Lançado em 2019, The Outer Worlds ganhou notoriedade por apresentar um mundo habitado por personagens excêntricos, porém carismáticos, bem como proporcionar uma variedade de ambientes e histórias capazes de prender a atenção do jogador por horas, em um RPG em primeira pessoa robusto em conteúdo e mecânicas.
Em 2025, a franquia dá um novo passo com sua sequência, The Outer Worlds 2, que chega em 29 de outubro para PC, PS5, Xbox Series, e também estará disponível no catálogo do Game Pass nas categorias Ultimate e PC. Na análise a seguir, veremos o que você pode esperar dessa nova jornada e se realmente vale a pena retornar a esse universo insano criado pelos mesmos desenvolvedores de Fallout New Vegas.
E lá vamos nós…
A principal novidade em The Outer Worlds 2 é, naturalmente, a história. Neste segundo capítulo da série, somos apresentados a uma nova tripulação composta por membros do Diretório Terrestre. Sua missão é se infiltrar em um conflito civil entre facções em Arcádia, um local sob a influência do Protetorado, uma mega corporação que tenta lidar de forma autoritária com a situação sem perder sua influência com os habitantes que insiste em chamar de súditos.
O objetivo do Diretório é investigar a origem de estranhas fendas que ameaçam o espaço-tempo e podem causar a destruição da galáxia como a conhecemos. À medida que essas fendas se espalham pela colônia de Arcádia, cada facção busca tirar proveito delas para alcançar seus próprios interesses.
A trama conduz o protagonista — comandante da tripulação do Diretório Terrestre — e sua equipe por diferentes pontos da galáxia, em uma jornada para desvendar a complexa teia política e social que se formou. Assim, começa mais uma aventura em um mundo peculiar, habitado por figuras excêntricas, com altos e baixos, mas repleto de mistérios a explorar e descobertas a fazer.
Mundos a explorar, pessoas a conhecer e muito para fazer
Tal como o primeiro The Outer Worlds, The Outer Worlds 2 é um RPG de ação em primeira pessoa — também jogável em terceira pessoa — em que assumimos o papel de um personagem central em uma aventura por mundos únicos, repletos de acontecimentos simultâneos, com o objetivo de, mais uma vez, salvar a galáxia.
As escolhas continuam sendo o cerne da experiência. Por meio de decisões, muitas vezes controversas ou difíceis, a história se molda de acordo com o jogador. Essa dinâmica torna cada jornada única, oferecendo jornadas distintas para quem se aventura em The Outer Worlds 2.
O desempenho do jogador nas missões — especialmente nas secundárias —, somado às interações e diálogos com as dezenas de NPCs, cria uma narrativa personalizada, que leva a desfechos marcados por perdas, personagens ausentes e consequências de ações passadas que afetam o curso da trama.
Os mundos permanecem exuberantes e variados, cada um com suas particularidades em paisagens, fauna e habitantes. A interação com os NPCs também influencia a reputação junto às diferentes facções, como no primeiro título. Dependendo da relação com cada uma delas, surgem benefícios e conflitos — desde descontos em lojas e acesso a áreas restritas até reações hostis e recompensas pela sua cabeça.
A personalização, outro ponto forte da série, está de volta. Diversos itens e equipamentos, com efeitos variados, podem ser coletados ou fabricados. Eles não alteram apenas o visual do comandante, mas também oferecem aprimoramentos únicos, permitindo carregar mais armas, obter resistência a elementos ou melhorar atributos como vida e defesa.
A jornada se torna ainda mais interessante ao lado de companheiros de tripulação. Até dois podem acompanhar o jogador, e a maioria é formada por personagens encontrados ao longo da história. Cada um possui habilidades exclusivas, úteis tanto em combate quanto na exploração dos ambientes.
As habilidades e talentos retornam com a mesma dinâmica do antecessor. Ao acumular experiência suficiente, o jogador sobe de nível e ganha pontos de habilidade para distribuir entre diferentes atributos. A cada dois níveis, também é concedido um ponto de talento — um segundo tipo de atributo voltado a características passivas especiais.
A forma como esses pontos são distribuídos influencia diretamente as ações possíveis durante o jogo, como opções de diálogo ou interações com objetos em Arcádia. Em alguns momentos, vale a pena guardar pontos para utilizá-los em situações específicas, especialmente em conversas decisivas com NPCs.
Além das habilidades e talentos, o comportamento do jogador pode gerar os chamados Defeitos. Dependendo das ações, uma terceira categoria de atributos se torna disponível. Os Defeitos são efeitos passivos opcionais que, se aceitos, impõem uma penalidade permanente, porém concedem alguma vantagem — nem sempre tão útil quanto parece.
