Análise: Tom Clancy's Rainbow Six Mobile é uma boa adaptação para os celulares, mas ainda precisa de melhorias

A chegada de Rainbow Six aos celulares mantém a intensidade tática da franquia, mas tropeça em problemas de progressão e na adaptação aos controles.

em 21/08/2025

Lançado há cerca de um mês para Android e iOS, Tom Clancy's Rainbow Six Mobile é a versão para dispositivos móveis do popular jogo competitivo da Ubisoft, Tom Clancy's Rainbow Six Siege, lançado em 2015, e atualmente chamado de Rainbow Six Siege X. A proposta é trazer para os celulares o alto nível de estratégia, tática e cooperação que consagrou a franquia nos PCs e consoles, adaptando controles, ritmo e sistema de progressão para os dispositivos móveis.

Tiro tático na palma da mão

Para quem não conhece muito bem Rainbow Six Siege, o jogo é um FPS competitivo baseado na clássica dinâmica de policiais e bandidos com um dispositivo explosivo. De um lado, os bandidos precisam proteger a bomba plantada dentro de um espaço fechado; do outro, as forças policiais devem invadir e desarmá-la. O grande diferencial é que cada equipe é formada por agentes com armas e habilidades únicas, que, quando combinados, permitem estratégias variadas e criativas.




Rainbow Six Mobile traz essa essência para os celulares, mas adaptada ao modelo free-to-play, distribuindo conteúdo entre itens gratuitos e pagos e ajustando os comandos para a tela de toque. Assim como no PC e consoles, a curva de aprendizado é bastante íngreme, o que pode tornar a primeira experiência um pouco desafiadora para quem nunca teve contato com a franquia.

Minha expectativa era que a versão mobile oferecesse uma experiência mais acessível e simplificada. E, de fato, tive partidas divertidas e bem estruturadas nas últimas semanas, embora ainda enfrente dificuldades para entender os mapas fechados e destrutivos, algo característico da série. O tutorial ensina bem o básico, e o desbloqueio gradual de novos agentes ajuda a assimilar suas particularidades aos poucos.




Vindo de jogos mais dinâmicos como Counter Strike e Call of Duty Mobile, precisei me adaptar à cadência mais lenta das partidas, onde o posicionamento e  a destruição do cenário fazem toda a diferença. O modo de partidas rápidas, o mata-mata entre equipes, foi especialmente útil para experimentar armas, aprender rotas e explorar estratégias sem a pressão das partidas competitivas.

No geral, Rainbow Six Mobile está bem adaptado aos celulares. Não encontrei problemas de conexão e o desempenho se mostrou estável, sem quedas significativas de FPS, mesmo em momentos intensos de ação. Apesar de alguns ajustes que ainda podem ser feitos, o jogo consegue entregar uma experiência bem adaptada aos celulares. No meu caso, utilizei um dispositivo intermediário com o sistema Android e as seguintes especificações:
  • Processador: 4x 2.8 GHz Cortex-A73 + 4x 1.9 GHz Cortex-A53;
  • Chipset: Snapdragon 685 Qualcomm SM6225-AD;
  • GPU: Adreno 610;
  • RAM: 8GB.


Muitos botões para pouca tela

Alguns gêneros de jogos apresentam grandes desafios ao serem adaptados para dispositivos móveis, e os FPS estão entre eles. A limitação de espaço na tela e a disposição dos botões costumam comprometer a jogabilidade, trazendo tanto pontos positivos quanto negativos.

No caso de Rainbow Six Mobile, os botões estão posicionados de forma relativamente lógica: o analógico de movimentação fica no lado esquerdo, enquanto a câmera e a mira estão à direita. Habilidades, utilitários e armamentos aparecem distribuídos ao redor da tela, e ainda existe a opção de personalizar o layout, ajustando a posição de cada ícone conforme a preferência do jogador.




Mesmo assim, a experiência não deixa de ser limitada. São muitas ações para executar, e é difícil encontrar uma configuração que não comprometa o gameplay. Em várias situações, precisei mover demais a mão para alcançar certos comandos ou acabei tocando no botão errado, o que gerou ações indesejadas durante as partidas.

Também testei a jogabilidade com um controle, mas não achei que fosse uma solução melhor. Embora a movimentação tenha ficado mais fluida, a mira perdeu precisão, tornando as partidas mais custosas e até menos intuitivas. No fim, acabei optando por tentar ajustar os comandos na tela do celular para uma melhor jogabilidade.



Progressão lenta e o foco no Battle Pass

Rainbow Six Mobile adota o modelo free-to-play e segue a estratégia tradicional dos games mobile. O foco está em um Passe de Batalha com trilhas gratuita e premium, que oferecem recompensas como skins, itens cosméticos e, no caso da versão paga, acesso antecipado ao novo operador sazonal.

A progressão acontece de forma relativamente simples: jogamos partidas, acumulamos experiência e desbloqueamos recompensas. Operadores também podem ser adquiridos com a moeda do jogo, mas o processo é lento e exige bastante dedicação. Além disso, cada operador precisa ser evoluído individualmente por meio de missões específicas, o que torna o progresso ainda mais demorado.




Embora esse modelo fosse esperado, sua implementação deixa a desejar. O ritmo para liberar novos conteúdos é arrastado e limita a variedade de personagens disponíveis, mesmo após muitas horas de jogo. A situação fica ainda mais evidente quando comparada ao Passe de Batalha premium, que acelera a progressão e concede vantagens significativas para quem paga.

Essa disparidade cria uma barreira de entrada preocupante, especialmente para jogadores curiosos ou novatos na série. Somada à curva de aprendizado exigente e à adaptação aos controles móveis, a experiência pode acabar afastando parte do público em vez de atraí-lo.



Divertido, mas com um futuro incerto

Rainbow Six Mobile é mais uma boa alternativa de FPS para os celulares, adaptando de forma competente toda a dinâmica do FPS disponível nos PCs e consoles. Mesmo com a proposta cadenciada, as partidas estão dinâmicas e há uma quantidade satisfatória de conteúdo para ser desbloqueado. No entanto, o modelo de progressão lenta e a barreira para desbloquear novos operadores podem afastar jogadores iniciantes ou casuais. Ainda assim, para quem busca um FPS estratégico e bem polido no mobile, a Ubisoft entrega uma experiência sólida, capaz de agradar tanto veteranos quanto curiosos da franquia.

Prós

  • Adaptação competente da fórmula de Rainbow Six Siege para dispositivos móveis;
  • Partidas dinâmicas e envolventes, mesmo com a proposta mais cadenciada;
  • Quantidade satisfatória de conteúdos e operadores para desbloquear;
  • O jogo está bem otimizado, com desempenho estável e sem problemas de conexão.

Contras

  • A progressão para desbloquear novos operadores é lenta;
  • O sistema de monetização pode favorecer quem compra o Passe de Batalha;
  • Controles de toque podem ser confusos pela grande quantidade de ações;
  • Dificuldade elevada pode desanimar iniciantes sem experiência na franquia;
  • A jogabilidade com controle é pouco otimizada.
Tom Clancy's Rainbow Six Mobile  — Android / iOS — Nota: 7.5
Versão utilizada para análise: Android

Revisão: Johnnie Brian



OpenCritic
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Gustavo Souza
é geólogo, entusiasta de tecnologias e apenas mais um mineiro que não vive sem café e pão de queijo. Está sempre com um console portátil na mão e gosta de passar o tempo jogando uma partida de FIFA, cuidando de uma pequena fazenda e dirigindo seu caminhão pelas estradas europeias.
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