Análise: Achilles: Survivor testa nossa capacidade de sobrevivência na antiga Grécia

Engrossando a lista de roguelikes de sobrevivência em 2025, Achilles: Survivor combina mecânicas próprias com a rica mitologia grega para oferecer uma experiência familiar, mas com um toque especial que pode render boas horas de jogatina. O título da Dark Point Games chegou no fim de julho ao PC e aos consoles, após alguns meses em Acesso Antecipado desde janeiro deste ano e na análise a seguir vamos conferir um pouco deste título mitológico.

Heróis e monstros gregos se digladiam

Achilles: Survivor coloca o jogador no papel do lendário herói grego Aquiles, além de outros nomes marcantes da mitologia, como Heitor, Diomedes e Prometeu. A missão é explorar cenários inspirados na Grécia Antiga, enfrentando hordas de criaturas para cumprir objetivos como sobreviver por um tempo determinado, derrotar um chefe, fechar fendas do submundo, entre outros.

Seguindo a fórmula consagrada do gênero, ao derrotar inimigos, o jogador coleta orbes que concedem pontos de experiência. Ao subir de nível, uma seleção aleatória de melhorias é apresentada, permitindo escolher uma para fortalecer algum atributo do herói. Em determinados níveis, novas armas — chamadas aqui de “poderes” — podem ser adicionadas ao arsenal para ampliar as opções de ataque.

Embora à primeira vista não se destaque de outros títulos do gênero, Achilles: Survivor apresenta particularidades. A principal delas é a possibilidade de construir estruturas para auxiliar no combate. Ao explorar o mapa, o jogador pode coletar minério em pontos específicos ou por meio de ícones espalhados pelo cenário.

Esse minério funciona como moeda para erguer construções que, além de oferecer vantagens estratégicas em campo, também garantem melhorias de status, como aumento de vida máxima, defesa e, principalmente, evolução das armas quando essas atingem o nível necessário.

Essa dinâmica incentiva a exploração do mapa em busca de pontos de interesse que permitem executar essas ações e, consequentemente, aumentam as chances de sobreviver às hordas incessantes de monstros que tentam aniquilar o herói.

Honestamente desafiador

Achilles: Survivor sabe equilibrar bem o desafio com as recompensas obtidas após cada partida. O desbloqueio de novos mapas, personagens, armas e estruturas está diretamente ligado ao progresso do jogador em diversas atividades secundárias.

O desempenho em cada cenário — como o número de objetivos concluídos, a quantidade de inimigos derrotados, as estruturas construídas, o gasto de ouro para re-rolar opções de melhorias, o minério utilizado para construções e a experiência adquirida com cada classe de personagem — contribui para o avanço geral, seja na vitória ou na derrota.

Mesmo partidas menos proveitosas rendem progresso, incentivando sempre novas tentativas. Conheci o jogo durante o Acesso Antecipado, por ser mais um representante do gênero que gosto de chamar de survivors like, popularizado por Vampire Survivors.

Naquela fase, já era possível aproveitar grande parte do conteúdo, e meu progresso foi mantido na versão completa lançada em 29 de julho, que também marcou a estreia do jogo nos consoles PlayStation 4 e 5, Xbox One e Xbox Series.

Com a chegada da versão 1.0, voltei para conferir as novidades, como o sistema de progressão aprimorado e a melhor otimização, que garante desempenho sólido mesmo com a exigência da Unreal Engine — especialmente no PC. Também foi adicionado o modo Endless, o desafio máximo de sobrevivência.

Os Favores — como são chamadas as melhorias permanentes — foram reformulados, com destaque para as opções exclusivas de cada uma das cinco classes, permitindo ajustes que tornam a jogabilidade mais dinâmica, estratégica e variada, além de incentivar a experimentação para encontrar combinações poderosas para enfrentar os monstros.

Embora à primeira vista possa parecer mais do mesmo, Achilles: Survivor apresenta ideias bem executadas que enriquecem o gameplay e motivam o retorno constante. Assim como as grandes histórias da mitologia grega, é um título com personalidade forte e ousadia dentro de um gênero que já começa a mostrar sinais de saturação.

Uma pena que no aspecto narrativo ele não explore tanta coisa. A mitologia grega é riquíssima em conteúdo, mas aqui ela foi apenas usada como inspiração para o tema do jogo. Não chega a impactar na experiência geral, dada a proposta do título, mas seria interessante apresentar um pouco mais da mitologia grega ao público que, possivelmente, veio apenas pela ação.

Marcante como uma lenda grega

Achilles: Survivor se consolida como um roguelike de sobrevivência que respeita as raízes do gênero, mas também busca oferecer elementos próprios para se destacar. O uso da mitologia grega, a mecânica de construção de estruturas e o sistema de progressão recompensador dão ao jogo um diferencial capaz de manter o jogador engajado por horas.

Mesmo não reinventando a fórmula, sua execução competente, otimização sólida e atenção ao balanceamento entre desafio e recompensa o tornam uma adição valiosa para quem aprecia o gênero. Embora o mercado esteja saturado de títulos similares, Achilles: Survivor consegue preservar sua identidade e ser mais um produto que vale a pena conferir.

Prós

Uso criativo da mitologia grega como pano de fundo;
Mecânica de construção de estruturas que influenciam o combate e a progressão;
Sistema de progressão recompensador, mesmo em partidas menos produtivas;
Boa variedade de personagens, armas e habilidades;
Otimização sólida, com desempenho estável mesmo em cenários mais exigentes;
Modos de jogo variados, incluindo o desafiador modo Endless;
Personalização de classes com melhorias exclusivas que incentivam a experimentação.

Contras

Estrutura de gameplay semelhante a outros títulos do gênero, podendo passar a sensação de “mais do mesmo”;
Dependência de repetição para desbloquear todo o conteúdo;
Narrativa pouco explorada, apesar do rico contexto mitológico.

Achilles: Survivor — PC/PS5/PS4/XBO/XSX — Nota: 8.5
Versão utilizada para análise: PC

Revisão: Beatriz Castro

Análise produzida com cópia adquirida pelo redator