Meu vício em quebra-cabeças me fez encontrar Debtor escondido na PSN em meio à diversos outros grandes lançamentos da virada de agosto para setembro. Apesar da ótima proposta para partidas, temos aqui mais um produto que poderia entregar o dobro de conteúdo sem precisar de muito.
Assombrado pelos boletos
Para contextualizar — explicado apenas por um balão antes da seleção de fases —, controlamos um rapaz que é declaradamente um devedor. Por algum motivo bizarro ele passou mal e ficou inconsciente. Agora que está desmaiado na ambulância ele precisa escapar de um tipo de purgatório coletando suas dívidas.
Este “coma” é representado por 30 fases, nas quais temos que coletar todas as moedas que estão pelo cenário para abrir a porta para seguir adiante até escapar. Os puzzles são no clássico estilo Sokoban, no qual a resolução é feita pela movimentação de caixas, aqui usadas como plataformas.
Por se tratar de um espaço fechado, há alguns recursos que podem ser usados para prosseguir. O devedor tem o poder de cabeçadas e estourar caixas que podem mais atrapalhar do que ajudar, além de poder usar duas bombas por fase. Mais do que isso, alguns espaços têm aberturas laterais que funcionam como um atalho entre uma extremidade e outra. Há inimigos em determinados locais, mas infelizmente eles não acrescentam em nada no desafio, por vezes até ficando presos em um canto porque andam apenas em uma direção, sem se virar para o lado oposto.
O que mais me frustrou em Debtor é que o jogo dura muito pouco e não aproveita o seu conteúdo. 40 minutinhos já são o bastante para superar todos os desafios, mas se você é o tipo de pessoa que só está afim de um troféu de platina, esse tempo cai para menos de 15 minutos. É uma pena, pois o level design de cada estágio é interessante e bem pensado para fazer o jogador pensar, mas sem ser extremamente complexo ou carregados de elementos para confundir nosso senso.
Eu acredito que mesmo se o jogo tivesse o dobro de fases ele ainda assim não seria cansativo ou repetitivo, pois a ideia sempre é completar cada etapa de maneira criativa com os recursos que se tem. Também acredito que haveria espaço para um modo focado em speedruns e até um criador de fases que pudesse ser compartilhado em rede.
Devo não nego, pago quando puder
Claro que há alguns probleminhas de jogabilidade que podem ser melhorados. Os botões de pulo e cabeçada correspondem prontamente ao serem acionados, mas o mesmo não pode ser dito do comando da bomba, que às vezes demora um pouco para ser executado.
A movimentação das caixas também poderia ser melhorada, pois só é possível empurrá-las. Se acabarmos errando nossos cálculos, não podemos puxá-las de volta e aí é obrigatório reiniciar a fase se não houver espaço para passar por cima do bloco.
Outra questão um pouco mais cruel está no último terço do jogo, com alguns trechos com lava. A ideia é empurrar uma caixa para dentro da lava e pisar nela, como uma plataforma. A questão é que só podemos fazer isso, sabe-se lá porque, se vamos para alguma área segura ao lado e caminhamos até ela. Se tentarmos o salto direto para a plataforma recém-criada, o devedor acaba perdendo sua vida. Não é algo que faz muito sentido e apresenta inclusive uma certa dor de cabeça em cantos mais estreitos.
Mas nem tudo são débitos. O ambiente de fundo e as músicas também merecem o devido crédito — sim, o trocadilho foi proposital. Existem três áreas, cada uma com o seu tema, e que não se tornam cansativos, já que a ideia é finalizar o jogo rapidinho, e as músicas combinam bem com a ação acelerada do empurra-empurra das caixas.
Entretanto, ataco de novo na questão do jogo ser curto demais. Seria interessante ver mais alguns cenários e trilhas projetadas pelo pessoal da SharkGames, além dos puzzles, obviamente. No caso de Debtor, o balão de fala inicial também deixa na imaginação que poderia ser uma boa inserir curtas animações ou mensagens para contar a história do malfadado devedor.
Dava para pagar a conta toda com essas moedinhas
Debtor é um jogo curto e baratinho, que com certeza acaba passando despercebido se você não procurar bem. Que fique bem claro que ele está longe de ser um “shovelware” da vida, pois ele tem suas qualidades bem nítidas, mas com certeza poderia render muito mais do que trouxe no seu produto final.
Prós
- O level design de cada um dos 30 cenários é desafiador sem ser estressante;
- A trilha sonora e os cenários são bem projetados e combinam com a proposta do jogo.
Contras
- O bom-humor usado na apresentação poderia ser melhor explorado ao longo do jogo, com outros balões de fala ou algumas cenas;
- Mesmo com 30 fases o jogo é curtíssimo;
- Há algumas falhas no comando de soltar bombas;
- Por algum motivo estranho, não se pode pular diretamente sobre plataformas que estão na lava, apenas caminhar até elas.
Debtor — PS4/PS5/Switch/XSX — Nota: 6.0Versão utilizada para análise: PS5
Revisor: Juliana Piombo dos Santos
Análise feita com cópia digital adquirida pelo redator










