Impressões: Tormented Souls 2 não promete inovar, mas tem base que ainda funciona

A sequência do indie de terror chileno seguiu a máxima “não se mexe em time que está ganhando”.

em 09/09/2025

Ser um desenvolvedor independente no Chile não deve ser algo fácil. Mesmo assim, a equipe da Dual Effect, em parceria com a PQube, conseguiu criar um survival horror que homenageia os clássicos como Resident Evil e Silent Hill de forma sincera. Mesmo com um orçamento limitado, o jogo conseguiu uma pequena legião de fãs com o tempo e se tornou uma “jóia escondida”

Agora a equipe retorna com a sequência Tormented Souls 2, que continua a saga de Caroline Walker, que aprofunda a lore do universo sombrio explorando novas temáticas religiosas. Apesar das novidades narrativas, a gameplay não contou com tantas mudanças, mas ainda foi capaz de manter uma base sólida.

Tormento eterno



Depois dos eventos de Tormented Souls, Caroline Walker e a sua irmã Anna procuram refúgio em uma pacata cidade, mais específicamente em um convento de freiras cristãs. Ao chegar no local as irmãs percebem que o pesadelo não acabou e que maquinações macabras estão prestes a se desenrolar.

A temática da vez parece se inclinar na direção da religião que é mais familiar desse lado do mundo: o cristianismo. Enquanto o jogo original já tinha essas inclinações, embora com foco maior no ocultismo e cultos esotéricos, Tormented Souls 2 vai fundo no catolicismo, nos conventos e nas figuras das freiras, que de doces senhorinhas se tornam monstros cruéis e fanáticos.

É interessante ver que a equipe parece se manter na temática, sem necessariamente repetir a história do título antecessor. Logo no começo é possível ver que a motivação de Caroline e os personagens com os quais ela interage tem um tom dramaticamente diferente. Enquanto no jogo original mal apareciam NPCs, nesse parece que a história será outra.

Time que está ganhando…



Parte do apelo dos clássicos de survival horror é o combate truncado, os puzzles de virar a cabeça e uma ambientação assustadora. Tudo isso é mantido no Tormented Souls original, com algumas partes que não funcionam tão bem, como o combate corpo a corpo e a necessidade de abrir o menu para qualquer ação mínima de trocar de arma.

A movimentação e as animações dos monstros também tinham um ar bem claro de baixo orçamento, o que para alguns é parte do charme e para outros é uma característica que distancia. Eu pessoalmente não me incomodei, mas era clara a diferença do tratamento dado ao ambiente, quase impecável quando se tratava de combate.




Em Tormented Souls 2, a equipe fez um esforço para deixar a ação mais fluida, sem necessariamente deixar o jogo moderno demais. Agora temos botões específicos para trocar de armas e itens úteis. O corpo a corpo é mais responsivo e os monstros são menos esponjas de bala.

Mudanças estratégicas que não transformam radicalmente a forma como se joga, mas que melhora consideravelmente a gameplay. Infelizmente, o time não trouxe nada muito novo à mesa. Mantendo o pão com manteiga do gênero, prestando suas homenagens aos projetos já citados acima, e entregando exatamente o que se espera.

Sem segredos



Tormented Souls 2 não esconde suas inspirações, limitações e aspirações. É um projeto de paixão que demonstra um grande amor e conhecimento quando se trata de uma versão clássica do survival horror. Desde os comandos de tanque até os menus para acessar portas, chaves específicas e ambientes mal iluminados.

Tudo no jogo original gritava a existência dessa homenagem, e agora na sequência parece estar ainda mais evidente, mas com uma camada de experiência que foi adquirida pelos desenvolvedores. Para além disso, é possível ver que o projeto caminha com as próprias pernas e não fica apenas no referencial. Tormented é um projeto conciso e inteiro.

Os jogadores que estão ansiosos por encontrar novamente com Caroline e enfrentar criaturas bizarras com o clássico atirador de pregos, com certeza entrarão de cabeça nas loucuras que a Dual Effect preparou. É simples, direto ao ponto e feito com muito carinho.

Texto de impressões produzido com cópia digital cedida pela PQube.
Revisão: Juliana Piombo dos Santos
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Luan Gabriel de Paula
Redator publicitário em tempo integral e amante de games nas horas vagas. Provavelmente aprendi a segurar um controle mais rápido do que uma mamadeira. Cresci com os maiores clássicos da Big N como Zelda, Mario e Pokémon. Hoje aproveito os pequenos momentos de descanso da vida corrida para me perder em Hyrule, em uma Tóquio pós-apocalíptica ou em um mundo de encanadores e cogumelos.
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