Lançado para dispositivos de VR em 2024, Alien: Rogue Incursion ofereceu uma sólida experiência inspirada na clássica franquia de filmes de terror para os visores de realidade virtual. Trazendo diversos elementos de toda a série, além de muita inspiração no aclamado Alien: Isolation, o título ganhou destaque no nicho de VR.
Agora, essa mesma experiência foi adaptada para a jogabilidade tradicional com controle e teclado + mouse em Alien: Rogue Incursion - Part One: Evolved Edition. Sendo uma das raras vezes em que ocorre esse tipo de transposição, vamos ver se o esforço valeu a pena.
Uma dupla, mil aliens
A incursão clandestina narra a história de Zula, uma ex-fuzileira colonial que deseja acabar com os planos da Weyland-Yutani de utilizar os xenomorfos como armas. Acompanhada do sintético Davis, a dupla parte para o planeta Purdan, onde recebem um sinal de socorro.
Ao se infiltrarem em uma instalação de pesquisa após um pouso forçado, Zula e Davis precisam lidar com dezenas de xenomorfos. Claro que partirem sozinhos para um ambiente tão perigoso desencadeia uma série de eventos que colocam a vida da dupla em risco, mas ao mesmo tempo intensificam a relação de camaradagem entre os dois.
A jornada ocorre dentro da instalação Gemini Exoplanet Solution, onde continuamos investigando o que aconteceu no local, totalmente tomado pelos ameaçadores alienígenas.
Logo de cara o jogo já apresenta uma excelente ambientação, o ponto alto de Rogue Incursion. A tecnologia dos objetos com os quais interagimos, a estrutura dos corredores da estação e os objetos que compõem cada sala criam com eficácia a atmosfera típica de Alien.
Ainda que o terror não seja o foco dessa ambientação, o clima de tensão é predominante, devido ao alto número de xenomorfos que nos atacam constantemente e ao bom sistema de iluminação. Os corredores mal iluminados, com efeitos de fumaça pelo caminho, mantêm o suspense com eficiência.
Além disso, o som proporciona uma imersão impressionante, herança do ótimo trabalho no PlayStation VR2. Os sons ambientes, os rastejos dos xenomorfos e os bipes das máquinas nos transportam para o universo de Alien, especialmente quando jogado com um bom fone de ouvido. Vale lembrar que o jogo possui textos localizados em português.
Entre corredores e mais corredores
Vamos explorar esses corredores e outras salas em busca de quebra-cabeças para abrir portas e obter informações ou objetos cruciais para a missão. Observar cada canto é importante para entender como prosseguir, mas o jogo é bem linear e sempre podemos contar com a ajuda de um mapa para orientar nosso caminho.
Quando não estamos vasculhando cada canto, atiramos em xenomorfos. Ao contrário de Alien: Isolation, as temíveis criaturas vêm em ondas infinitas, sempre que estamos explorando as áreas.
Não é tão complicado lidar com eles, mas eles tendem a atacar de diferentes formas. Seja nos surpreendendo desprevenidos, rastejando pelas sombras ou simplesmente saltando diretamente sobre nós, é importante ter os recursos necessários para lidar com eles — ou seja, o gerenciamento de munição é essencial em Rogue Incursion.
Com o tempo, essa constante ameaça vai perdendo força, especialmente se ficarmos perdidos e sujeitos a ataques pelas ondas. E vale lembrar que não há variedade de inimigos, exceto alguns momentos com facehuggers; são apenas os xenomorfos pretos e esguios, e nada mais.
Os quebra-cabeças também acabam decepcionando por serem superficiais, já que a maioria se resume a um desafio de ligar cabos de força da maneira correta. São importantes para abrir as portas que dão acesso a pontos de salvamento, mas é basicamente isso.
O detalhe que compensa a falta de variedade está na duração curta da campanha, com cerca de cinco a oito horas. Mesmo assim, fica a impressão de que os desenvolvedores priorizaram outros elementos mais relevantes para um jogo que, originalmente, foi concebido para VR.
Adaptações necessárias
Algumas adaptações foram feitas para ajustar um jogo de realidade virtual a um formato mais tradicional. A jogabilidade de tiro, o acesso ao mapa, o sensor de proximidade e a interação com terminais foram todos convertidos para o controle tradicional sem grandes dificuldades.
Porém, os elementos que exigiam uma maior interatividade do jogador, como as sequências de pegar um objeto, escalar paredes ou uma cena específica com facehuggers, foram reduzidos a situações de Quick Time Events (QTEs), o que diminuiu bastante a imersão pretendida.
Outro problema aparente nessa transição está relacionado aos objetos interativos, como livros, martelos e caixas que, no VR, serviam como material de imersão; aqui se tornaram totalmente inúteis. Nada de buscar arquivos para ler ou arremessar um copo em um xenomorfo; tudo acaba sendo irrelevante.
Ainda que a parte técnica esteja bem planejada dentro de suas limitações, enfrentei alguns bugs durante a jogatina. Xenomorfos desaparecendo repentinamente, sintéticos levitando sem explicação e até um momento em que não consegui mais movimentar Zula livremente foram algumas das situações estranhas que presenciei.
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| A poça de sangue voadora do xenomorfo foi uma das bizarrices que presenciei. |
Os textos em português também sofrem com falta de polimento notável na forma como são exibidos. Se a fala possui mais de três linhas, a legenda não consegue exibir tudo propriamente, o que prejudica a compreensão em vários momentos.
Competente e com potencial para mais
Alien: Rogue Incursion - Part One: Evolved Edition é uma aventura competente e até bem adaptada, representando a experiência mais próxima que teremos de Alien: Isolation até a chegada de sua sequência. A relação dos protagonistas e a ambientação são os pilares que sustentam bem a proposta do jogo.
Uma pena que as filosofias de design herdadas da versão de realidade virtual ainda influenciem a experiência. A estrutura simples dos quebra-cabeças e do combate, a falta de variedade de inimigos e ambientes, assim como os bugs e outros problemas técnicos acabam prejudicando o potencial do título. Ainda assim, vale a pena apesar dos percalços, principalmente para os fãs de Alien.
E vale lembrar que este é apenas o primeiro capítulo dessa história. Não sabemos ainda se a continuação seguirá diretamente para uma jogabilidade mais tradicional ou também começará como uma experiência de realidade virtual, mas fico curioso para ver o que será feito a seguir.
Prós:
- Excelente ambientação, tanto pelo trabalho de representar a identidade visual de Alien quanto pelo empenho técnico;
- A história é interessante de acompanhar, especialmente pela relação de Zula e Davis em um ambiente tão hostil;
- Elementos básicos foram bem adaptados para controles tradicionais, como a parte de tiro e a solução de puzzles.
Contras:
- O design do jogo ainda é muito enraizado no VR, deixando muitos vestígios de mecânicas que eram interessantes com a interatividade de um visor;
- Baixíssima variedade de inimigos, puzzles e ambientes;
- Bugs frequentes, como xenomorfos sumindo e coisas voando, deixam um aspecto de falta de polimento.
Alien: Rogue Incursion - Part One: Evolved Edition — PC/PS5/XSX — Nota: 7.0Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Vitor Tibério
Análise produzida com cópia digital cedida pela Survios


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