Little Nightmares III é o terceiro título da aclamada franquia de horror, conhecida por seus cenários sombrios, quebra-cabeças inteligentes, intensos momentos de plataforma, perseguições frenéticas e uma história repleta de mistério. Nesta nova aventura, acompanhamos os melhores amigos Low e Alone, que precisam sobreviver juntos aos terrores da aterrorizante Lugar Nenhum. Eles enfrentarão provações que testarão a força de sua amizade.
Low e Alone, a dupla dinâmica
Antes de mergulharmos na história de Little Nightmares III, é importante relembrar alguns fatos já conhecidos. O jogo se passa em Lugar Nenhum, uma dimensão acessível apenas por crianças especiais (como Six e Momo, dos jogos anteriores) ou por aquelas que passaram por traumas significativos.
Essas crianças são levadas para lá pelo Barqueiro, uma entidade que as sequestra para se tornarem presas das terríveis criaturas que habitam essa dimensão. Entre essas criaturas, destacam-se as “entidades”, seres com poderes especiais, como a Queixa (do primeiro jogo) e o Homem Magro (do segundo jogo).
O terceiro jogo introduz uma nova dupla de protagonistas carismáticos: o garoto Low e a garota Alone. Suas aparências encantadoras e os momentos de amizade, nos quais se abraçam ou se apoiam reciprocamente para superar desafios, foram os pontos altos para mim. No entanto, o desfecho da trama e, principalmente, a batalha contra o chefe final, deixaram a desejar.
Ao refletir sobre os eventos narrados, a impressão é que este título funciona mais como um spin-off da franquia do que como uma sequência numerada. Muitas das questões levantadas nos jogos anteriores permanecem sem resposta ou nem são mencionadas.
Acredito que a Supermassive Games, o novo estúdio responsável pela direção, pode ter encontrado dificuldades em conectar a narrativa, optando por um jogo mais “seguro” e com poucas inovações. Talvez o DLC Segredos da Espiral, já confirmado, traga as respostas que faltam.
Chave-inglesa e arco
Os novos protagonistas introduzem mecânicas de jogo distintas: Low utiliza uma chave de grifo poderosa, enquanto Alone possui um arco e flecha. Ambas as ferramentas são principalmente empregadas na resolução de quebra-cabeças e, em raras ocasiões, em combate. A frequência dos momentos de luta poderia ser maior, dado que o jogo introduziu essas ferramentas.
Uma novidade é a opção de multijogador, que permite que dois amigos vivam a aventura em conjunto, cada um no comando de um personagem. Graças ao “Passe de Amigo”, apenas um dos jogadores precisa adquirir o jogo para que ambos tenham acesso à campanha completa.
No entanto, durante o período de embargo, não foi possível testar o modo multiplayer. Assumi o controle de Low, enquanto a IA do jogo controlava Alone. A inteligência artificial é, na maioria das vezes, competente, mas ocasionalmente demonstra lentidão, ficando para trás ou parada sem motivo aparente. Em algumas situações, ela não seguia o jogador e, em uma ocasião, precisei recarregar do ponto de controle (checkpoint) para que Alone voltasse a se mover.
No entanto, a ausência de cooperativo local ou cross-play entre plataformas é uma decisão questionável. Embora haja um forte incentivo ao multijogador, essa limitação restringe os jogadores a precisarem de um amigo na mesma plataforma e os torna dependentes de serviços de assinatura como o Game Pass ou o PS Plus.
As qualidades presentes nos jogos anteriores permanecem: os momentos de furtividade, as perseguições com criaturas monstruosas e os quebra-cabeças. Estes últimos, porém, são bastante simples e um tanto “sem graça”, com poucos usando bem o arco e a chave-inglesa. Um nível de desafio um pouco maior seria bem-vindo, além de um uso mais interessante das novas ferramentas.
Por outro lado, os momentos de plataforma se destacam por sua criatividade e diversão, especialmente na primeira fase, a Necrópole. Nela, uma mecânica temporária muito divertida é introduzida, diversificando a fase e tornando-a única em comparação com as demais.
Onde os pesadelos vivem
Little Nightmares continua sendo um jogo breve, com uma duração de no máximo quatro horas. Eu dediquei um tempo extra à caça de colecionáveis, as bonecas, que são desafiadoras de encontrar nos cenários macabros e lineares.
A ambientação se divide em quatro fases atualmente: Necrópole, Fábrica de Doces, Circo e Instituto. As fases adicionais da expansão Segredos da Espiral ainda não foram lançadas. Todas as fases disponíveis até agora são deslumbrantes e macabras, com um excelente trabalho de luz e sombra que contribui para uma imersão profunda.
Contudo, sinto que faltou algo que as distinguisse mais dos cenários de jogos anteriores da franquia. Embora bem construídos e detalhados, eles se tornam um pouco repetitivos após jogar os títulos anteriores. Senti falta de uma maior criatividade no design desses ambientes.
Por exemplo, o trecho inicial no deserto poderia ter sido expandido para uma fase completa no ambiente aberto ou existir mais fases em ambientes como esses na natureza dessa terra estranha. Isso quebraria a monotonia dos ambientes predominantemente fechados.
Os monstros não estão embaixo da cama
Little Nightmares III introduz novos monstros, como a aterrorizante gerente da Fábrica de Doces, que se destaca como uma das melhores antagonistas deste título. No entanto, considero que o primeiro jogo ainda representa o auge da franquia.
A trilha sonora se mantém de extrema qualidade, com um coral sombrio de crianças cantando em momentos mais silenciosos para imergir o jogador na ambientação. A sonoplastia das criaturas também é ótima; ao andarem, é possível ouvir seus ossos estalando, tornando-as ainda mais aterrorizantes.
Embora o fator “surpresa” ou “inovação” tenha diminuído, a qualidade dos monstros permanece. Eles são bem elaborados e dignos de serem chamados de pesadelos. As perseguições continuam competentes e implacáveis, mas ainda senti falta de um elemento que as diferenciasse das presentes nos títulos anteriores.
Melhores amigos sempre unidos
Little Nightmares III apresenta ambientação e trilha sonora excelentes. O jogo se destaca como um título sólido, oferecendo uma boa história, apesar de deixar algumas perguntas do seu antecessor sem resposta. Contudo, o título poderia ter se beneficiado de mais criatividade na concepção dos perseguidores e na ambientação. Além disso, a utilização das novas mecânicas foi limitada e a ausência de opções de cooperação local ou cross-play entre plataformas é um ponto a ser considerado.
Prós
- Cenários macabros muito bem-feitos;
- História interessante;
- Protagonistas carismáticos;
- Passe de Amigo (Friend Pass);
- Perseguições cativantes.
Contras
- Falta de co-op local e crossplay entre plataformas;
- Mau aproveitamento das novas mecânicas;
- IA no modo solo pode ter ocasionais falhas.
Little Nightmares III — PS5/PS4/XSX/XBO/PC/Switch/Switch 2 — 8.0Versão usada para análise: PlayStation 5
Revisão: Ives Boitano
Análise produzida com cópia digital cedida pela Bandai Namco Entertainment

















