Análise: The Knightling: as desventuras de um cavaleiro e seu escudo

aventure-se em um mundo mágico junto ao seu escudo em busca de seu mentor.

em 10/09/2025



The Knightling
, um jogo de ação e aventura com elementos de plataforma e puzzles em mundo aberto desenvolvido pela Twirlbound, foi lançado em 28 de agosto de 2025. No jogo, acompanhamos Knightling, um jovem escudeiro do grande cavaleiro Sir Lionstone, que no passado salvou o reino do ataque de um Titã da Terra. Após vencê-lo, ele pegou como espólios suas armas: uma espada e um escudo chamado Magnustego, ambos feitos de um minério raro chamado Callyrium.

Durante uma patrulha atrás de uma fera que estava causando confusão, eles acabam encontrando um arsenal antigo do mesmo mineral do escudo, que estava sendo cobiçado por um titã. Após um confronto, o grande cavaleiro desaparece, perseguindo o monstro. Agora, o jovem escudeiro, junto ao escudo de seu mentor, deve encontrá-lo.

A jornada do herói

O jovem cavaleiro em treinamento é extremamente carismático, sendo meigo e um pouco inseguro de suas habilidades, mas também corajoso e bondoso, sempre querendo ajudar a população por meio das missões secundárias. Durante sua aventura, acompanhamos seu amadurecimento e como sua confiança em si aumenta.

A narrativa é simples e, como o título sugere, é uma clássica jornada do herói, na qual o personagem evolui com o tempo até chegar ao seu auge. Ela me divertiu e me surpreendeu com seu final, entregando algo além da minha expectativa. E, caso você não consiga terminar tudo o que o jogo tem a oferecer, pode ficar tranquilo, pois ele permite voltar a um ponto antes do final após ser zerado.

Porém, eu teria me interessado mais em me aprofundar em alguns aspectos, como ler pergaminhos, descrições de itens, testar as opções de diálogos presentes, embora elas não tenham um peso real, fazer algumas missões secundárias mais bobas, como perguntar aos cidadãos qual a opinião deles sobre a rainha, caso o jogo tivesse legendas em português.

O mundo é seu parque de diversão

The Knightling foge da moda de jogos com mundo aberto exageradamente grande, oferecendo um mapa de tamanho mediano dividido em quatro regiões interligadas. O reino de Clesseia possui diversas áreas, como campos rurais, o centro da cidade (com forjas, a escola de cavaleiros e a loja de roupas onde é possível trocar a cor e o "cabelo" do protagonista e do escudo), desertos com ruínas antigas, e a muralha que impede a invasão dos titãs (sendo o cartão-postal do local). Há também uma floresta densa com espinhos, cogumelos e bolhas gigantes que jogam o personagem no ar. Uma última região é secreta e exige progredir na campanha principal para ser liberada.

Caso o jogador não queira andar entre as regiões, existe a viagem rápida. No entanto, ao fazer isso, ele estará evitando a melhor mecânica do jogo: usar o escudo lendário Magnustego como um skate. Ele permite deslizar rapidamente por vários metros, usando tudo o que o cenário tem a oferecer, como cogumelos azuis que dão impulso e um musgo azulado no chão que aumenta sua velocidade. Assim, a exploração é muito rápida, sempre incentivando o jogador a usar essa mecânica para evitar andar e apenas "surfar" no escudo.

Um pouco mais adiante na história, ao liberar a função de parapente e a possibilidade de planar nas correntes de vento espalhadas por todos os locais do mundo, a movimentação alcança seu auge. Sendo possível explorar o mapa todo em minutos, além dessas mecânicas serem primordiais durante a aventura.


Durante minhas 10 horas desbravando esse mundo no PlayStation 5, me deparei com uma queda de FPS perceptível na cidade principal do jogo, mas isso ocorreu apenas uma vez. Também testemunhei outros problemas mais simples, como NPCs entrando em objetos do cenário (rochas, por exemplo) e texturas demorando para carregar.

Um cavaleiro deve ajudar o povo

Embora o jogo tenha um mapa aberto as atividades secundárias são moderadas, nunca fica exaustivo ou cansativo, elas podem ser resumidas em missões secundárias que têm objetivos variados dos mais interessantes como descobrir mais da história do Sir Lionstone enquanto outras são coisas como fazer queijo. As recompensas incluem fatias de Panforte (uma sobremesa italiana) que, ao se acumular quatro, aumentam a vida máxima, ou pedaços de tecido que aumentam a mochila. Além de corridas, em que o jogador deve deslizar por um trajeto e bater o tempo recorde, ganhando recompensas que são baús um para cada colocação, primeiro, segundo e terceiro lugar.

A mochila é o equivalente ao frasco de Estus do Dark Souls, só que, aqui, para encher ela, deve conseguir comida como cenouras, encontradas pelo chão, apenas esperando para serem colhidas usando a corda do protagonista, que ele também usa para abrir baús ou carne, que pode ser largada ao derrotar monstros.

O jogo não se prende apenas a corridas e auxiliar os NPCs; existem também as torres de cartografia, liberadas ao consertar uma escada, que ficam em locais de difícil acesso. Por fazer essa gentileza, o cartógrafo presenteia o jogador com uma parte do mapa do local.

Ele também vende informações sobre a localização de outras atividades, como templos do titã, ninhos de monstros e acampamentos de bandidos e até alguns itens necessários para concluir missões secundárias, desde que o jogador tenha Guilders, a moeda do jogo, adquirida ao abrir baús e concluir missões. Após serem compradas, essas informações ficam marcadas no mapa.

