Análise: Gradius Origins traz legado, nostalgia e novidade num pacote quase perfeito

Uma das mais célebres franquias da Konami ganha um compilado com jogos clássicos, galeria cheia e até um título inédito.

em 20/08/2025
Gradius é, sem sombra de dúvidas, um dos expoentes dos shoot ‘em ups oitentistas, inspirando gerações de títulos que viriam até os dias de hoje. Agora, com seu aniversário de 40 anos, chegou a hora de conhecer as raízes da franquia com a coletânea Gradius Origins, que traz não só diversos títulos, mas os diferentes títulos de ROMS que existiam para o Arcade.

As muitas faces de um clássico

Para quem nunca chegou a jogar um Gradius na vida, trata-se de um jogo de nave clássico, no qual progredimos lateralmente e coletamos power-ups, que aumentam a força dos nossos disparos, a velocidade de deslocamento do nosso veículo e adicionam sondas auxiliares que acompanham nossos projéteis. Ao todo, foram reunidos 18 ROMs dos 7 primeiros títulos da franquia: Gradius (1985), Salamander (1986), Life Force (1988), Gradius II (1988), Gradius III (1999), Salamander II (1996) e Salamander III (2025).

A quantidade de versões pode parecer um exagero em alguns casos, como o primeiro Gradius ter cinco ROMs e a inclusão da versão japonesa de Life Force separada da americana, que foi lançada como uma versão renomeada de Salamander, mas essa sensação logo passa ao iniciarmos cada jogo. 

Mesmo com uma breve explicação da diferença entre cada uma das ROMs, que vão desde mudanças no padrão dos inimigos a alterações na dificuldade geral, elas ficam perceptíveis ao iniciar uma partida, e isso inclusive é uma maneira de mostrar como o público geral influenciava nos lançamentos e distribuições daquela época. Sem contar que, como em Gradius III, temos acesso há ports que foram feitos exclusivamente para eventos, mas nunca lançados de maneira oficial.

A M² fez um excelente trabalho com os ports, reduzindo quase que totalmente o atraso de resposta que os controles oitentistas apresentavam em sua forma original. Entretanto, ainda há uma marca de idade difícil de se livrar: os slowdowns que acontecem quando há muitos tiros e inimigos na tela. Tudo bem que o cessar fogo do nosso controle pode normalizar as coisas, mas não dá para ficar um segundo sequer sem atirar em nenhum jogo da franquia.

Em meio a tantos clássicos, ainda há espaço para uma novidade: Salamander III, que foi planejado inicialmente para 1998, finalmente ganhou um lançamento oficial, finalizando um hiato de quase 20 anos sem novos títulos na franquia Gradius, inclusive considerando seus spin-offs. Por mais que ele mantenha o mesmo level design dos outros jogos — um enxame infernal de balas, inimigos em espaços estreitos e chefes com feições grotescas —, é bem-vinda a adição de um projeto que apenas os fãs mais ávidos ouviram falar.

O estilo visual aprimorado de Salamander III também se destaca entre os nomes trazidos na coletânea, e por ter todos eles a um clique, é divertido também ver tudo o que este terceiro título aproveitou de todos os outros.

Essa inclusão também serve para diminuir o espaço em branco deixado pela ausência de alguns outros jogos que poderiam integrar Gradius Origins, como Gradius Gaiden, Gradius IV e a dupla Nemesis 2 e 3, que são versões para o console MSX. Ainda incluo o obscuro Scramble, de 1981, que serviu de base para o primeiro Gradius e seria uma adição bacana a título de curiosidade.

Grandiosidade estelar

Gradius tem história de sobra e os produtores souberam aproveitar muito bem isso em Origins. Com exceção de Salamander III, todos os demais incluem opções que o tornam mais acessíveis para os jogadores novatos que não estão acostumados com o ritmo frenético da franquia.

Além do Modo Original, que é basicamente a ROM em sua essência, há o Fácil e o Invencível: o primeiro traz inimigos com um padrão de ataque mais errôneo e lento, o que pode não parecer, mas faz uma diferença danada; já o segundo, como o nome deixa bem claro, nos impede de morrer e deixa a missão de derrotar a escória espacial uma moleza, mas ao preço (justo) de não ser possível desbloquear nenhum troféu nesse modo.

Inclusive, a lista de troféus merece uma menção devida, pois ela apresenta desafios que levam os jogadores a explorar cada um dos títulos da coletânea sem trazer nada muito mirabolante. É só jogar, fazer pontuações e descobrir alguns segredos.

Para quem quiser afiar suas habilidades, algumas ROMs também apresentam o Modo Treino. Nele, podemos escolher qual looping e zona queremos enfrentar e repetir exaustivamente até dominar cada trecho, desde os complexos labirintos vivos com paredes que se reconstroem até as enormes cabeças de Moai que disparam anéis de íons.

Também foram colocadas opções como filtros de tela, 100 espaços de salvamento, para guardar nosso progresso da maneira que quisermos, e o botão de retroceder, que nos ajuda a refazer alguma decisão de última hora que não saiu da maneira esperada.

A galeria faz jus à Gradius, trazendo uma boa porção de memorabilia para quem curte a franquia desde os primórdios. Manuais, artes conceituais, panfletos de instrução e até uma playlist completa, que pode ser deixada tocando ao fundo enquanto navegamos pelos menos. Para completar, há até uma lista de inimigos por jogo, mostrando quantos pontos eles rendem ao serem eliminados.

Infelizmente, apenas Salamander III não teve nenhum tipo de arquivo artístico ou sonoro incluído, o que acaba fazendo um pouco de falta no conjunto.

Uma parada espacial obrigatória

Gradius Origins dá os devidos louros a uma das principais franquias da Konami, mostrando a sua importância para o gênero e ainda revelando um título que antes era tratado como uma lenda. Além disso, o trabalho desenvolvido para deixar todos os títulos acessíveis e preservar sua estrutura original fazem desta coletânea uma joia para os fãs de shoot ‘em up de todas as idades.

Prós

  • As diversas ROMs disponíveis mostram como são diferentes os lançamentos em regiões distintas de maneira prática;
  • Ótimos recursos de acessibilidade, como modo Fácil, Treino, save slots e botão de rebobinar;
  • A galeria traz uma quantidade generosa de artes e arquivos para os curiosos e fãs da franquia;
  • A inclusão de Salamander III é algo chamativo por si só.

Contras

  • Os slowdowns em momentos de tela cheia ainda são bem chatos;
  • Ausência de alguns títulos na coletânea, como Gradius IV e Gaiden;
  • Ficou faltando os arquivos e a trilha sonora de Salamander III na galeria.
Gradius Origins — PC/PS5/Switch/XSX — Nota: 8.5
Versão utilizada para análise: PS5
Revisor: Beatriz Castro
Análise feita com cópia digital cedida pela Konami
OpenCritic
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Carlos França Jr.
é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no @carlos_duskman
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