Quem frequentou os arcades no início dos anos 1990 já deve ter passado por um título da franquia Sonic Wings — ou Aero Fighters, na versão americana. Os aviões de guerra 16-bit ganharam uma certa notoriedade, principalmente no Japão. A prova disso é que Sonic Wings Reunion foi lançado primeiramente em maio deste ano, e agora chega ao resto do mundo para trazer uma fatia (pequena) de nostalgia.
Uma reunião modesta
A ideia de Sonic Wings Reunion é fazer uma mistura com tudo o que fez pelo menos os primeiros títulos se tornaram memoráveis, a ponto de ganharem vários ports para consoles como SNES, PlayStation 2, Neo Geo CD.
Como todo shoot ‘em up, o enredo envolve um grupo que precisa combater uma ameaça extraterrena, mas aqui a briga ainda é no nosso planeta. Uma força maligna se apossou de equipamentos avançados e está fazendo até construções se transformarem em veículos de grande poder bélico como montanhas, prédios e até catedrais. Cabe a um grupo de pilotos veteranos unir forças para destruir essa ameaça.
Ao todo são oito personagens que já apareceram em mais de um título anterior da franquia, além de dois secretos. A grande graça de Sonic Wings Reunion está em usar um ala, que é a maneira que são chamados os parceiros. Temos a opção de escolher apenas um piloto e seguir para a batalha, ou escolher um segundo para nos fazer companhia, e assim poder usar sua bomba. Isso também influencia no final do jogo, que trará interações únicas entre cada um deles, das mais dramáticas até as estranhamente engraçadas.
Cada um deles conta com um padrão diferente de projéteis, que em sua versão mais básica são apenas tiros com diferentes direções, mas após fortificados ganham formatos no mínimo inusitados. O ninja Hein, por exemplo, atira Shurikens e Kunais explosivas. Já a dupla russa Chaika e Pushka além de atirar torres que lembram bastante as da Praça Vermelha, também disparam matrioskas gigantescas como bombas.
No mais, é tudo bem padrão do gênero: ação vertical ascendente, tiros que podem ser fortificados com itens pelo caminho e as já citadas bombas. Reunion traz algo que também é característico da série, que é o looping. Ao encerrarmos o ciclo de oito fases, vemos o final e a partida reinicia, com a dificuldade levemente mais alta. Entretanto, não há nada que motive o jogador a continuar a partida além de colocar seu nome nos rankings do sistema.
No fim, o fato de Reunion ter menos fases que seus antecessores e continues infinitos acaba sendo um ponto negativo para quem estava afim de algo que evocasse a nostalgia arcade da franquia. A única diferença entre jogar no Fácil e no Muito Difícil, os dois pólos máximos de dificuldade, é a poluição visual na tela causada pela quantidade de coisas acontecendo ao mesmo tempo. Então sim, a maioria das vidas que perdemos é resultado de um projétil que passou despercebido no meio de uma confusão.
Nem mesmo a lista de troféus, disponível apenas para quem estiver nos consoles e PC, cria um fator replay digno. Não há uma platina ou desafios mais densos para quem quer jogar nas dificuldades mais altas. Basta apenas fechar uma vez com cada personagem (ou seja: 10 vezes) que tudo estará feito. Essa tarefa dura aproximadamente 3 horas, visto que cada partida vai tomar apenas 20 minutos de quem está no controle.
Cadê o seu legado?
Quem conhece a franquia logo irá perceber que Reunion poderia trazer muito mais coisas ligadas à tudo que Sonic Wing/Aero Fighters já trouxe antes. Foram seis títulos entre os anos de 1992 e 1997, ou seja, esse é o primeiro título original em quase três décadas. Foi feito um mix de fases e pilotos que foram aparições recorrentes no sexteto original, bem como as fases que foram selecionadas: Barcelona, Florida, Abu Dhabi, Tóquio, Planalto das Guianas, Mar Cáspio e o Oceano Ártico.
Existem apenas dois modos de jogo: O História, que é basicamente os loopings de oito fases até cansar; e o Treino, que é só replicar qualquer um dos estágios que queremos repassar, com direito a usar invencibilidade e os tiros no máximo. Além de ser repetitivo, os visuais deixam a desejar por não estarem próximos nem da nostalgia dos anos 1990 e nem da modernidade dos consoles atuais.
Fica nítida a falta de algumas opções que ilustrassem a história da franquia, como uma Galeria. Por se tratar de uma continuação direta após um longo hiato, seria muito útil ter algo que norteasse os fãs do gênero que ainda não conheciam o enredo de Sonic Wings, por exemplo.
Outra alternativa bem-vinda e que inclusive aumentaria o fator replay, seria qualquer tipo de sala de exibição que armazenasse todos finais possíveis. Isso lembrando que cada personagem além de ter o seu próprio fim, também tem um único com cada outro piloto, totalizando 100 encerramentos diferentes. Não há simplesmente nada que nos motive a ficar jogando para ver todos, e aí que também entraria a já citada fraca lista de troféus e conquistas.
Pelo menos a trilha sonora remixada é bem bacana. Além de ser possível compará-la com a original, já que é composta de faixas dos três primeiros Sonic Wings, é possível criar o seu próprio mix, com músicas atuais e retrôs.
Ida e volta sem escalas
Sonic Wings Reunion se preocupou em reviver um astro do passado, mas sem aproveitar sua glória ou trazer nada de novo. Nem mesmo a nostalgia consegue ser um chamariz, visto que muitas outras franquias, como Gradius, Darius e X-Out, se aplicaram em trazer coletâneas ou remasterizaram seus títulos principais, adicionando conquistas e memorabilia. O voo dos Aero Fighters merecia ser mais caprichado.
Prós
- Cada piloto tem seu estilo único e é possível escolher um ala para pegar sua arma emprestada;
- É possível conseguir diferentes finais usando um personagem sozinho ou acompanhado, criando interações únicas;
- A trilha sonora remixada consegue ser tão boa quanto a original.
Contras
- O jogo é curto e bastante repetitivo;
- Ausência de uma galeria ou modo que contabilize os finais desbloqueados para criar um fator replay;
- O visual não consegue ser muito atraente, além de causar muita poluição quando a ação fica mais intensa.
SONIC WINGS REUNION — PC/PS4/PS5/Switch — Nota: 5.5Versão utilizada para análise: PS5
Revisão: Juliana Piombo dos Santos
Análise feita com cópia digital cedida pela Red Art Games











