Formando uma comunidade
Em Sushi Ben, assumimos o papel de um jovem indivíduo que se muda para a cidadezinha litorânea de Kotobuki. Lá, acabamos encontrando um restaurante à beira-mar que deveria servir sushi, mas que está enfrentando uma crise séria. Sem ingredientes, o chef-em-treinamento Ben não consegue mais fazer nada e mantém o local fechado.Para piorar a situação, um grupo de corretores imobiliários está comprando as terras da região e o seu principal alvo é o restaurante, já que sua posição é estratégica. Os representantes do Grupo Imobiliário Tsujigiri irão fazer de tudo para intimidar Ben e conquistar os terrenos para poder construir um resort no lugar.
Diante da situação, nosso personagem, que acaba sendo possuído por um tsukumogami (um youkai nascido a partir de um objeto), decide ajudar o restaurante e os vários moradores da cidade. Além de conquistar clientes e fornecedores para Ben, aos poucos vamos aprendendo mais sobre a população local, que é composta de vários indivíduos excêntricos, e fortalecendo os laços da comunidade.No quesito história, a trama é conduzida de uma forma interessante, apresentando muito bem o quão curiosos são os indivíduos que vivem em Kotobuki. Eles são bem exagerados de uma forma que reforça os seus traços carismáticos.
Um mundo vibrante, mas oco
Quando se fala de Sushi Ben, um ponto importante para se ter em mente é a forma como ele conta com um estilo de animação japonesa. Mais do que uma inspiração distante, a obra faz questão de reforçar essa perspectiva, trazendo quadros e onomatopeias japonesas como os de um mangá além da modelagem dos personagens em cell shading.O mundo do jogo é realmente vibrante e colorido e dá vontade de continuar explorando. Infelizmente, em contrapartida, a experiência é muito restrita a um foco na jornada principal, com alguns minigames sendo adicionados aos poucos à experiência.
Embora seja possível andar por todo o mapa, a ausência de coisas adicionais para fazer deixa a cidade com aparência de morta. Não é possível sequer interagir com os personagens para receber uma fala inócua como um “Olá, estou ocupado.” e muitas vezes eles nem estão presentes no mapa. Assim, a curiosidade do jogador é recompensada com a perda de imersão e a percepção de que mesmo os personagens são apenas objetos sem vida que podem ser usados para ativar eventos.Após certos pontos da história principal, vamos liberando minigames e quests secundárias para povoar um pouco mais o mundo. Essas tarefas incluem procurar bonecos daruma pelo cenário, pescar, caçar insetos, jogar pingue-pongue, arco-e-flecha e até mesmo prender espíritos em uma espécie de vaso místico.
Esses momentos adicionam variedade para a experiência e são uma ótima representação de como nosso personagem é um pau para toda obra na cidade. Todos funcionam de formas bem simples e intuitivas de jogar, sendo a dificuldade apenas executar as ações de forma ágil e precisa.Erros e detalhes que passaram em branco
Sushi Ben pode ser jogado com vozes em inglês ou japonês e ambas as dublagens fazem um bom trabalho em reforçar a excentricidade dos personagens. Em termos de texto, o português do Brasil é uma das opções, o que pode ajudar bastante já que boa parte da experiência envolve leitura.Infelizmente, a qualidade da tradução oscila bastante. Há momentos muito bons e até certas escolhas de trejeitos de fala de personagens de uma forma que reforça o humor e estilização. Porém, há vários erros: palavras ausentes, inconsistências de terminologia, apresentação equivocada do gênero dos personagens, símbolos de erro e até frases que nem sequer fazem sentido e que parecem ter sido traduzidas ao pé da letra.
Outro ponto que acaba pesando contra a experiência no momento são bugs variados. Um que pode ser particularmente fácil de acontecer envolve a interface e o posicionamento dos botões. Na pescaria, por exemplo, é necessário movimentar o mouse em direção aos ícones que aparecem na tela, mas a forma como eles são mostrados depende da sua posição relativa à isca jogada no mar. Já passei por situações em que os ícones ficavam até fora da tela, impossibilitando o uso do sistema.Da mesma forma, caixas de diálogo e outros elementos podem ficar mal posicionados e dificultar a visão dependendo das ações do jogador. Embora haja um cuidado de forçar que o protagonista esteja em posições específicas para ativar alguns gatilhos, personagens podem ficar tampados pelo texto ou pelo tsukumogami, virar para o jogador em momentos que deveriam estar olhando para outras pessoas, etc. O resultado dessas coisas é a sensação de que o jogo precisava de mais polimento e fica a expectativa de mais atualizações após o lançamento.
Ainda no caminho para a qualidade ideal
Sushi Ben é uma experiência de vasculhar um mundo colorido com personagens verdadeiramente interessantes, mas que acaba sendo um jogo mais fraco do que merecia. A soma do todo é menor do que as qualidades das suas partes e, embora ainda seja possível se divertir com as bizarrices da experiência, o projeto merecia pelo menos mais polimento para se destacar de verdade.
Prós
- A trama principal de tentar ajudar a população local é bastante envolvente;
- Personagens curiosos com boas interpretações vocais em japonês e inglês;
- Estilo visual com trejeitos de anime e mangá bastante expressiva;
- Minigames simples e intuitivos.
Contras
- Mundo vazio que praticamente não permite interações fora do principal e, posteriormente, repetição dos minigames;
- Problemas de interface e bugs podem Botões podem ficar fora da área de visão na tela;
- A tradução para o português tem alguns erros.
Sushi Ben — PC/PS5/Meta Quest — Nota: 6.5
Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Johnnie Brian
Análise produzida com cópia digital cedida pela Big Brane Studios













