Análise: Hirogami é bonito e apresenta ótimas ideias, mas peca em sua execução pouco interessante

Apesar da boa atmosfera e do visual agradável, o sistema de combate e a falta de variedade acabam manchando a experiência.

em 07/09/2025
Hirogami, apresentado como um conto de fadas, foi destaque em uma State of Play devido ao seu visual, que remete a mundos feitos de papel e papelão, no estilo origami. O jogo de plataforma, desenvolvido pela Bandai Namco Singapura, proporciona uma atmosfera interessante e boas ideias de jogabilidade, mas não consegue entregar suas premissas com tanto êxito.

Explorando os papéis de Shishiki

Hirogami conta a história de Hiro, um inseguro mestre de dobraduras encarregado de combater a invasão de Flagelo — uma entidade de aparência digital que está trazendo caos ao seu mundo, possuindo outras criaturas que ali habitam. Munidos de um leque e com a habilidade de nos transformarmos em outras criaturas de papel, percorremos o mundo de Shishiki em busca da entidade divina que o protege e de outros auxílios, com o objetivo de eliminar a ameaça.

A aventura continua como um jogo de plataforma tradicional, no qual selecionamos uma fase para explorar, enfrentando inimigos, saltando entre plataformas e coletando itens pelo caminho. 
 
A principal diferença está na habilidade única de Hiro de se transformar em certos seres purificados, que nos fornecem habilidades essenciais para avançar. Por exemplo, imediatamente adquirimos a forma de um tatu-bola, o que nos permite rolar a alta velocidade e demolir estruturas resistentes ao longo do percurso.

Embora haja poucas mudanças, elas são bem aproveitadas ao longo de toda a jornada, especialmente na exploração. Nos primeiros momentos, é interessante descobrir qual transformação usar para um desafio e como chegar a uma nova área ou coletável.  Elas até recebem melhorias conforme a história avança, como o tatu-bola, que pode ficar flamejante ao passar por fontes de fogo.

Cada etapa apresenta uma série de metas e itens colecionáveis essenciais. Enquanto os objetivos são requisitos — como não sofrer danos, completar a fase dentro de um tempo determinado, entre outros — os ornamentos podem ser metas para aprimorar a vida e o poder de Hiro. É encorajada a revisita a níveis já concluídos, pois as etapas seguintes requerem um número de tarefas executadas para avançar.

A dificuldade média das sessões de plataforma é bastante baixa, o que pode tornar a experiência de jogo um pouco monótona. Não há muitos momentos que exijam além do básico de nossas habilidades, tornando as transformações menos atraentes ao longo da campanha — que, pelo menos, é breve.

Em algumas circunstâncias, a câmera também se transforma em uma dor de cabeça. Ela é fixa, mas se ajusta quando precisamos de uma visão mais ampla do local em que estamos. No entanto, há momentos em que ela se coloca em ângulos que alteram nossa percepção de profundidade. Houve momentos em que eu realmente não sabia se uma plataforma estava no início ou no final do campo de visão.

Boas ideias, execução debatível

De modo geral, Hirogami é um jogo muito bonito. A maneira como os cenários, armadilhas e criaturas “vivas” são criados para parecerem feitos de papel é convincente, e há até alguns elementos que se movem em uma taxa de quadros mais baixa, como se fossem stop motion

Uma pena que a diversidade de ambientes seja bastante limitada. Na maior parte do tempo, estaremos caminhando por florestas, montanhas e áreas rochosas, com apenas algumas etapas de vulcão pelo caminho. Parece um caso em que tiveram uma ideia interessante para a direção de arte e a proposta em si, mas não avançaram além do básico.

Um aspecto a ser elogiado é a atmosfera mais tranquila, quase "aconchegante".  Embora eu prefira algo mais desafiador em termos de plataforma, o mundo transmite uma sensação de conto de fantasia bastante cativante, como se aquele universo estivesse em uma maquete diante de nós. A trilha sonora combina bem com a atmosfera, apresentando músicas que são sempre tranquilas, mas, ao mesmo tempo, aventureiras.

Embora a parte de exploração e travessia ainda atenda ao propósito, o mesmo não se aplica ao combate. Hiro tem como principal arma um leque, que utiliza em um único combo básico ao pressionar o botão de ataque, funcionando somente contra criaturas do Flagelo. As transformações lidam com o recado mais físico para outros adversários.

Em comparação, na maioria das vezes, eu apenas me transformava em tatu-bola, girava por aí, causando dano nas ameaças e evitando qualquer projétil.  Na maior parte do tempo, a estratégia dava certo, fosse contra o Flagelo ou qualquer ser possuído. Trata-se de uma quebra de ritmo que poderia ser solucionada com métodos mais simples.

Uma folha de papel com muito espaço em branco

Hirogami é um caso que parece mais interessante quando assistido do que quando jogado.  A ideia é cativante, a mecânica de transformações é intrigante, e os momentos de exploração são, no mínimo, envolventes. Infelizmente, o combate truncado e prejudicado pela falta de variedade de inimigos, juntamente com cenários pouco criativos em temáticas, prejudicam o quão interessante é a experiência geral.

Prós:

  • Ambientação interessante e bem construída dentro da temática de origamis;
  • Transformações divertidas e bem usadas no começo da aventura;
  • Atmosfera agradável, transmitindo bem a ideia de um conto mágico.

Contras:

  • Sistema de combate desengonçado, com poucos recursos para variar os encontros;
  • Câmera fixa atrapalha nosso senso de profundidade das plataformas;
  • Pouca variedade de ambientes;
  • Baixa dificuldade pode deixar a jogatina pouco interessante.
Hirogami — PC/PS5 — Nota: 6.5
Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Mariana Marçal
Análise produzida com cópia digital cedida pela Kakehashi Games
OpenCritic
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Alecsander "Alec" Oliveira
Estudante de enfermagem de 25 anos, está nesse mundo dos joguinhos desde criança. Fã de games com vibe mais arcade e arqueólogo de velharias, mas não abandona experiências mais atuais. Acompanha a mídia de podcasts, dublagem e ouvinte assíduo de VGM. Pode ser encontrado como @AlecFull e semelhantes por aí.
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