Fantasy Maiden Wars — DREAM OF THE STRAY DREAMER — é um RPG tático por turnos ambientado no universo de Touhou Project, sendo o primeiro título da série a receber localização oficial em inglês. Desenvolvido pela Sanbondo, o jogo reúne as quatro partes lançadas originalmente entre 2010 e 2017 na forma de um único pacote. Apesar das boas ideias aplicadas ao gameplay, Fantasy Maiden Wars enfrenta alguns problemas de ritmo e pode acabar afastando jogadores que não estão familiarizados com o universo da série.
Instabilidade em Gensokyo
A história de Fantasy Maiden Wars se passa em Gensokyo, um mundo mágico que foi isolado da realidade. Nesse universo, a convivência entre humanos e youkais, criaturas mágicas do folclore japonês, enfraqueceu com o passar do tempo, principalmente por causa do avanço da ciência e da tecnologia que afastaram os humanos da crença no sobrenatural.
Para conter esse colapso, os grandes Sábios ergueram barreiras mágicas em Gensokyo, que mantiveram o equilíbrio por um tempo. No entanto, após mais de um século, eventos misteriosos começaram a ocorrer, ameaçando novamente a estabilidade do mundo. Nesse contexto, conhecemos a sacerdotisa Reimu Hakurei e a bruxa Marisa Kirisame, as protagonistas da aventura. As duas, junto de suas companheiras, decidem investigar as anomalias que assolam a região e acabam se envolvendo em uma aventura cheia de mistério e batalhas.
Logo no início, podemos escolher entre as duas protagonistas. A escolha altera certos diálogos e muda o ponto de vista de algumas cenas, o que dá um toque interessante à narrativa para quem tiver interesse em rejogá-lo. Para quem, assim como eu, não é familiar com o universo Touhou, o jogo conta com um Glossário que explica termos e conceitos específicos e detalhes da história. No entanto, a ausência de tradução para o português pode ser um problema, pois toda a experiência depende de longos diálogos e descrições em inglês, o que pode afastar quem não domina o idioma.
Um RPG estratégico tradicional
O centro da jogabilidade de Fantasy Maiden Wars está nas batalhas táticas em turno, onde controlamos um grupo de personagens e precisamos planejar bem nossas ações com base nas características únicas de cada integrante da equipe. As arenas são divididas em grades quadriculadas e cada personagem possui um alcance de movimento específico, definido por seus atributos. Além disso, podemos equipar armas e itens que alteram parâmetros como ataque, defesa, vida e mobilidade, o que dá uma camada estratégica interessante às batalhas.
Durante os confrontos, na nossa vez, escolhemos as habilidades ou armas a serem usadas; já no turno inimigo, é possível definir se o personagem vai tentar se esquivar dos ataques, aumentando as chances de evitar dano, ou contra atacar, infligindo mais dano ao inimigo. Essa dinâmica é simples, mas torna os combates mais envolventes, exigindo atenção e noção das habilidades dos adversários.
Cada mapa apresenta um objetivo principal, como derrotar todos os inimigos ou alcançar uma área específica, e oferece diferentes graus de desafio. O jogo conta com múltiplas opções de dificuldade para atender desde iniciantes até veteranos do gênero. Jogando no modo normal, não encontrei grandes obstáculos, exceto por algumas batalhas mais longas e exigentes.
Um destaque importante é o sistema de progressão das personagens. Cada vitória concede experiência que, aos poucos, vai fortalecendo o grupo. Gerenciar bem o crescimento das heroínas e distribuir os inimigos entre elas se torna essencial para manter um equilíbrio na equipe. Esse elemento dá um bom ritmo ao progresso da campanha e reforça a necessidade de planejamento do combate.
Boas ideias, mas com ressalvas
Apesar de fazer o básico bem-feito e ter qualidades interessantes, Fantasy Maiden Wars sofre com alguns problemas, principalmente no ritmo. A história é interessante, mas o excesso de diálogos deixa a experiência arrastada. Tudo acontece por meio de longas conversas exibidas em caixas de texto sobre cenários estáticos e genéricos de paisagens japonesas. Não foram poucas as vezes em que eu me distraí ou simplesmente perdi o interesse durante essas cenas.
Em vários momentos, acabei acelerando as falas para chegar logo aos combates. Planejar as formações, escolher itens e definir habilidades foi o que realmente manteve meu interesse durante a campanha. Ainda assim, senti falta de uma interface mais prática e, principalmente, de um equilíbrio melhor entre narrativa e ação, algo necessário para que o ritmo não se torne cansativo.
Uma boa forma de chegar ao ocidente
Fantasy Maiden Wars — DREAM OF THE STRAY DREAMER — é uma boa porta de entrada para quem nunca teve contato com o universo de Touhou e busca um RPG tático tradicional, com batalhas bem construídas e personagens interessantes. O jogo mostra sua qualidade no sistema de combate, mas ainda tropeça em ritmo e apresentação. As longas cenas de diálogo acabam atrapalhando a dinâmica das batalhas e podem afastar quem espera algo mais direto ao ponto.
Prós
- O combate tático por turnos bem estruturado e estratégico;
- O sistema de progressão de personagens que dá um bom senso de evolução;
- O glossário é útil para quem não conhece o universo Touhou;
- Os múltiplos níveis de dificuldade atendem jogadores de diferentes perfis.
Contras
- O ritmo deixa a campanha cansativa devido ao excesso de diálogos longos;
- As cenas estáticas e genéricas tornam a narrativa desinteressantes;
- A ausência de tradução para o português pode afastar alguns jogadores.
Fantasy Maiden Wars — DREAM OF THE STRAY DREAMER — — PC — Nota: 6.5
Revisão: Beatriz Castro
Análise feita com cópia digital cedida pela Phoenixx Inc.