Por exemplo, é possível ganhar velocidade ao se mover agachado, o que ajuda em abordagens furtivas, mas os joelhos passam a emitir ruídos perceptíveis em um raio de dez metros, comprometendo o elemento surpresa. Em outra situação, o jogador pode receber um ponto extra de habilidade ao subir de nível, contudo, só poderá aplicá-lo em atributos menores, limitando a evolução do personagem. São escolhas de risco que exigem planejamento, já que são irreversíveis.
Jogando seguro, faltou inovar mais
Minha experiência com o primeiro The Outer Worlds aconteceu em 2024, após resgatá-lo na leva de cortesias de fim de ano de 2023 pela Epic Games Store. Já havia ouvido falar sobre o jogo, principalmente por conta do humor único que o caracteriza, e isso me motivou a jogá-lo naquele início de ano para conhecê-lo mais.
Graças à introdução que tive com o título naquela ocasião, compreendi por que tantas pessoas gostam — e até exageram um pouco — ao falar dele. Concordo com muitas opiniões, especialmente quanto à profundidade do gameplay, que oferece uma liberdade notável na exploração e na forma como o jogador pode moldar a história ao longo da jornada.
A direção de arte, o roteiro e a atmosfera também são destaques, e pude entender o motivo da notoriedade crescente que o jogo conquistou, principalmente após o lançamento da versão remasterizada e completa do primeiro título.
Em The Outer Worlds 2, a sensação que tive foi a de estar jogando o primeiro novamente, mas com algumas melhorias pontuais nas dinâmicas e no ritmo. No entanto, é inegável que a jogabilidade não apresenta grandes inovações. Para quem já é veterano nesse universo peculiar, as diferenças são mínimas — com exceção dos menus, que estão mais organizados e intuitivos.
Dito isso, as inovações reais estão nos visuais. Desenvolvido na Unreal Engine 5, apresenta gráficos impressionantes. Mesmo com um PC de desempenho moderado, consegui configurá-lo para obter uma experiência fluida e visualmente agradável. O mínimo esperado para um novo título lançado na atual geração. Acredito que, nos consoles e em computadores mais potentes, o resultado seja ainda melhor, aproveitando os recursos da nova geração, como tempos de carregamento reduzidos e efeitos de ray tracing.
Em suma, The Outer Worlds 2 expande o universo criado pela Obsidian em uma nova aventura repleta de excentricidades e das mesmas doses generosas de humor e crítica social que marcaram o primeiro jogo. Se você busca mais da experiência que já considerou excelente no antecessor, é mais do que bem-vindo a se juntar novamente à tripulação nessa sequência alucinante.
O que era bom… continua bom
The Outer Worlds 2 é, essencialmente, uma continuação segura. A Obsidian manteve tudo o que fez o lançamento anterior ser tão apreciado — humor ácido, liberdade narrativa e ambientação vibrante —, porém sem se arriscar muito em novas ideias. O resultado é um RPG sólido, com uma escrita afiada e um universo ainda cativante, mas que pode soar familiar demais para quem esperava algo mais ousado.
Apesar da falta de inovações expressivas, o jogo brilha em sua construção de mundo e no refinamento técnico proporcionado pela Unreal Engine 5, que realça cenários e personagens de forma convincente. O ritmo da história, o sistema de escolhas e a liberdade de personalização continuam envolventes, garantindo uma experiência gratificante para quem já era fã da franquia.
The Outer Worlds 2 não reinventou sua fórmula, mas entregou exatamente o que prometeu: uma nova viagem pelo caos espacial com muito carisma, humor e crítica social. Um retorno competente a um universo que ainda tem muito a dizer — mesmo que já saibamos bem como ele funciona.
Prós
- História envolvente com bom ritmo e diálogos bem escritos;
- Liberdade de escolha que realmente impacta o rumo da narrativa;
- Direção de arte e ambientação visualmente impressionantes;
- Personagens carismáticos e bem construídos;
- Sistema de personalização variado e recompensador;
- Desempenho técnico sólido, mesmo em máquinas intermediárias.
Contras
- Estrutura e jogabilidade permanecem muito semelhantes ao antecessor, o que não demonstra inovação;
- O ritmo da narrativa pode parecer previsível em certos momentos.
The Outer Worlds 2 — PC/PS5/XSX — Nota: 8.0Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Thomaz Farias
Análise produzida com cópia digital cedida por Xbox Game Studios













