Análise: Towa and the Guardians of the Sacred Tree é uma aventura com desafio na medida e carisma de sobra

Lidere um grupo de guerreiros em um roguelite de ação que esbanja personalidade.

em 18/09/2025
Towa and the Guardians of the Sacred Tree é um roguelite de ação em que acompanhamos guerreiros determinados a salvar o mundo de uma ameaça divina. No controle de um grupo de heróis, devemos conduzi-los em uma jornada com uma narrativa envolvente, combates intensos e desafios progressivos.

Por Towa, por Shinju

Towa é a protagonista que dá nome ao jogo. Apesar da aparência jovial e inocente, a garota é uma divindade cuja missão é proteger os habitantes do vilarejo de Shinju. Em uma relação de afeto e devoção mútua, Towa busca garantir a felicidade e a prosperidade de seu povo, até que essa paz começa a ruir diante da ameaça de um deus maligno chamado Magatsu.

Esse inimigo passa a espalhar um miasma sombrio pela terra, impedindo a vida de prosperar e infestando o mundo com criaturas demoníacas conhecidas como Magaori. Embora Shinju ainda esteja segura sob a influência de Towa, o equilíbrio corre risco se nada for feito para deter o avanço de Magatsu.

Para enfrentar esse perigo, Towa reúne oito guerreiros fiéis à sua causa. Juntos, eles desafiarão inúmeros obstáculos rumo ao confronto final, realizando rituais para recuperar a mana roubada e restaurar a beleza, a paz e a vida ao mundo.

Esses defensores de Shinju, chamados Prayer Children, possuem personalidades únicas e marcantes, o que desperta empatia no jogador. À medida que a aventura avança, recompensas são conquistadas e novas interações entre eles são desbloqueadas, revelando suas histórias e a ligação com Towa, a deusa a quem devotam suas vidas para proteger Shinju.

Esses relatos se entrelaçam, ampliando a imersão e mostrando que a experiência vai além das batalhas. O jogo não se limita à busca por poder para avançar, mas cria vínculos emocionais que tornam esse mundo vibrante ainda mais envolvente.

O poder de dois

No contexto do jogo, a influência do miasma é tão intensa que afeta diretamente a investida de Towa e seus guardiões. A única forma de avançar pelas áreas contaminadas é por meio de um método que utiliza a ligação espiritual entre dois membros do grupo: o atacante, chamado Tsurugi, e seu parceiro protetor, o Kagura.

No gameplay, o Tsurugi é controlado pelo jogador. Ele empunha duas espadas que permitem dois tipos de ataque: Honzashi (vermelho) e Wakizashi (azul). O uso dessas técnicas precisa ser alternado constantemente, pois cada lâmina tem um limite de resistência antes de precisar ser recarregada. Em outras palavras, quando a barra de uma espada se esgota, é necessário trocar para a outra enquanto a primeira recupera sua energia.

O Kagura acompanha o Tsurugi e pode lançar feitiços para auxiliá-lo em combate, como ataques elementais, barreiras defensivas ou campos de influência que aumentam a geração de mana e reduzem a velocidade dos inimigos, entre outras opções.

Cada um dos oito guardiões possui habilidades exclusivas quando atua como Tsurugi, mas compartilha alguns feitiços na função de Kagura, que variam de acordo com sua afinidade elemental — água, vento, fogo ou eletricidade. O jogo incentiva constantemente a experimentar diferentes combinações de Tsurugi e Kagura, permitindo descobrir estilos favoritos para cada situação, seja priorizando ataques físicos com Honzashi e Wakizashi ou escolhendo feitiços que ofereçam maior suporte contra hordas de inimigos.

Outro fator estratégico importante está nos pontos de vida. Como ambos compartilham um elo espiritual, a vida máxima do jogador é a soma dos pontos de Tsurugi e Kagura. Assim, optar por maior vitalidade pode ser vantajoso em certas ocasiões, mas compreender e combinar as técnicas de cada dupla é essencial para aumentar as chances de sucesso em cada run.



Inspirado em outros, mas com identidade própria

Towa and the Guardians of the Sacred Tree é inspirado em títulos consagrados do gênero, e aqui cito como principal referência o premiado Hades. A proposta é simples: derrotar todos os inimigos de uma área, receber recompensas ao fim de cada etapa, fortalecer-se e avançar até o confronto com o chefe da região.

Ao eliminar todos os Magaori de uma área, o jogador pode escolher uma Graça — bônus que permanece ativo até o fim da run. Essas melhorias afetam os status ou habilidades do Tsurugi, do Kagura ou de ambos, incluindo vantagens elementais e efeitos especiais nas técnicas. Como o número de Graças disponíveis é considerável, montar uma build eficiente se torna um desafio estratégico.

Ao término de cada run, seja vitoriosa ou não, retornamos a Shinju para acompanhar novos eventos da história. Nesses momentos, assumimos o controle de Towa, interagimos com os moradores, realizamos atividades extras e aprimoramos os guardiões com pontos de habilidade, além de forjar novas armas.