Porém, algo que não pode ser comprado é a localização dos puzzles espalhados pelo mundo, eles envolvem normalmente usar as estrelas para direcionar energia para formar o desenho da constelação, mas esse elemento não é o foco do jogo, existindo poucos e quase não sendo presentes na campanha principal.

Um escudo com mil e uma utilidades 

O combate foi uma agradável surpresa, sendo cadenciado e frenético. Knightling ataca com o escudo, realizando combos ágeis. É possível arremessar o adversário no ar e continuar golpeando-o; ou arremessar o próprio escudo, que causa pouco dano, mas tem muita utilidade para resolver puzzles e ativar mecanismos. Aparar golpes também causa dano e enche a barra de atordoamento do inimigo. Ao entrar nesse estado de tontura, o inimigo recebe muito dano. Com exceção dos inimigos que usam armaduras, como os bandidos, é preciso atordoá-los para tirar a proteção e poder causar dano.


Embora o herói seja bom de briga, ele perde muita vida e morre relativamente fácil. Por isso, é necessário dominar a esquiva e a aparagem para evitar isso, além de ficar de olho na mochila para não ficar sem cura. O escudo também possui uma barra de "especial" que se acumula ao golpear os inimigos, permitindo causar uma poderosa explosão em área. Mas, se o desafio for muito grande, é sempre possível reduzir a dificuldade ou, caso contrário, até mesmo aumentá-la para o nível mais difícil.


Em The Knightling, há duas árvores de habilidades. A escola de cavaleiros, que usa Knightling Praise adquirido ao derrotar inimigos, e a do escudo, localizada nos ferreiros. Essa última usa engrenagens e a moeda do jogo. Ambas contam com uma variedade considerável de ataques e melhorias, que podem ser resumidas em: golpes novos, como a habilidade de dar pancadas pesadas no solo; ataques que podem ser encadeados após o combo básico de três golpes; impulsos de dano que se manifestam após dar certa quantidade de golpes e melhorias que aumentam o dano dos golpes, o poder da aparada e o acúmulo de energia do escudo.


Magnustego possui espaços para receber runas que dão habilidades passivas a ele, como fazer os golpes terem roubo de vida; poder usar a mochila durante uma corrida, entre muitas outras runas. Elas podem ser recebidas ao se abrir baús, principalmente os grandes, feitos de pedra.

Um bestiário recheado de criaturas 

É comum enquanto se anda, deparar-se com grupos de três a cinco criaturas, como Bingus Slammus (brutamontes que lembram gorilas) e Grimbus (que se assemelha a morcegos) sendo bastante irritante, principalmente em sua versão ágil com uma aura verde em volta da vida, que ataca voando e causando múltiplos golpes em área. Porém, o jogo não possui uma trava de mira, o que dificulta o confronto com inimigos individuais e chefes, tornando a experiência um pouco caótica e chata, pois o jogador se vê acertando o ar em vez do adversário.


No geral, os inimigos são espertos e atacam em bando juntos sem dar espaço às vezes para respirar, com golpes em área e se esquivam bastante. Mas todos os inimigos têm um espaço no caderno do protagonista, onde recebem uma caricatura e uma descrição, detalhando seu comportamento e características.

Há poucos chefes, mas alguns são muito interessantes de enfrentar. Destaque para o bandido da alquimia, que sempre recua e ataca com golpes em área; e o último chefão, que possui uma luta melancólica e divertida.

Canções compostas pelos melhores bardos do reino

A trilha sonora foi composta pelo grupo Tumult Kollektiv, que tem jogos de peso no currículo, como o DLC Frozen Wilds de Horizon Zero Dawn, Horizon Zero Dawn: Forbidden West, State of Decay 2, Assassin's Creed Valhalla e duas DLCs de Borderlands 3.


Para o título do estúdio Twirlbound, eles entregaram um trabalho fenomenal. Com faixas calmas e tranquilas, acompanhadas de violinos e flautas, que criam um ar de fantasia, o grupo garante uma imersão perfeita durante as aventuras. As trilhas mais agitadas para combates e momentos de clímax também os elevam a outro nível.

Todo o herói começa pequeno 

The Knightling é uma obra simples, mas claramente feita com muito carinho pelo estúdio Twirlbound. O jogo entrega uma história cativante, combate divertido, trilha sonora épica e exploração interessante, tudo feito na medida certa. Suas qualidades superam os pontos negativos, mas seria ótimo se o estúdio adicionasse legendas em português no futuro, para que mais pessoas possam apreciar a jornada do jovem cavaleiro com coração de ouro.

Prós

  • Movimentação rápida e fluida;
  • Combate divertido e cadenciado;
  • Gráficos cartunescos lindos;
  • Ótima variedade de inimigos;
  • História simples e cativante.

Contra

  • Falta de legendas em português;
  • Ausência de trava de mira para inimigos;
  • Bugs pontuais e quedas de FPS em alguns trechos.

The Knightling  PS5/XSX/PC/SWITCH Nota: 8.0
Versão usada para análise: PlayStation 5
Revisão: Beatriz Castro
Análise produzida com cópia digital cedida pela Saber Interactive


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Thiago da Silva e Silva
É um universitário se formando em engenharia na UFRRJ,apaixonado por jogos desde a infância, principalmente RPGs.
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