Análise: Super Robot Wars Y mostra todas as forças da tradicional série de crossover de mechas

A mais nova edição da franquia Super Robot Wars é uma excelente experiência de RPG tático.

em 08/09/2025
Super Robot Wars Y
foi lançado mundialmente para PC, PS5 e Switch em 27 de agosto deste ano. O título é o mais recente da franquia tradicional de RPGs táticos, conhecida por seus grandes crossovers entre obras que contam com robôs gigantes.

De forma geral, já adianto que trata-se de um bom exemplar das qualidades da série, além de ser um marco na história da franquia pelo simples fato de ter sido lançado para consoles no Ocidente. Embora a série conte com edições em inglês há anos, o único lançamento ocidental de um Super Robot Wars focado em crossovers (ou seja, desconsiderando a linha OG) foi o Super Robot Wars 30, cujas versões de console precisam ser importadas da Ásia.

Ninjas, robôs gigantes e cidades flutuantes

Em Super Robot Wars Y, Echika Y. Franburnett, uma jovem garota rica que acaba de fazer 14 anos, descobre que as terras deixadas por seu pai na verdade são uma cidade flutuante. Após uma série de eventos, ela decide declarar independência em relação ao Japão e viajar por vários países oferecendo assistência para vários grupos, seja com o fornecimento de energia ou até no enfrentamento de conflitos.

Entre os personagens que a auxiliam, temos o(a) protagonista, que pode ser o rapaz Cross ou a garota Forte. Ambos são assassinos designados como NINJA (New Infinity Neuron Japanese Assassin) que fazem parte da organização Haze. O personagem selecionado pelo jogador no início é designado para proteger Echika e ajudá-la no processo de gerenciar a cidade que agora é chamada de A.Advent.

Conforme a história avança e realizamos missões primárias e secundárias, liberamos mais aliados com seus próprios robôs para ajudar a encarar as diversas crises que A.Advent encontra pelo caminho. Esses personagens são advindos de séries variadas, incluindo animações Gundam (Zeta, Char’s Counterattack, G, Wing, SEED Destiny e the Witch from Mercury), Mazinkaiser vs. the Great General of Darkness, Code Geass Lelouch of the Re;surrection, Macross Delta, SSSS.Dynazenon, Reideen the Brave, Aura Battler Dunbine e Combattler V.

Enquanto outros crossovers geralmente abordariam essa miscelânea como personagens de vários mundos misteriosamente se juntando em um, o que temos é um universo compartilhado em que todas as histórias existem. Um bom exemplo disso vem já no início com a explicação de que Char e Lelouch representaram lados opostos em uma violenta guerra antes da história começar.

Um dos pontos fortes da experiência é justamente ver como os escritores combinam esses elementos em uma única linha de história. A curiosidade também se expande muito bem para as interações entre os personagens, tendo inclusive algumas piadas com clichês que se aplicam a obras diferentes ou personagens similares com o mesmo dublador, por exemplo.

Embora seja ideal já conhecer as obras originais, tendo em vista que há spoilers sobre as tramas de cada um deles, o jogo consegue apresentar as informações necessárias sem grande esforço. Para quem quer saber mais detalhes ou se recordar de algum personagem, há também perfis e um glossário de termos-chave que podem ser acessados durante os diálogos e no menu principal.

Estrategicamente planejado

A franquia Super Robot Wars é majoritariamente composta por RPGs estratégicos dentro da linha tática. Escolhemos alguns robôs dentre os que temos na equipe e devemos guiá-los pelo campo de batalha, que é uma malha quadriculada (cujas divisórias são invisíveis por padrão, mas podem ser habilitadas).

Durante o turno do jogador, é possível mover quaisquer aliados, sejam eles os robôs ou as naves (o que inclui a A.Advent). O controle da ordem em que eles atacarão deixa o jogador manipular as possibilidades para, por exemplo, garantir que um aliado mais fraco elimine a unidade inimiga e conquiste mais pontos de experiência.


