Análise: Metal Eden é um shooter frenético e viciante

Controle Aska por esse emocionante FPS de ficção científica com arsenal variado e combate inspirado em Doom 2016.

em 12/09/2025
A desenvolvedora polonesa Reikon Games, em parceria com a Deep Silver, apresenta Metal Eden, um FPS de ficção científica que mescla parkour com um combate intenso. A obra se destaca por sua mecânica única de absorver núcleos e uma ambientação cyberpunk baseada em clássicos como Ghost in the Shell. Durante a curta aventura, somos apresentados a Aska, uma androide enviada por uma figura suspeita chamada Nexus em uma missão suicida até Moebius, uma cidade orbital que se tornou uma armadilha mortal, para recuperar os núcleos dos cidadãos.

Uma narrativa vazia

A história de Metal Eden é muito parecida com a de um filme de ação: nos momentos de alta adrenalina (no caso, os combates), tudo é muito divertido. Porém, o enredo é básico e previsível e, assim como em um filme, isso pode agradar quem busca algo mais simples e afastar quem gostaria de um pouco mais do que o “arroz com feijão”.


Há fortes inspirações em obras da cultura pop, como o já citado Ghost in the Shell, além de Battle Angel Alita e Evangelion, tanto na narrativa quanto nos cenários. No entanto, nada é bem desenvolvido, seja nos personagens, na cidade ou nos inimigos. Caso o jogador tenha se interessado por esse universo, infelizmente não poderá se aprofundar nele, já que não há nenhum colecionável ou conteúdo extra à disposição, como descrições de inimigos, textos ou notícias sobre os eventos que antecedem a campanha.

Aska é uma protagonista de poucas palavras e com praticamente zero progressão. Mesmo tendo um visual que se destaca por sua armadura futurista, isso não foi o suficiente para ela se tornar cativante. O mesmo se estende aos demais personagens da trama, como Nexus, o qual é somente incômodo e pouco interessante. Pelo menos a curta campanha, dividida em oito capítulos, está legendada em português.

Aska, o anjo de combate

A androide é muito leve e ágil, como esperado de um FPS com inspirações no combate de Doom (2016). Contudo, as fases presentes nesta aventura são muito lineares, e praticamente não há exploração. No máximo, um beco ou corredor extra levando à poeira(a moeda do jogo) ou a uma vida extra no formato de capacete da heroína.


As fases seguem um roteiro simples, com trechos de plataforma como correr por paredes, pular de tirolesa em tirolesa e realizar saltos duplos usando a mochila a jato da personagem. Durante esses momentos, pode aparecer uma pequena quantidade de inimigos, como drones, para atrapalhar a travessia.

Após os momentos de plataforma, o jogo segue para os trechos de combate, em que uma barreira surge nas portas, virando uma arena com três rodadas. É necessário estar em constante movimento e utilizar o cenário para desviar dos disparos inimigos, pois a personagem não dispõe de muita vida nem escudos. Depois do confronto, o caminho se abre.


Logo, os confrontos se tornam uma espécie de dança caótica, na qual onde a chave da vitória é dominar os passos certos e se acostumar com o arsenal. É muito gratificante se acostumar ao combate e ver sua pontuação no final dos capítulos cada vez mais alta. Além disso, existe o item Overflow, espalhado em algumas missões, que funciona como um modo berserker, que amplia o dano e facilita a eliminação de inimigos.


Para recuperar a armadura, a protagonista consegue desferir um empurrão nos robôs adversários, fazendo com que eles soltem fragmentos de sua proteção, regenerando a defesa da protagonista e os deixando vulneráveis a mais dano das armas de fogo.


Essa rotina dos capítulos só é interrompida durante algumas raras fases que se passam na superfície do planeta abaixo da cidade. Nesses momentos, Aska pode se transformar em uma esfera blindada, muito similar à poderosa Samus de Metroid. Porém, aqui, a nossa androide solta mísseis, dá choques nos inimigos mecanizados e pode atropelá-los. Esses são alguns dos momentos que dão um bom respiro por fugirem da monotonia das arenas. Há também trechos em que é necessário ficar em uma área específica para hackear uma porta, liberando o caminho. É uma pena que isso aconteça tão poucas vezes.

O poder dos núcleos

Como uma unidade Hyper única, Aska possui um núcleo fantasma que permite que ela arranque o núcleo do peito adversário e o arremesse, causando uma explosão ou o absorva, propiciando o carregamento de um super soco que destrói com um golpe a maioria dos escudos inimigos. Embora “brincar com o coração” dos oponentes seja uma mecânica divertida, ela facilita um pouco demais alguns confrontos.


A árvore de habilidades é dividida em três categorias principais, cada uma focada em aprimorar diferentes aspectos do jogo: poder do núcleo (melhora a absorção e permite super socos), traje (focado no movimento, como reduzir o consumo de gasolina do “bullet time”) e extração do núcleo (melhora os benefícios da absorção, concedendo escudo, velocidade de movimento e dano).

Não é possível completar todas as habilidades em uma só jogada, já que os pontos de habilidade são limitados e alguns ficam escondidos nas missões. Além disso, a vida e o escudo só são aumentados ao adquirir os núcleos Apex, ou seja, progredindo na história. Isso é ótimo para quem deseja repetir as missões testando uma combinação de habilidades diferentes. Na minha experiência, foquei mais em absorver, já que distribuir os super socos é gratificante.

