Considerados especialistas no gênero, a Bloober Team traz em 2025 mais uma obra intrigante de horror, desta vez ambientada em um mundo retrofuturista devastado por uma doença misteriosa que dizimou a humanidade. Em Cronos: The New Dawn, a luta pelo futuro exige investigar o passado para tentar sustentar o futuro — mas a um preço alto. Hora de conferir mais na análise a seguir.
A resposta está lá atrás
Cronos: The New Dawn nos coloca no papel da Viajante, uma agente que atua em nome de uma sociedade conhecida apenas como Coletivo. A história se passa em uma versão apocalíptica da Europa Oriental, devastada por um evento chamado Mudança. Nossa missão é explorar uma terra arruinada em busca de fendas temporais que permitam retornar ao passado e encontrar pessoas que são a chave para a sobrevivência dos que ainda restam.
Esse novo mundo é habitado por criaturas horrendas, outrora humanas, conhecidas como Órfãos. Além de extremamente agressivos, eles também possuem a habilidade de se fundir com os corpos de outros Órfãos, absorvendo suas capacidades e tornando-se ainda mais perigosos. Após enfrentá-los, a recomendação é incinerar seus corpos para impedir que outras criaturas se fortaleçam, dificultando ainda mais a jornada.
A Viajante precisa encontrar as fendas que a levarão ao passado e, graças a uma tecnologia desenvolvida pelo Coletivo, pode ceifar as almas de pessoas antes de serem corrompidas pela Mudança. Dessa forma, aproveita seus conhecimentos e habilidades para avançar em sua missão.
No entanto, à medida em que o caminho progride, a sanidade da Viajante começa a se deteriorar, abalada pelas memórias e desejos daqueles que ela absorve. Horror, loucura e tensão moldam sua psique ao longo da jornada em busca de um novo amanhã.
Manipulando o tempo e a sorte
Cronos: The New Dawn é um survival horror à moda antiga, por assim dizer. Com inspirações claras em dois grandes títulos do gênero, Resident Evil e Dead Space, a Bloober Team entrega mais uma obra de qualidade, reafirmando sua experiência e mostrando que consegue criar algo original sem perder a identidade.
A jornada da Viajante nos leva a cenários devastados pela Mudança, muitos anos após o evento que arruinou o mundo e deixou a humanidade à beira da extinção. O planeta agora é hostil, marcado pelas consequências da anomalia que impede a vida de seguir seu curso natural.
Armada com uma arma de tecnologia versátil que pode receber diferentes módulos — transformando-se em pistola, espingarda ou outras variações —, nossa missão é explorar os territórios em busca de fendas temporais que possibilitam retornar ao passado e “sequestrar” as pessoas certas.
Entre confrontos, é preciso investigar locais para descobrir mais sobre essas pessoas antes de viajar no tempo para resgatá-las. A tarefa é difícil e cheia de obstáculos: recursos são escassos e os perigos, que são constantes.
A Viajante pode fabricar munições e itens de cura utilizando materiais coletados pelo ambiente. Eventualmente, salas seguras ficam disponíveis para salvar o progresso, aprimorar equipamentos e realizar upgrades em seu traje especial.
O combate contra os Órfãos, já mencionado anteriormente, traz uma camada estratégica essencial. Essas criaturas podem absorver corpos abatidos para evoluir, tornando-se mais resistentes, rápidos ou até maiores. Para evitar isso, é fundamental incinerar os restos ou usar o cenário a favor — com bombas incendiárias ou explosões ambientais — impedindo que a ameaça se intensifique.
Além disso, a Mudança deixou pequenas anomalias temporais espalhadas pela terra. Elas podem ser manipuladas com o auxílio de um dispositivo do Coletivo, permitindo alterar o ambiente para abrir caminhos, obter vantagens no combate ou solucionar obstáculos. Em algumas situações, essas alterações são reversíveis, já em outras podem ser permanentes, liberando passagens antes inacessíveis.
Inspirado e intrigante
Nossa jornada em Cronos: The New Dawn é desafiadora e, por vezes, cruel. Há momentos de grande tensão em que precisamos decidir entre enfrentar um inimigo ou fugir — seja pela escassez de recursos ou pela certeza de que o que for gasto em um combate pode fazer falta no próximo.
A ansiedade pela busca de recursos é constante. O jogador deve estar atento ao vasculhar cada canto do ambiente, seja para encontrar materiais necessários à criação de um item de cura essencial ou a munição que faltava para derrotar mais um monstro.
A narrativa é envolvente e ganha força graças à atmosfera sombria e enigmática do jogo. Descobrir aos poucos o que foi a Mudança, suas causas e como pode ser revertida ou evitada; entender o que é o Coletivo, seus propósitos e intenções; e explorar a mitologia dos Viajantes e sua submissão ao Coletivo são alguns dos nós narrativos que instigam o jogador a seguir adiante, compondo uma das histórias mais interessantes apresentadas neste ano.
No gameplay, como é de se esperar de um survival horror, não há espaço para facilidades. Até mesmo combates contra inimigos aparentemente mais fracos podem se tornar complicados em ambientes fechados. Aprender sobre as mutações dos Órfãos e compreender as estratégias adequadas para enfrentar cada variação é outro aspecto que valoriza a experiência, tornando-a ainda mais desafiadora.
É difícil apontar falhas na execução de Cronos. Talvez o ritmo, estruturado de maneira propositalmente mais lenta para reforçar a imersão no mundo devastado, possa afastar jogadores não acostumados ao estilo clássico do survival horror, em que cada confronto exige avaliar se vale a pena gastar munição e saúde em troca de possíveis novos recursos. Esse elemento pode influenciar na forma como o jogo será apreciado.
No meu caso, que já me aventurei nos dois títulos que claramente serviram de inspiração — Resident Evil e Dead Space —, estou mais do que satisfeito com o que a Bloober Team entregou. Tenho certeza de que aqueles que realmente apreciam o gênero também vão gostar desta intrigante história, que mescla com maestria horror e ficção científica de qualidade.
Por um novo amanhã
Cronos: The New Dawn é uma prova da maturidade da Bloober Team dentro do gênero survival horror. O estúdio entrega uma experiência sombria, complexa e envolvente, que sabe equilibrar o horror psicológico com elementos de ficção científica de maneira consistente. Embora não seja um jogo acessível a todos, principalmente por ter um ritmo mais cadenciado e pela alta exigência em gerenciamento de recursos, ele se destaca como uma das experiências mais marcantes do gênero em 2025. Para quem aprecia o desafio e a imersão de um survival horror clássico, Cronos é um título imperdível.
Prós
- Atmosfera sombria e envolvente, que sustenta a narrativa;
- Mecânicas de sobrevivência bem implementadas, exigindo estratégia e cautela;
- Combate tenso e variado, com inimigos que evoluem e obrigam o jogador a se adaptar;
- Boa utilização de anomalias temporais, adicionando variedade ao gameplay;
- Trilha e ambientação reforçam o clima de tensão constante.
Contras
- Ritmo mais lento pode desagradar jogadores acostumados com experiências mais dinâmicas;
- Alto nível de dificuldade pode afastar iniciantes no gênero;
- Recursos escassos, apesar de coerentes com a proposta, podem gerar frustração em alguns momentos;
- A progressão na narrativa exige paciência, já que muitas respostas vêm apenas após horas de jogo.
Cronos: The New Dawn — PC/PS5/XSX/Switch 2 — Nota: 8.5Versão utilizada para análise: PlayStation 5
Revisão: Juliana Piombo dos Santos
Análise produzida com cópia cedida pela Bloober Team