Cada aliado possui atributos próprios que podem diferenciar o quanto eles se movimentam pelo campo de batalha, a sua capacidade de causar dano e desviar, o alcance dos seus golpes, entre outros elementos. Para além da movimentação e dos ataques básicos, cada unidade pode também consumir pontos “SP” para usar Spirits, que são habilidades especiais que podem ativar efeitos de buff, debuff e regeneração. Esses poderes são de extrema importância, especialmente ao lidar com as grandes hordas que são comuns nos mapas do jogo ou inimigos muito poderosos.

Alguns ataques possuem pré-requisitos, como ter um certo valor de Morale, um sistema de pontuação que aumenta com boas performances da unidade e seus aliados em campo. Há também golpes que não podem ser utilizados após se mover, fazendo com que o jogador precise estar em uma posição ideal para usá-lo no seu turno. Outros ainda são os chamados MAP, que permitem causar dano diretamente no mapa, atingindo todas as máquinas que estiverem dentro do seu raio de alcance.


Além da força individual de cada unidade, temos os fatores Support Attack e Support Defend que fazem com que alguns personagens possam auxiliar aliados em suas adjacências. Outro fator a se ter em mente é o Assist Link, que permite usar habilidades escolhidas previamente pelo jogador ao custo de energia acumulada eliminando os inimigos. Em geral, elas são como Spirits adicionais que podem ser usadas como trunfo em momentos de crise.

Saber usar todas essas ferramentas a seu favor faz uma grande diferença na hora de lidar com as fases. Isso é especialmente válido para as que envolvem obter relíquias, já que elas trazem restrições e objetivos mais complexos. Essas missões secundárias são apenas um dos tipos que podem ser realizados e vale destacar que a ordem pode ser selecionada pelo jogador. Porém, há alguns momentos específicos em que uma missão pode deixar as outras inabilitadas, o que é claramente indicado pelo jogo.

Hora do upgrade

Fora das batalhas, Super Robot Wars Y conta com vários elementos de upgrade para o jogador melhorar as suas condições de batalha. Primeiramente, cada unidade pode ter suas habilidades aprimoradas gastando dinheiro e, ao alcançar o nível 5 em todos os atributos, há o desbloqueio de uma grande melhoria. Também é possível equipar itens chamados Parts para afetar a performance das máquinas de diversas formas.

Também é possível melhorar as condições dos próprios pilotos, adicionando várias habilidades passivas e tornando-os mais poderosos. Os “programas” necessários para aprimorá-los podem ser obtidos como recompensas de batalha ou comprados na loja, que demora uma boa quantidade de horas para ser desbloqueada se o jogador decidir explorar as missões secundárias conforme elas aparecem.

Outro fator a se ter em mente é o STG Memory, que é um sistema de desbloqueio de melhorias variadas que devem ser compradas com MxP, a outra “moeda” obtida em batalhas. Similar ao clássico Sphere Grid de Final Fantasy X, esse sistema implica em desbloquear nós em uma rede cujas conexões são divididas em três linhas.

Para cima, temos as passivas vermelhas, que envolvem, de forma geral, técnicas que melhoram a competência de ataque da equipe, seja com aumento de dano ou de energia máxima para o uso de mais golpes. À direita do nó central, temos técnicas azuis voltadas à defesa, como ganho de HP e SP.

Por fim, à esquerda, temos habilidades com efeitos que podem agilizar a progressão da equipe, como aumento de experiência ganha em batalha e redução de custos de upgrade. O sistema de STG Memory é felizmente bastante flexível e o jogador pode simplesmente resetar todos os pontos gastos para testar outras opções sem perdas. Além disso, as opções são expandidas com o tempo, conforme o jogador melhora suas unidades e ganha ranks.

