Análise: Through the Nightmares é um pesadelo de tão difícil, o que é um sonho para quem busca um jogo de plataforma brutal

O jogo indie 2D integra uma temática de pesadelos infantis com um gameplay extremamente desafiador.

em 30/08/2025

Já imaginou como seria se encontrar preso em um pesadelo interminável? Pois isso é o que aconteceu com uma série de crianças em Through the Nightmares, jogo indie de plataforma 2D.  Cabe ao dourado protagonista resgatar os prisioneiros das garras de Morfeu. Acontece que essa missão não será nada fácil; muito pelo contrário, será brutalmente desafiadora. Prepare-se para uma das experiências de plataforma mais difíceis dos videogames.

De fato, um pesadelo

 É impossível falar de Through the Nightmares sem focalizar sua característica mais marcante: a dificuldade brutal. Praticamente desde o início, o jogo não poupa esforços em dificultar o progresso do jogador, exigindo muita habilidade nos pulos e saltos que compõem a jornada. Além de tirar os pés do chão, também temos outros recursos ao nosso dispor para tentar obter o sucesso. Tratam-se das habilidades de encolher e de golpear o chão, com essa última inclusive alterando permanentemente a fase. Há também um interessante sistema de checkpoint, no qual um item obtido no nível pode ser utilizado para criar um checkpoint que “salva” o jogador no máximo três vezes.
Contudo, não se iluda: as modificações na fase (de fato permanentes, não se revertem após a morte) e o sistema de checkpoint são recursos para reduzir a frustração que poderia surgir devido ao caráter brutalmente desafiador do jogo, não para facilitar o progresso em si. Este continua sendo dificílimo, verdadeiramente impossível de ser logrado sem muito foco e dedicação por parte do jogador. Além do alto nível de desafio inerente ao jogo, ainda existem desafios opcionais para obter itens referentes à criança que estamos resgatando. Vale destacar que, mesmo com toda essa dificuldade, muito raramente ocorre a sensação de frustração. Pode-se lidar com todos os obstáculos empregando muita habilidade – com poucas exceções onde parece tratar-se mais de sorte.

Uma limitação primordial

O leitor fã de jogos de plataforma talvez tenha suspeitado de um trecho do texto até aqui. Quando falei dos recursos disponíveis além dos pulos e saltos, a lista pode ter parecido um tanto curta demais. Não foi omissão da minha parte, mas sim uma grande e inerente limitação do jogo. O que ocorre é que, com exceção da inovadora mecânica de encolher e da possibilidade de golpear o chão, o gênero é essencialmente reduzido ao seu denominador comum. Isso significa que faltam opções de movimentação para além da escolha da altura dos pulos e saltos (medida pelo tempo que se aperta o botão).
Features bem-estabelecidas do gênero como dash e walljump poderiam ter adicionado muito mais variedade ao fluxo de gameplay, ampliando o horizonte de possibilidades a serem exploradas pelos desenvolvedores. Dessa forma, a diversidade de desafios ficou por conta das mecânicas das fases em si, já que o conjunto de movimentos ficou devendo. Felizmente, o jogo não decepciona nem um pouco no que diz respeito ao game design.

A cada nível, novos desafios

De início, cabe destacar a diversidade de ambientações adotadas pelo jogo. Os cenários vão desde uma floresta escura até um imponente castelo, passando pelo espaço sideral e por uma casa comum infestada por aranhas. É nesse contexto que ocorre a variedade no gameplay: praticamente todas as fases apresentam pelo menos uma nova mecânica, compondo um amplo quadro de obstáculos em cada ambientação. Through the Nightmares possui um pulsante coração criativo, e dele surgem um número impressionante de desafios para o jogador.
Quem se dedicar a enfrentar Through the Nightmares com agilidade e persistência será devidamente recompensado. A cada nível concluído, surge uma sensação cada vez maior de realização por ter conquistado os variados desafios presentes no jogo. Com quase nenhum bug e uma apresentação admirável tanto na parte gráfica quanto na trilha sonora, Through the Nightmares é um brutal sucesso de plataforma. Bons sonhos!

Prós

  • Dificuldade brutal mas justa, exigindo muita habilidade do jogador;
  • Game design variado e criativo, sempre surpreendendo;
  • Ausência quase total de bugs;
  • Apresentação bem-sucedida tanto na parte gráfica quanto na trilha sonora.

Contras

  • Alguns poucos desafios são exceção à regra e acabam por serem frustrantes e baseados em sorte, ao invés de habilidade;
  • O conjunto de movimentos podia ser mais variado. 
Through the Nightmares — PC/PS4/PS5/XBO/XSX/Switch — Nota: 8.5
Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Johnnie Brian
Análise produzida com cópia digital cedida pelo Sandman Team
OpenCritic
Siga o Blast nas Redes Sociais
Felipe Jungstedt
Cientista social em formação, apaixonado por todo tipo de joguinho (com um amor especial pelos indies e pelos da Nintendo). Você provavelmente vai me encontrar ouvindo música enquanto jogo Spelunky 2 ou tirando a poeira de algum Zeldinha clássico.
Este texto não representa a opinião do GameBlast. Somos uma comunidade de gamers aberta às visões e experiências de cada autor. Você pode compartilhar este conteúdo creditando o autor e veículo original (BY-SA 4.0).