Análise: A Fuga das Galinhas: A Missão cumpre bem seu papel como continuação dos filmes

Rocky, Molly e mais um grupo de galináceas intrépidas enfrentam inimigos industriais para garantir a liberdade da sua espécie.

em 24/10/2025

A animação A Fuga das Galinhas já mostrou que, quando as penosas estão unidas, não há chance para ninguém. Para provar que além de determinadas, elas são espiãs astutas, A Fuga das Galinhas: A Missão nos coloca no controle do grupo de aves que protagonizou os dois longas, para libertar mais galináceas do destino cruel de virar alimento.

Escondidinho de galinha

A Fuga das Galinhas: A Missão continua a história da franquia exatamente onde o segundo filme, A Ameaça dos Nuggets, se encerrou. O grupo, liderado por Rocky e sua filha Molly, também conta com Fowler, Babs, Bunty, Mac e Frizzle. O objetivo deles é libertar todas as galinhas que foram capturadas pela corporação SEAL, que trancafiou várias delas em cinco lugares fortemente vigiados para usá-las nas mais variadas receitas.

Dentro dessa premissa, a escolha aqui foi de criar um jogo baseado na furtividade, aliado ao estilo caricato e bem-humorado das animações, e esse casamento dá certo. No melhor estilo Solid Snake, elas se escondem em arbustos, cestos de lixo e armários para evitar câmeras de segurança, guardas e até raposas robôs e assim liberar suas irmãs. Se avistadas, um alarme irá soar e ativar diversos tipos de arapucas para nos pegar, mas basta achar o interruptor para desligar tudo e retomar o trabalho.

A dificuldade do jogo pode ser leve, sem nenhuma penalização ao ser pego, ou um pouco mais forte, com a necessidade de reiniciar a fase em caso de falha. Ainda assim, A Missão não é o tipo de jogo massacrante, que exige reflexos rápidos. Basta pegar o jeito de cada inimigo, decorar seu padrão de movimento e não haverá problemas. 

Sempre será necessário escolher três integrantes para o time — salvo os estágios específicos em que só podemos usar duas, por questões narrativas —, sendo uma delas a líder. Todas contam com habilidades específicas, que envolvem atordoar inimigos, trazer camuflagens próprias e emitir um pequeno pulso eletromagnético para desabilitar sensores próximos, para citar alguns. 

Existem os poderes específicos, que são ativados quando cada uma delas é a líder, como demorar mais para a equipe ser detectada ou poder passar mais tempo escondida. Também contamos com itens diversos, que possuem as mesmas propriedades das habilidades, e ajudam a compensar com algo que as galinhas que escolhemos não fazem.

Ainda assim, há algumas falhas que podem acabar atrapalhando um pouco na conclusão das fases. A principal delas é que, se temos mais de um objeto de interação muito próximo, nem sempre iremos acionar o desejado, e isso se torna um problema perto do interruptor do alarme, pois da mesma maneira que ele pode ser desligado, ele pode ser ativado também quando encontrado.

Outra questão é que em alguns momentos, as galinhas adjacentes, sejam as nossas companheiras ou as que precisamos resgatar, ficam presas e somem. Isso dificulta a conclusão dos cenários que precisam de uma quantidade determinada delas em cima de plataformas numeradas para abrir portas. Isso acaba nos levando a reiniciar a fase em questão.

Ainda sobre o grupo de galinhas, não adianta libertar todas e correr para o ponto de encontro para terminar a fase. Se fizermos isso e todas elas não tiverem atingido o objetivo, o estágio será concluído sem completar a contagem. Por isso é necessário esperar todas elas entrarem no local necessário antes de encerrar a missão. Isso se torna um pouco mais chato quando envolve cumprir alguma meta de tempo, que por acaso não é indicado em lugar nenhum da tela. Se quisermos saber quanto tempo já gastamos é necessário pausar o jogo.

Mesmo com essas questões, as mais de 30 fases de Fuga das Galinhas: A Missão cumprem um bom papel em dar continuidade às aventuras do grupo de galináceos na telinha. Elas são curtas, objetivas e descomplicadas, ideal para quem quer uma aventura divertida que fuja do tradicional estilo plataforma que é comumente usado para títulos baseados em animações em geral.

Com direito a receita secreta do dono do galinheiro

Parece pretensioso continuar uma aventura de filme em um jogo, mas em A Missão isso dá certo justamente porque o estúdio Aardman, que criou a animação original de A Fuga das Galinhas, também é o autor de outras pérolas em stop motion, como Wallace & Gromit e Shaun, o Carneiro. 

Logo, desde as interações do mapa até as cenas entre cada área foram projetadas da mesma maneira que os longa-metragens. Cada ambiente criado mostra uma rica variedade dentro do universo de Fuga das Galinhas, com destaque para os vilões que fazem parte das instalações da SEAL. 

Outro ponto forte é a dublagem dos personagens, que apesar de estar em inglês, conta com o retorno de Bella Ramsey (The Last of Us) e Josie Sedgwick-Davies (Doctor Who), reprisando seus papéis como Molly e Frizzle, respectivamente. Para quem curtiu os filmes, é bastante interessante ver os diálogos e cenas entre o grupo ao decorrer da fase, mantendo a mesma pegada.

Pena de quem não der uma chance

A Fuga das Galinhas: A Missão pode até cometer algumas falhas estruturais, mas não deixa de servir como uma boa ideia para continuar as aventuras das aves que só querem sobreviver sem virar almoço. As mecânicas não são complicadas e o ritmo da ação é leve, sendo indicado para jogadores mais jovens ou quem quer dar algumas risadas enquanto se esconde de cozinheiros mal-intencionados.

Prós

  • Desenvolvimento pelo mesmo estúdio que criou os filmes torna a ambientação mais natural, realmente parecendo uma sequência;
  • Jogabilidade divertida, com bom uso dos elementos de furtividade;
  • A estética stop motion combina com o ritmo divertido do jogo e as cutscenes;
  • Dublagem em inglês com parte do elenco dos filmes;
  • O bom humor dos personagens, com direito a vários trocadilhos, sempre vai bem.

Contras

  • Em alguns momentos o botão de interação não corresponde com o elemento que desejamos;
  • Algumas vezes as galinhas ficam presas pelo caminho e isso nos leva a reiniciar a fase;
  • Poderia ter um cronômetro visível nas fases que envolvem marcas de tempo.
A Fuga das Galinhas: A Missão — PC/PS4/PS5/Switch/XBO/XSX — Nota 7.5
Versão utilizada para análise: PS5
Revisão: Beatriz Castro
Análise feita com cópia digital cedida pela GameMill Entertainment
OpenCritic
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Carlos França Jr.
é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no @carlos_duskman
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