A beleza do crossover

Talvez um dos fatores que acabe mais ajudando a série a se destacar é o fato de que as animações de combate são muito bem animadas. Toda vez que atacamos ou somos atacados, temos que escolher quais armas utilizaremos e os golpes de aliados e inimigos são apresentados em uma cena própria.

Cada golpe implica em uma animação específica, evocando sequências de ataque das próprias séries de onde aquelas máquinas e pilotos vieram. Em comparação com os originais, os robôs são “super deformados”, ou seja, têm um formato exagerado mais cabeçudo e de corpo condensado, mas conseguem transmitir muito bem o charme e a diversidade das séries sem que isso se torne um demérito.

Os personagens originais criados para o jogo também roubam a cena, com especial destaque para os protagonistas e para o A.Advent. As sequências de ataque das Lunedraches (máquinas de Cross e Forte) são extremamente vibrantes, representam muito bem o aspecto “ninja” dos personagens junto com um nível de intensidade muito bem vindo para um ataque especial.

Vale destacar, porém, que a leitura do que é falado durante essas sequências pode ficar comprometida em alguns momentos devido ao uso do texto branco em um fundo no qual ele acaba desaparecendo. Da mesma forma, há também algumas falas que podem ficar estranhas por só serem executadas após os golpes já terem sido terminados.

Honestamente, esses são apenas pequenos detalhes que dificilmente impactam a experiência. Por exemplo, um grande ganho do novo jogo é que os mecanismos de fast-forward e skip foram padronizados de forma bem intuitiva e os botões são mantidos entre as sequências de diálogo e as animações em combate.

O único real gargalo que ainda existe é o fato de que os menus são divididos de uma forma que ainda pode ser um tanto convoluta e pouco intuitiva. Há muitos detalhes que só podem ser vistos e acessados em menus específicos e não ter formas mais ágeis de encontrar essas informações pode tornar o processo um pouco mais chato.

Um bom exemplo disso é o momento de dar deploy nas unidades em combate, já que ele não deixa o jogador sequer saber o nome dos robôs, apenas os números em que eles estão designados e suas aparências, o que pode ser confuso quando há Gundams similares no mapa, por exemplo. Com isso, embora o jogador possa ter tudo o que precisa em algum menu, alguns detalhes importantes para o planejamento estratégico podem só estar disponíveis de uma forma inconveniente.

Uma experiência tática de mecha que empolga

Super Robot Wars Y é mais um excelente exemplar da franquia e mostra todas as características que a tornaram uma presença constante no mercado. Para quem busca um RPG tático empolgante e/ou conhecer um pouco mais do mercado japonês de obras mecha, trata-se de uma obra indispensável e uma fácil recomendação.

Prós

  • Experiência tática cheia de opções de ataque e habilidades para explorar;
  • O sistema STG Memory é uma forma flexível de fazer upgrades, além do controle-fino de personagens com Parts e investimentos individuais;
  • Animações de altíssima qualidade que tornam os combates empolgantes e respeitam as séries representadas;
  • História empolgante que mescla de forma interessante as tramas das séries e apresentam interações divertidas entre os seus personagens;
  • Glossário de termos, personagens e obras para conhecê-las mais a fundo.

Contras

  • Os menus podem ser desnecessariamente convolutos em suas divisões que dificultam a visão geral das informações necessárias para agir estrategicamente;
  • O texto branco fica ilegível durante algumas sequências de animação;
  • Algumas falas de combate ficam estranhas ao acontecer apenas após a animação de ataque.

Super Robot Wars Y — PC/PS5/Switch — Nota: 9.0
Versão utilizada para análise: PC

Revisão: Johnnie Brian 
Análise produzida com cópia digital cedida pela Bandai Namco
OpenCritic
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Ivanir Ignacchitti
é formado em Comunicação Social pela UFMG e costumava trabalhar numa equipe de desenvolvimento de jogos. Obcecado por jogos japoneses, é raro que ele não tenha em mãos um videogame portátil, sua principal paixão desde a infância.
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