Análise: Anger Foot chega ao PS5 com os dois pés no peito e muita personalidade

Corra atrás da sua coleção de tênis, arrebentando todo mundo pelo caminho, na base da bicuda.

em 14/08/2025
Frenético e caótico, Anger Foot chega ao PS5 chutando tudo, após a boa recepção no PC. Para quem gosta de ação em primeira pessoa, este jogo traz uma alternativa direta ao ponto, acompanhada de humor ácido e tênis estilosos.

Pé na porta e tênis na cara

Na controversa cidade de Merdópolis, o crime é algo legalizado e corriqueiro. Há até quem pague para que assaltos sejam realizados entre um beco e outro, e gangues dominam seus variados distritos. Anger Foot, nosso herói, não poderia se importar menos com isso. A única coisa que merece cuidado é sua rara coleção de tênis Preemo, só que eles acabam sendo roubados pelos larápios locais. Agora, cabe ao protagonista perseguir os ladrões, descalço mesmo, jantando todo mundo na bicuda e, pontualmente, distribuindo tiros.

Nossa missão é percorrer as 15 fases de cada distrito e enfrentar o chefe que está ao final delas, para recuperar cada um dos nossos preciosos “pisantes”. Em suma, os estágios são concluídos rapidamente, alguns até abaixo de um minuto. Anger Foot conta com seu potente chute de esquerda, mas também pode pegar armas derrubadas pelo caminho e utilizar objetos para causar grandes estragos, como tanques de propano e botijões de gás.

Existem algumas missões extras que acabam nos fazendo jogar um estágio mais de uma vez, como chegar ao final sem dar nenhum pulo ou esmagando baratas pelo caminho. Concluí-las rende estrelas, que desbloqueiam pares de calçados que conferem alguns benefícios para Anger Foot.

O port é basicamente o mesmo da versão para PC; logo, o destaque fica por conta do feedback do DualSense do PS5 durante a partida, que acompanha a corrida e os tiros, transmitindo perfeitamente a correria vista na tela. No mais, alguns dos defeitos da primeira versão persistem, e o principal é o looping repetitivo de jogabilidade.

Mesmo com toda a velocidade imposta do começo ao fim, os padrões de inimigos, que até são variados no começo, acabam sendo duplicados exaustivamente, e isso me causou aquela sensação de “de novo?”. Seria mais bacana se os tipos de bandidos ficassem restritos a apenas um distrito, criando uma personalidade para aquela área. Ao me aproximar do final do jogo, foi virando aquela salada de encontrar todo mundo pelo caminho.

Entretanto, também não posso negar que é bastante divertido simplesmente poder chutar tudo, inclusive rebatendo granadas, e poder atirar sem me preocupar em ser extremamente preciso com a mira. A ideia é o abate violento e rápido, sem mazelas, e nisso, Anger Foot consegue cumprir muito bem o que propõe.

Se quem estiver no controle precisar de uma ajuda para se acostumar com tudo que está acontecendo, há diversas opções de acessibilidade, que vão desde tornar a mira mais adequada às nossas preferências até abaixar um pouco a agressividade de inimigos e chefes. Até mesmo a invencibilidade está disponível, mas apenas ao lidar com os bandidos. Cair de algum lugar alto ainda nos leva a recomeçar a fase.

Sem medo de “pé-sar” o clima

Não dá para negar que o visual e a trilha sonora de Anger Foot também desempenham um papel fundamental para tornar Merdópolis um lugar único. As cores fortes, em tons escuros, realmente combinam com os prédios e esgotos que temos que vasculhar em busca dos nossos tênis.

Quanto à trilha sonora, ela pode acabar dividindo opiniões. Apesar de se tornar incômoda após um tempo, principalmente para quem não é chegado há ritmos mais fortes, como o hardstyle, ela definitivamente consegue embalar a ação. As batidas fortes e marcantes — curiosamente chamadas de kick drums nesse gênero — realmente trazem a sensação de alguém com pressa, que precisa correr sem parar. 

Só que, caso seja necessário repetir um cenário muitas vezes — e será, acreditem —, o “puts puts” vai acabar derretendo um pouco os seus ouvidos, principalmente se você jogar de fones.

Um elemento que também dá seu show de maneira única é o humor escrachado e escatológico, sem medo de fazer referências que podem parecer controversas, mas que fazem total sentido no contexto do jogo. Desde os inimigos pegos de surpresa no banheiro até alguns pôsteres sugestivos nas paredes, tudo é referência para algum momento que quando você se toca, vem aquele: “Noooooossa, que errado… mas eu ri.”

Por fim, também é importante pontuar que não encontrei nenhum dos problemas de performance e queda de frames que persistiram em diversos momentos da versão para PC. Tudo rodou perfeitamente, sem engasgos.

Com uma palmilha melhorada

Anger Foot não trouxe nada de novo para o PS5, e, de fato, não precisou. Sua mecânica, com maior foco na velocidade do que na precisão é algo que vicia, mesmo que afetada pela alta repetitividade do level design e do padrão de inimigos. Isso, somado à trilha sonora frenética, aos visuais fortes e ao humor sem nenhum compromisso de ser leve, torna a jornada do “Pé Nervoso” uma experiência bem interessante e que merece uma chance.

Prós

  • Jogabilidade sem firulas e divertida;
  • As fases curtas são uma boa pedida para o ritmo de jogo;
  • O humor desempenha um papel fundamental na história e na personalidade dos inimigos;
  • Boas opções de acessibilidade;
  • As funções do DualSense foram bem empregadas para acompanhar a ação.

Contras 

  • A estrutura da jogabilidade e do level design traz vários momentos de repetição;
  • A trilha sonora pode se tornar cansativa ao refazer um estágio.
Anger Foot — PC/PS5 — Nota: 7.5
Versão utilizada para análise: PS5
Revisão: Mariana Marçal
Análise produzida com cópia digital cedida pela Devolver Digital
OpenCritic
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Carlos França Jr.
é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no @carlos_duskman
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