A forja é uma das mecânicas mais interessantes. Nesse minigame, Towa cria novas espadas usando minerais coletados durante as runs ou comprados no mercado de Shinju. A qualidade da lâmina depende do desempenho na atividade e da qualidade dos materiais utilizados, o que torna o processo envolvente e recompensador.

Entre as dinâmicas mais marcantes está o ritual de sacrifício dos guardiões. Diante da intensidade do miasma, Towa não consegue purificar as regiões sozinha, obrigando o grupo a recorrer a um antigo ritual que exige um preço terrível: a vida de um dos guerreiros.

Após a derrota de um Magatsu-hi, chefe principal de uma região, o Kagura é executado pelo Tsurugi para purificar o local. O guardião sacrificado fica permanentemente indisponível, adicionando uma camada de peso emocional e estratégico às escolhas do jogador. Decidir quais duplas levar às incursões se torna essencial, já que cada vitória implica uma perda irreversível.

Uma experiência de altos e baixos

Towa and the Guardians of the Sacred Tree se destaca em diversos aspectos. O principal é sua narrativa envolvente, com personagens carismáticos, tanto no núcleo central — formado por Towa e seus guardiões — quanto nos habitantes de Shinju, sempre dispostos a ajudar e a oferecer novas interações a cada retorno ao vilarejo.

A ação é vibrante graças à variedade de habilidades dos guardiões, seja no papel de Tsurugi, o atacante, ou de Kagura, o suporte. Testar diferentes combinações para encontrar a dupla ideal é um incentivo extra além do desafio natural do jogo.

À medida que os rituais de purificação reduzem o número de guardiões disponíveis, o desafio cresce. O jogador precisa decidir quem será sacrificado e ao mesmo tempo buscar recursos e itens para equipar os heróis restantes.

É nesse ponto que surge um problema: o gerenciamento de recursos entre os guardiões pode gerar confusão, já que há muitos itens e variações de equipamentos. Felizmente, a maioria deles é compartilhada, eliminando a necessidade de duplicação. A exceção são as espadas, que são únicas e exigem atenção especial para definir quem usará as mais poderosas. Paradoxalmente, com menos guardiões, a administração desses itens se torna mais simples.

No papel de Towa, a evolução da vila de Shinju é outro atrativo, mas também exige dedicação. Melhorar locais como o mercado e o dojo desbloqueia novos itens e habilidades, o que depende tanto do progresso na história quanto do uso de recursos conquistados em cada run. Assim, o sucesso nas incursões é essencial para fortalecer a vila e, consequentemente, os guerreiros.

No fim das contas, minha experiência com Towa and the Guardians of the Sacred Tree foi satisfatória, ainda que marcada por altos e baixos. O gameplay divertido — e por vezes caótico — aliado a uma ambientação aconchegante, rica em detalhes e beleza, torna a jornada cativante. À medida que o desafio aumentava, senti a necessidade de me dedicar mais, escolhendo com cuidado quais guardiões sacrificar e em quais investir para aumentar as chances de vitória.

História, dilemas, esforço e persistência. Esses foram os pilares que sustentaram minha experiência em Towa and the Guardians of the Sacred Tree, uma das aventuras mais marcantes que vivenciei nesta segunda metade do ano.

Uma história de amor, coragem e perseverança

Towa and the Guardians of the Sacred Tree consegue unir emoção e estratégia em uma experiência singular. Sua narrativa profunda e os dilemas trazidos pelo sistema de sacrifício dão peso real às decisões do jogador, enquanto a variedade de combinações entre Tsurugi e Kagura mantém o combate sempre dinâmico e interessante. A evolução da vila de Shinju complementa bem a jogabilidade, oferecendo momentos de respiro entre as batalhas.

Embora o gerenciamento de recursos e equipamentos possa soar confuso e trabalhoso em certos momentos, e a curva de dificuldade seja exigente, o jogo recompensa aqueles que se dedicam a compreender suas dinâmicas e investir no fortalecimento do grupo. Ao final, a jornada se mostra intensa, cativante e memorável, consolidando o título como uma das experiências mais marcantes dentro do gênero em 2025.

Prós

  • Narrativa envolvente com personagens cativantes;
  • Mecânicas de combate dinâmicas com dupla Tsurugi/Kagura;
  • Sistema de sacrifício que impacta diretamente a progressão;
  • Enorme variedade de combinações e builds possíveis;
  • Evolução da vila de Shinju como elemento de progressão extra;
  • Ambientação contagiante e visualmente agradável.

Contras

  • Gerenciamento de recursos e equipamentos é, por vezes, confuso e trabalhoso demais;
  • A quantidade de itens e variações obtidas durante as partidas pode sobrecarregar jogadores iniciantes;
  • Curva de dificuldade acentuada em runs mais avançadas.
Towa and the Guardians of the Sacred Tree — PC/PS5/XSX/Switch — Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Vitor Tibério
Análise produzida com cópia digital cedida pela Bandai Namco Entertainment
OpenCritic
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Alexandre Galvão
Fã de Castlevania, Tetris e jogos de tabuleiro. Entusiasta da era 16-bit e joga PlayStation 2 até hoje. Jogador casual de muitos e hardcore em poucos. Nas redes sociais é conhecido como @XelaoHerege
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