Em busca dos assentos corretos
Conviver em sociedade nem sempre é fácil, especialmente em lugares em que encontramos muitas pessoas e elas podem não ter as mesmas preocupações com sociabilidade. Ficar preso em um ônibus do lado de uma pessoa que está fedendo ou que não consegue colocar o fone para escutar sua música pode levar a vários momentos inconvenientes.A ideia de Is This Seat Taken?, então, gira em torno de tentar encontrar um jeito de garantir a satisfação de todas as pessoas em sua convivência em um espaço público. Embora seja possível avançar sem encontrar a resposta mais adequada, idealmente o jogador deve testar as possibilidades até encontrar um certo alocamento de pessoas que garanta que todos fiquem felizes para conseguir uma pontuação perfeita para a fase.
No começo, temos menos indivíduos (que aqui são formas geométricas com rostinhos e pernas) para lidar, facilitando encontrar as respostas. Conforme o jogo avança, temos que lidar com um maior contingente de pessoas, assim como restrições que vão se agravando e a necessidade de lidar com outros elementos, como o reposicionamento de objetos do cenário.Um detalhe interessante é que todas as fases envolvem etapas e que isso pode levar a situações específicas, como as pipocas do cinema, que deixam o banco sujo para a próxima sessão. Algumas pessoas não aceitam se sentar em lugares sujos, criando assim uma restrição adicional que pode variar dependendo da posição que o jogador coloca o indivíduo com pipoca.
Em outras fases, pessoas podem permanecer no seu assento e pode ser interessante realocá-las de acordo com as condições de quem chegar. Um bom exemplo disso é a lanchonete, já que as fases nela envolvem colocar personagens para dividir comidas e bebidas. A disposição dos assentos também pode diferenciar o alcance de sons, cheiros, luzes e até dificultar que uma pessoa se sente sozinha.
Fases como as de arquibancada implicam em ter que tomar cuidado para que a visão de quem está atrás não seja tampada por quem está na frente. Atender a todas as vontades do público começa a ficar difícil porque cada nova pessoa que adicionamos pode afetar todos ao seu redor e desorganizar o que estava adequado antes.
Apesar de oferecer um bom desafio de forma geral, essas adições ao longo do tempo não mudam muito a estrutura dos puzzles, especialmente quando repetimos as mesmas áreas. Como resultado, elas não são suficientes para dar variedade ao jogo e a sensação que fica é a que estamos fazendo, a grosso modo, o mesmo desafio e a dificuldade nunca passa de um nível básico, sendo as fases extras as que contam com elementos mais diferenciados do resto de modo geral.
Acompanhando Nat
Ao todo, temos 30 fases divididas em cinco “mundos”. Eles não seguem uma linha temática direta, mas sim a narrativa ligada à jovem Nat, uma estudante que sonha em ser uma artista, mas se sente constrangida por ter a forma diferente dos demais. A maior parte das fases são pontos pelos quais a garota passa.
Francamente falando, a história é basicamente um trocadilho sobre se encaixar na sociedade e não ter medo de ser diferente, mas acaba sendo tratada de uma forma bem sanitizada como uma propaganda corporativa. O resultado é fraco e não adiciona praticamente nada à experiência, assim como várias conquistas referentes a interagir com elementos superficiais do ambiente que não têm nenhuma relação com o cerne da gameplay.
O estilo artístico do jogo focado em formas geométricas e em combinar o monocromático com cores de alto contraste é bem agradável. Em especial, há todo um cuidado com a representação facial dos personagens para ajudar o jogador a notar se alguém está incomodado ou satisfeito com o seu assento. Caso algum erro de lógica aconteça, o indivíduo afetado reclamará verbalmente também com frases diretas sobre o problema em um balão.
Além disso, temos um cartão com os detalhes de cada um listados de forma clara e, felizmente, o jogo está em português. Há alguns termos específicos que podem causar uma confusão inicial, como “quero me sentar na direção do veículo” dando a impressão de que seria o assento do motorista, mas, uma vez que isso não é possível, é fácil descobrir o significado.
Um puzzle casual confortável
Is This Seat Taken? é um desafio lógico interessante e bem feito que envolve tentar acomodar os desejos de todos os indivíduos que coexistem em um mesmo espaço social. Embora o jogo ainda deixe a sensação de que há um potencial para fazer algo mais interessante com a proposta, o resultado é satisfatório para quem busca um puzzle casual sem compromisso.
Prós
- Bons desafios lógicos que envolvem compreender os padrões dos indivíduos e planejar a melhor forma de posicioná-los nos assentos;
- Algumas fases exploram as etapas para adicionar restrições;
- Visual simples e agradável;
- Texto traduzido para o português facilita o entendimento e, em geral, os desejos de cada indivíduo são descritos de forma clara em sua ficha.
Contras
- Os desafios não evoluem tão significativamente e nem oferecem grande variedade até o final;
- História um tanto forçada e sem graça;
- Várias conquistas irrelevantes para a experiência.
Is This Seat Taken? — PC/Switch/Android/iOS — Nota: 8.0
Versão utilizada para análise: PC
Análise produzida com cópia digital cedida pela Wholesome Games Presents
Revisão: Beatriz Castro










