Análise: Platypus Reclayed — um shoot ‘em up massa

Com seu estilo diferenciado, o remake deste jogo de navinha indie ganha novos ares para as gerações atuais, mas sem perder sua personalidade.

em 30/09/2025
Quando falamos em shoot ‘em ups, logo vem à mente algum clássico poligonal, com cores fortes, luzes chocantes e diversas explosões. Mas, assim como seus medalhões, cada gênero tem seu ponto fora da curva.

Em 2002, Anthony Flack, George Bray e Michael W. Boeh criaram Platypus, que mantinha as mecânicas dos jogos de navinha, mas trazia uma estética diferenciada para o gênero. Agora, duas décadas depois, Platypus Reclayed traz o retorno do título, retrabalhado para as plataformas modernas, mas sem perder seu estilo único.

Um material diferenciado

Desde seu primeiro lançamento, o principal chamariz de Platypus foi seu visual único, como se tudo fosse feito de massinha de modelar. Alguns exemplos clássicos de produções com esse estilo são Pingu e Fuga das Galinhas. Todos os modelos vistos no jogo foram criados com massa cinza, fotografados com uma câmera digital e coloridos via Photoshop. Essa escolha confere um ar mais divertido e leve para a ação.

Para Reclayed, tudo foi retrabalhado do zero, desde o formato da tela até os modelos usados para as naves, para acompanhar o padrão de alta definição dos consoles atuais. Inclusive, vale citar que a Claymatic Games, que produziu este remaster, organizou um concurso e o ganhador teve seu veículo colocado no jogo, com o mesmo processo dos anteriores: foi elaborado um modelo em massa, fotografado e colorido. 

Quem tiver curiosidade sobre as etapas de produção, pode conferir os vídeos no canal da Claymatic no YouTube. Também está presente uma galeria com algumas fotos com os bastidores da construção dos cenários e de como eles foram modelados.

Os cenários também ficaram mais ricos e cheios de detalhes, como casas, vulcões, prédios, montanhas e até a Lua. Os poderes especiais também ajudam a trazer personalidade ao tiroteio. Temos desde os costumeiros mísseis e bombas, até projéteis mais pitorescos, como cachorros quentes, pedaços de queijo, latas de feijão e bolinhos de arroz.

Tudo isso é muita loucura, mas vale lembrar que o jogo original foi lançado apenas para PC, ganhando ports modificados posteriormente para PSP, Xbox 360 e algumas plataformas móveis, então como ter noção para comparar? Simples, a ROM do primeiro Platypus foi incluída e pode ser apreciada logo de cara. É só escolhê-la no menu principal e ver o salto de qualidade que o shooter deu com toda renovação para Reclayed.

Não julgue pela aparência

Mesmo com o visual diferenciado, Platypus Reclayed não é para ser levado na brincadeira. Até as dificuldades mais brandas são impiedosas com quem não estiver com os reflexos afiados. Podemos escolher entre três naves, que contam com atributos diferenciados, para completar 20 fases — quatro áreas, cada uma com cinco estágios. 

A chuva de balas é inevitável, pois ao mesmo tempo em que naves rivais atiram em nós, outras explodem, enchendo a tela de projéteis, e até algumas fases trazem perigos, como pedras que caem do céu após serem cuspidas para cima em uma erupção.

Todas elas são recheadas de inimigos que aparecem em ondas e fogem se não forem abatidos a tempo. Se por um lado os chefes são criativos, como naves gigantes e até um trem de carga, que precisa ter suas composições explodidas até o fim da fase, o mesmo não pode ser dito dos inimigos regulares.

Mesmo com ambientes bem diferentes entre si em cada área, as naves que aparecem são sempre as mesmas. Faria sentido se pelo menos as cores dos inimigos básicos fossem levemente alteradas, para combinar com o cenário que estamos atravessando.

Os poderes que coletamos pelo caminho, simbolizados por estrelas coloridas, tem um tempo de duração, não ficando conosco até o fim da partida. Além disso, fica à critério do jogador pegar o que aparecer, ou acertar a estrela para que ela mude de cor, consequentemente alterando o poder que ela tem. 

Qual deles será é algo aleatório, mas os mais criativos são muito difíceis de serem obtidos, podendo nem aparecer durante a nossa aventura. Seria interessante se, pelo menos na versão Reclayed, houvesse um modificador que tornasse os poderes especiais permanentes, ou que durassem até tomarmos um dano ou perdêssemos uma vida.

Se as coisas estiverem muito difíceis, é possível treinar em cada fase separadamente e com o poder a sua escolha, para assimilar os padrões de inimigos específicos de cada área. Após chegar à perfeição depois de tanto praticar, também é possível disputar uma partida isolada nelas para registrar sua pontuação.

“Remassificação” concluída com sucesso!

Platypus Reclayed traz a pitoresca combinação de um estilo visual incomum para os jogos em geral, ainda mais para shoot ‘em ups, com um nível de dificuldade ferrenho e poderes malucos. Dá até para dizer que trata-se de um jogo feito, e refeito, de maneira detalhada e artesanal.

Prós

  • O jogo foi refeito do zero, mas manteve sua originalidade com os modelos de massinha, trazendo algo bastante incomum para os dias atuais;
  • Poderes criativos para fugir do padrão básico do gênero;
  • Além dos modos de jogo adicionados ao remake, também é possível jogar a ROM original.

Contras

  • A dificuldade aguda, mesmo no fácil, pode afastar jogadores inexperientes;
  • Pouca variedade de inimigos regulares;
  • Os poderes mais divertidos e loucos demoram bastante para aparecer, e a versão Reclayed poderia trazer a opção de usá-los sem limite de tempo.
Platypus Reclayed — PC/PS4/PS5/XBO/XSX — Nota: 7.5
Versão utilizada para análise: PS5
Revisão: Beatriz Castro
Análise feita com cópia digital cedida pela Claymatic Games
OpenCritic
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Carlos França Jr.
é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no @carlos_duskman
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