Análise: Rally Arcade Classics tenta agradar todos os gostos com uma batelada de conteúdo, mas se perde no caminho

Pilote carros de quatro décadas diferentes em uma série de pistas únicas e provas variadas.

em 11/09/2025
Para quem quer conhecer jogos de rali, mas sente-se intimidado com a dificuldade de lidar com diferentes relevos e a pilotagem peculiar, Rally Arcade Classics traz uma abordagem mais branda e amistosa, ideal para quem curte desafios menos voltados para a simulação.

O título já havia sido lançado para PC, via Steam, no ano passado, e chegou faz alguns meses para PS5, Switch e Xbox Series X/S. Agora, com o jogo disponível em todas as plataformas, chegou nesta semana a atualização Precision & Chase, para aprimorar a experiência da direção e da interação entre jogadores.

Em busca de estrelas

O “Classics” no nome não é à toa. A garagem conta com 44 carros em 3 categorias: FWD (tração dianteira), RWD (tração traseira) e AWD (tração integral). Apesar de não ter a licença para usar o nome real dos veículos, muitos deles têm formatos e decalques que fazem alusão às lendas do rali, como o Audi Sport Quattro, o Subaru Impreza, o Lancia 037 e o Mitsubishi Lancer Evolution, só para citar alguns.

Quanto aos modos de jogo, Rally Arcade Classics também não faz feio. Temos seis modalidades diferentes — Tour, Rally, Licenças, Arcade, Chrono e Eventos —, para explorar diferentes abordagens para os 48 trajetos, localizados na Finlândia, na Catalunha, na Grécia e em Monte Carlo.

No modo Tour, temos diferentes capítulos compostos pelas seguintes provas: Time Attack é o básico, no qual a meta é estabelecer o melhor tempo possível; Vs é um mano a mano com um rival, para ver quem alcança a linha de chegada primeiro, mas com ele largando na nossa frente; o Drift traz o foco às derrapagens, que rendem pontos, mas que também podem ser feitas ao longo dos circuitos, respeitando o limite de tempo; a Corrida coloca quatro corredores à nossa frente e eles precisam ser ultrapassados na raça, antes da reta final.

Já o Rally atende ao modelo tradicional da competição de verdade. Temos três níveis de dificuldade, que trazem adversários mais competitivos e maior número de provas: fácil, com 4 etapas; médio, com 6 etapas; e difícil, 11 etapas. Além disso, há a separação por classes, com um troféu principal para cada uma — baseadas nos tipos de carros já citados FWD, RWD e AWD.

Ainda assim, para progredir é necessário mostrar que está apto para encarar os desafios que virão. Para isso, é obrigatório passar pelo modo Licenças. Elas liberam novas etapas nos demais modos e são seis ao todo: C, B, A1, A2, S1 e S2.

O Arcade traz uma abordagem que não é tão comum no rali: a ultrapassagem em pista. O objetivo é ultrapassar os 15 participantes ao longo de quatro provas para chegar em primeiro. O Chrono funciona como um jogo livre, no qual podemos escolher qualquer veículo e trajeto para cravar o melhor tempo, sem se preocupar com licenças ou dificuldades. Para finalizar, os Eventos trazem provas específicas de Time Attack, Corridas, Vs. e Drift, na qual marcamos nossa pontuação em um ranking global. Elas são renovadas semanalmente e mensalmente.

São muitos modos de jogo e carros para testar, mas nada disso vem de graça. Nosso desempenho é premiado com estrelas. Elas são necessárias para abrir novos desafios em todos eles. Já os carros são comprados com o dinheiro recebido como prêmio pelas boas colocações. É algo que já era esperado, mas por trás disso está um grinding bastante agressivo. 

Isso se dá por dois fatores: o máximo de estrelas que recebemos por um desempenho perfeito é três; e a quantia de moedas que ganhamos é algumas vezes menor que o custo dos veículos. Ou seja, de início, é necessário repetir o seguinte ciclo: entrar na mesma fase algumas vezes, fazer um “caixa”, comprar um carro melhorzinho, arriscar provas mais complexas, esbarrar na retirada de uma nova licença e repetir. Isso torna o início do jogo bastante repetitivo e até um pouco chato, visto a lentidão dos primeiros exemplares que temos disponíveis para a maioria dos modos de jogo.

Tentando unir realismo e simpatia, mas derrapando no resto

Por mais que o título traga uma abordagem mais leve e atípica do rali propriamente dito, ainda assim há um foco no realismo ao volante. A diferença da aderência dos pneus à troca de relevos — lama, asfalto, terra e neve — é sentida durante a pilotagem, e esse é um charme único desse tipo de corrida transmitido muito bem em Arcade Classics. A última atualização inclusive trouxe a adição do câmbio manual, para quem quer adicionar uma camada de simulação à direção, tornando a jogabilidade o seu ponto mais forte.

Por falar na atualização Precision & Chase, também é possível agora adicionar até 25 pilotos à sua lista de amigos, independentemente da plataforma na qual eles estão, e acompanhar suas marcas em cada etapa. Todos os rankings online podem mostrar a sua classificação geral em uma pista, o top 10, ou apenas focar nas pessoas selecionadas pelo jogador.

Já as partes visual e sonora cometem seus pecados. É muito bacana a ideia de recriar os decalques clássicos para representar os carros icônicos das décadas de 1970, 1980, 1990 e 2000 — eu mesmo me rendi completamente ao ver o Subaru Impreza do Colin McRae. A arte poligonal, lembrando até um pouco a época dos jogos tridimensionais de Dreamcast e PlayStation 2. Entretanto, os menus são bastante genéricos e até um pouco desleixados, com direito a alguns erros de português e palavras com letras a mais.

O desempenho do áudio é modesto. As canções que tocam nos menus e sempre que finalizamos uma corrida são aquelas livres de direitos autorais, então não tem nenhum tipo de impacto ou charme; estão ali apenas para não deixar o silêncio tomar conta. Já o ronco dos motores é até decente, mas também não daria para esperar uma reprodução fidedigna de alguns modelos com mais de 50 anos de existência.

Um pouco atolado, mas consegue arrancar para frente

Rally Arcade Classics consegue mesclar ótimas qualidades com defeitos meio chatos. A pilotagem competente, o desempenho satisfatório nas pistas e a grande quantidade de conteúdo são contrapontos que até conseguem superar o grinding pesado e a apresentação aquém até para algo comum. No fim, é uma opção interessante para quem quer curtir um rali mais voltado para o estilo arcade, com leves pitadas de simulação.

Prós

  • Grande variedade de pistas e carros inspirados nos clássicos do rali;
  • A pilotagem é simples, mas passa muito bem a sensação dos diferentes tipos de relevo das pistas;
  • A alternância entre transmissão automática e manual foi uma adição bem-vinda para quem queria um pouco de realismo sem perder a essência arcade;
  • O visual do início dos anos 2000 foi uma boa escolha.

Contras

  • O grinding para liberar os primeiros veículos nos obriga a ficar repetindo os estágios iniciais para juntar moedas;
  • Os menus são genéricos e com erros de digitação;
  • As músicas que tocam são totalmente dispensáveis e o ronco dos motores não causa tanto impacto.
Rally Arcade Classics — PC/PS5/Switch/XSX — Nota: 7.0
Versão utilizada para análise: PS5
Revisão: Ives Boitano
Análise feita com cópia digital cedida pela Netkdos
OpenCritic
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Carlos França Jr.
é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no @carlos_duskman
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