Lançar um novo jogo como serviço, original, sem o apoio de uma grande empresa ou de uma IP famosa, parece uma tarefa suicida. Entretanto, é exatamente isso que a Moonshot Games fez com Wildgate.
O estúdio, que foi fundado por ex-funcionários da Blizzard, tem em mãos um projeto conciso e ambicioso, mas que navega nas águas turvas dos jogos live service. A mistura de gêneros é uma saída inventiva, mas seria suficiente para fazer a comunidade crescer e prosperar?
Uma mistura de inspirações
Wildgate é cria de diversas frentes criativas — desde inspirações mais óbvias, como Sea of Thieves ou Fortnite, até as mais obscuras, como Overcooked. Tem os fundamentos de um Battle Royale, mas com uma base de Extraction Shooter e os elementos de um Hero Shooter.
Apesar disso implicar uma caça às trends, num exercício de futilidade e angariação de um público jovem, na verdade é uma jogada de reverência dos desenvolvedores a esses multiplayers. O jogo não adota essas tendências de forma vazia, mas sim para complementar a experiência basilar do que é Wildgate.
Não dá para dizer que o jogo é um Sea of Thieves no espaço ou um Battle Royale com extração. É exatamente a combinação dessas influências que criam algo único.
No fim, Wildgate é composto por partidas em que cerca de cinco naves — compostas por quatro tripulantes com habilidades únicas — competem no espaço sideral para angariar armas e recursos, com o intuito de capturar o desejado Artefato e extrair por um portal chamado Viacofins.
O jogo é um PvPvE em primeira pessoa, que depende de uma forte cooperação em equipe — seja para matar NPCS, saquear postos ou combater naves inimigas — a fim de triunfar na escuridão gelada (e belíssima) do espaço.
Heróis, piratas e tesouros
Parte do loop de gameplay de Wildgate envolve a constante corrida pelo artefato. O jogo é construído de forma que cada partida pode contar histórias completamente novas, graças à liberdade que os jogadores têm e à forma não linear como os eventos acontecem.
Você pode acabar de entrar em uma partida e ver duas naves lutando pela supremacia de um local de saque. Você escolhe entrar no meio — ou, quem sabe, roubar o loot enquanto eles se matam. Tudo isso enquanto uma linda nebulosa roxa paira acima de vocês. A direção de arte cartunesca e charmosa dá o toque especial à experiência.
Somado a isso, cada nave tem uma composição adequada para cada situação — seja a nave mais rápida, aquela lenta com mais defesa ou uma focada somente em ataque e combate. Também existe o fator da tripulação, que varia em equipamentos e habilidades.
Como um bom Hero Shooter, cada personagem tem uma habilidade ativa e passiva específicas. O robô não precisa de oxigênio no espaço; o alien brutamontes causa mais dano no corpo a corpo; existem personagens que ficam invisíveis e outros que podem se teletransportar. A combinação entre nave e tripulação, além de equipamentos e armas, faz toda a diferença no competitivo.
Balanceamento e I.A.
Desde a beta, alguns ajustes de balanceamento eram necessários. Alguns deles foram feitos; outros ainda precisam de um cuidado. Certas táticas são extremamente efetivas, mas tiram toda a diversão das batalhas. Uma boa batalha de naves pode ser impedida porque algum player fez uma combinação meta para limpar os inimigos enquanto pilota.
Alguns equipamentos são irrelevantes, enquanto outros são extremamente potentes — como minas e armadilhas. Mesmo assim, isso não impede que quase toda batalha de naves acabe em um tiroteio entre tripulações, o que, em um nível básico, é satisfatório, mas tira o brilho da troca de tiro de canhão.
Outro problema que requer atenção é o lado PvE. Os inimigos têm pouca diversidade, e a I.A. se comporta de forma muito simplória e previsível. O jogo ainda precisa criar um corpo mais robusto de conteúdo — como atividades mais diversas e inimigos mais interessantes — talvez até eventos dinâmicos ou algo do tipo.
Ao infinito e além
Wildgate se destaca da manada de jogos por serviço ao oferecer uma gameplay inspirada em diversos clássicos multiplayer, adicionando uma camada de personalidade e originalidade. O loop de gameplay é divertido e viciante, mas, com o tempo, vai precisar de mais conteúdo para manter aquela sensação de frescor.
A Moonshot tem em mãos um ótimo jogo de estreia e demonstra toda a boa vontade para transformar Wildgate em algo especial ao longo dos anos. Por isso, o futuro pode reservar uma jornada incrível para os desenvolvedores, que já se mostram apaixonados pelo projeto.
Prós:
- Loop de gameplay divertido e único, que mistura gêneros multiplayers sem parecer uma bagunça;
- Direção de arte com visuais incríveis de nebulosas e cores intensas do espaço sideral;
- Variedade de naves, personagens e equipamentos, o que torna a composição das partidas sempre diferenciadas;
- Apesar de simples, a jogabilidade de tiro em primeira pessoa é bastante sólida.
Contras:
- Pouco conteúdo no lançamento;
- A I.A. dos inimigos pode ser bem simplória;
- Requer ainda o balanceamento de certos aspectos do PvP.
Wildgate – PC/PS5/XSX/ – Nota: 8.0Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Mariana Marçal
Texto de análise produzido com cópia digital cedida pela Dreamhaven