Arsenal robusto

O jogo disponibiliza um arsenal de sete armas, que inclui rifles de plasma, pistolas, escopetas, submetralhadoras e lança-granadas. Apesar de não serem inovadoras, essas armas são incrivelmente divertidas de utilizar, com detalhes de partículas de energia e fumaça, assim como se destacam no aspecto visual, e possuem uma excelente qualidade sonora nos disparos. Não só isso: os controles respondem bem e o recuo é fácil de gerenciar.


A primeira a ser liberada é o fuzil Hertz AP, uma arma de munição infinita, mas que pode superaquecer. Foi a primeira arma que maximizei, sendo muito útil por não precisar recarregar, porém, fraca mesmo maximizada.


Logo após o fuzil, o jogador tem acesso à pistola U9 Supra, que, embora tenha uma cadência de tiro lenta, funciona como um revólver, causando dano significativo, especialmente contra adversários sem armadura. A clássica escopeta Tas-9 é eficaz em eliminar inimigos à queima-roupa. Além disso, a minigun está disponível em algumas fases como um item temporário. As granadas, que congelam os inimigos, são pouco exploradas no título, sem variações ou melhorias.


Todas as armas, com exceção da minigun, podem ser melhoradas no armeiro Pig, desde que o jogador tenha poeira suficiente. Cada uma tem duas opções de disparos secundários. Por exemplo, a pistola tem a opção de um disparo de laser concentrado ou a possibilidade de disparar três mísseis. A escopeta pode carregar três disparos de uma só vez ou usar dardos que ricocheteiam. Contudo, não adianta liberar ambos os disparos para a mesma arma, pois não é possível alterná-los durante o combate, somente no armeiro.

Robôs, robôs e mais robôs

Os adversários que vão tentar impedir a protagonista a qualquer custo são uma força de segurança da cidade, variam muito em tamanho e capacidade dos escudos, entretanto, seus visuais se tornam repetitivos muito rápido devido ao fato deles serem basicamente robôs armados com comportamentos semelhantes.


No meio do caos do combate, logo os inimigos se tornam enjoativos e previsíveis, sendo basicamente somente continuar atirando até que sejam destruídos, mesmo existindo armas que possuam vantagens sobre eles, como as de plasma e energia são melhores para escudos enquanto as de munição cinética são boas para inimigos orgânicos.


Apesar de jogar na dificuldade normal, o jogo mal conseguia apresentar um desafio e os chefes possuem visuais interessantes, porém as lutas em si são decepcionantes, em especial no último confronto, que faltou criatividade. Também presenciei alguns inimigos em algumas fases ficando presos e não conseguindo se mover.

Moebius, a cidade do futuro

Reikon Games tem experiência com gênero cyberpunk. Seu primeiro lançamento foi Ruiner, um shooter isométrico com ambientação futurista, e, em seu novo título, o estúdio mostrou ter se superado entregando ambientação graficamente deslumbrante, mesmo que mal aproveitada.


Moebius é uma cidade orbital, com prédios altos em sua parte superior, em que se é possível ver as nuvens no meio deles e às vezes veículos abandonados como naves, tudo envolto em um silêncio devido à ausência das pessoas, restando somente as construções oprimindo a paisagem. Na parte de baixo, nos deparamos com áreas com encanamentos gigantes e vapor saindo, indicando ser por onde passa a energia que alimenta tudo.

Em alguns poucos momentos, é possível explorar o planeta abaixo da cidade. Lá, a ambientação varia, com paisagens desoladas e estruturas destruídas flutuando ao fundo, com um rio de lava correndo passando pelo cenário. Entretanto, por mais que no aspecto visual as paisagens sejam belas, após 5 horas de gameplay, eles acabam por se tornar repetitivos, passando a sensação de estar sempre no mesmo lugar.


Faltou uma variação maior nas áreas e alguns outros elementos comuns no gênero cyberpunk como a presença de neon, um aspecto mais sujo nos ambientes, propagandas e aspectos sócias como bairros ricos e pobres. No geral, faltaram as características que realmente fizessem parecer que Moebius é uma cidade funcional.

Protegendo os cidadãos

Metal Eden, um projeto ambicioso da Reikin Games, destacou-se pela audácia do estúdio em apostar no gênero FPS em seu segundo jogo, afastando-se do isométrico utilizado em seu projeto anterior, Ruiner. O jogo conseguiu entregar um combate envolvente e mecânicas interessantes, como os núcleos. No entanto, a narrativa poderia ter sido mais aprofundada e a direção artística, embora esteticamente agradável, careceu de variedade, tornando-se um tanto repetitiva. No geral, agradará àqueles que buscam somente um entretenimento rápido sem muita profundidade, mas se a pessoa busca algo mais do que somente enfrentamentos, talvez outro título seja mais vantajoso.

Prós

  • Combate frenético e divertido;
  • Ambientação bem realizada;
  • Mecânica única de absorver os núcleos;
  • Boa variedade de armas.

Contras

  • Chefes e inimigos esquecíveis;
  • Inimigos ficando travados em partes do mapa;
  • Cenários repetitivos.
Metal Eden — PS5/XSX/PC — 6.5
Versão usada para análise: PlayStation 5
Revisão: Thomaz Farias
Análise produzida com cópia digital cedida pela Deep Silver

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Thiago da Silva e Silva
É um universitário se formando em engenharia na UFRRJ,apaixonado por jogos desde a infância, principalmente RPGs.
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