer qual reação dentro do jogo acontece entre os dois tipos que forem sorteados; se sair o Omni, podemos passar direto para a próxima fase. 

Esse é o meu momento “jornalista de games não é gamer”: apesar da minha posição como Diretora, devo confessar que não jogo Genshin Impact há anos, por motivos pessoais. Logo, quando me perguntaram qual a reação entre Cryo e Electro, eu esqueci completamente (e olha que meu time da época tinha a Beidou e a Ayaka…). 

A coitada da menina do estande teve de quase soletrar a resposta até eu chegar lá, mas cheguei. Assim como na minha aventura em Natlan, não houve fricção para que eu conseguisse os prêmios, apesar do que o folheto dizia (no mundo das ideias de Platão, eu só teria passado de fase caso tivesse dado a resposta em 5 segundos). Bem, agora sou a orgulhosa dona de uma cartela de adesivos de Paimon, então não estou reclamando.

A que vos fala, aqui vista se preparando para provar que é Gamer™. 

A segunda fase, assim como no ano passado, envolvia uma partidinha de Genshin Impact. Usando o time fixo de Ineffa, Flins, Xingqiu e Sucrose, derrote três ondas de monstros antes do tempo acabar, simples assim. Desta vez, os níveis dos oponentes estavam próximos aos dos personagens, mas isso não fez muita diferença — ainda foram vencidos facilmente pela mamãe aqui. Pela proeza, recebi um cartão-postal da bela Lauma; Flins e Aino também eram opções. 

Por fim, hora de um sorteio, o gacha da vida real. Apesar da vaga tematização de Nod-Krai do resto do ambiente, os brindes disponíveis eram dos seis Arcontes já conhecidos: Venti, Zhongli, Raiden Shogun, Nahida, Furina e Mavuika. Completar o desafio já me garantiu um cartão colecionável da Shogun; se eu gastasse mais R$ 100 na lojinha (mais sobre ela em breve), teria direito a mais um, mas o orçamento não permitiu. 

O ponto alto da atração, para mim, foi o que recebi do destino: um ímã de geladeira enorme da Nahida que foi lançado durante o Teyvat Expo, evento chinês de fãs. Outras coisas que poderia ter ganhado incluem bottons, pôsteres, códigos de jogo, cards de personagem, placas acrílicas e toda sorte de miudezas. Minha sorte melhorou bastante, em comparação com o bastão inútil da marca de crédito de celular que ganhei no estande de Honkai: Star Rail em 2024.

No geral, é uma seleção fraca de brindes se comparada com o volume intenso do ano passado, mas senti que tudo foi muito bem feito (o card da Shogun brilha em arco-íris contra a luz e foi especificamente feito para a BGS, por exemplo), então não tem tanto problema. 

Em geral, a parte gratuita foi decepcionante; a impressão que ficou é que talvez tenham recebido o feedback de que as brincadeiras mais envolvidas de 2024 foram difíceis demais para o público (minha performance patética lá atrás é prova), então decidiram diminuir a barreira. Na minha opinião, contudo, diminuíram demais — ter trocado uma possível gincana extra por promoção gratuita nas redes sociais, especialmente sob o sinal de internet horroroso da BGS, foi a gota d’água. 

Enfim, espero que tenham gostado da parte gratuita, pois ela acaba por aqui! Abre a carteira, paizão!

Melhor se preparar para gastar seu Mora

Bem uns 60% do estande da HoYoverse são dedicados à venda de produtos oficiais de Genshin Impact, possibilitada por uma parceria com a loja de mercadoria otaku paulistana Akiba Station (que também tem o próprio estande na BGS). As miudezas em oferta são de todos os tipos: de broches e placas de acrílico a pelúcias, roupas e figuras de ação, passando por chapéus e até um umidificador em forma de slime. 

Os preços variam entre “meio salgado, mas dá para encarar” e “Jesus Cristo, haja salário mínimo”. O produto mais barato é a gachapon de broches, por R$ 23 (e o mais barato para quem não quer depender da sorte são os photocards de uma seleção extremamente incoesa de personagens, por R$ 35); já o mais caro é a figura de ação da personagem Ningguang, importada da China, que custa módicos R$ 3.000 (uma pesquisinha rápida pelo eBay mostrou a mesma figura sendo vendida entre R$ 1.000 e R$ 2.800, então a inflação de evento de game é real; algumas listagens no AliExpress falam em R$ 111, mas não sei se acredito). 

Ah, e, para completar, o brinde mais icônico do ano passado, a sacola de papel enorme com os personagens, virou “pay to win”: só quem gastasse qualquer quantidade na lojinha (e encarasse a fila separada) seria agraciado com a turma de Nod-Krai. Uma tristeza. Pela minha falta de interesse nos berloques em exposição, decidi pular essa parte. 

Eita, lugarzinho chinfrim

Com um espaço muito menor do que Natlan recebeu, a HoYoverse decidiu destinar a maioria às carteiras de sua legião de fãs… mas só os de Genshin Impact, mesmo. Pessoalmente, sou mais do Honkai: Star Rail, e me chateei bastante com a ausência do game. 

Pelo segundo ano seguido, da minha perspectiva, os fãs do estúdio carregaram a marca nas costas com um volume absurdo de cosplays: Furina, a Arconte Hydro de Fontaine, parece ser a escolha mais popular. Avistei também grande parte do elenco de Honkai: Star Rail, apesar da falta de espaço para o coitado. Pela influência que os dois irmãos têm dentro da BGS, esperava muito, muito mais. Bem, talvez em 2026…

A Brasil Game Show 2025 acontece entre os dias 9 e 12 de outubro, no Distrito Anhembi, em Santana, São Paulo.

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Hiero de Lima
Jornalista formada pela PUC-SP e eterna apaixonada por videogames, especialmente aqueles japoneses de mistério. Sempre tem alguma redação gigante para escrever depois que zera um Yakuza.
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