Análise: Abyssus entrega combates intensos, mas se afoga na falta de variedade

Um jogo que diverte em curtas doses.

em 20/08/2025

Publicado pela The Arcade Crew em 2025, Abyssus é um roguelite em primeira pessoa que chama atenção pela ambientação submersa e pelas opções de personalização durante as partidas. Ele entrega ação rápida e momentos divertidos, principalmente quando jogado em coop, mas sofre com repetição de fases, chefões desequilibrados e alguns problemas técnicos que impedem uma experiência mais marcante.



Antes de mergulhar, uma trama rasa e apenas funcional

A história serve mais como pano de fundo: você é enviado para investigar uma estranha fonte eletromagnética e acaba preso em uma cidade submersa esquecida. O enredo aparece rápido no começo e depois é complementado por diários espalhados pelo cenário, mas eles são vagos e não chegam a sustentar o interesse. No fim, a trama é apenas um pretexto para mergulhar direto na ação.

Ainda assim, a ambientação funciona. Há claras inspirações em BioShock e o ritmo frenético de combate lembra DOOM. Mesmo sem aprofundar a narrativa, o jogo consegue transmitir a sensação de estar em um lugar hostil e repleto de perigos.



Entre bênçãos, fragmentos e artefatos: o caos que diverte e cansa

O que realmente segura a atenção em Abyssus é o combate. Seu personagem desce pelo sino de mergulho e cai na primeira fase. O jogo conta com um bom arsenal de armas; cada uma com disparos primário e secundário, habilidades especiais como torretas ou granadas e movimentação ágil dão o ritmo das partidas, o famoso “dash”. Jogar sozinho já é divertido, mas no cooperativo tudo fica mais caótico e recompensador.

Cada cenário possui uma temática de inimigos específica. A primeira fase é onde robôs movidos a cristais irão te atacar; depois de sairmos da caverna robótica entramos em um cenário de selva e civilizações antigas, aqui é onde anfíbios e répteis serão seu desafio. Os vilões também possuem diferentes classes e tipos de ataques, inerentes à sua temática; existem os “peões” mais fracos mas que vêm em grande número, inimigos medianos que possuem o equilíbrio total de suas habilidades, tanques entre outros. É uma boa variedade de rivais.

O sistema de bênçãos elementais é um dos destaques: ao fim de cada sala, você escolhe entre poderes que podem, por exemplo, eletrificar tiros ou congelar inimigos com habilidades. Essas escolhas moldam sua run e permitem combinações muito poderosas. Você irá determinar em qual aspecto de suas armas essa benção irá se encaixar. Por exemplo, é possível colocar a benção de raio e seu disparo primário, fazendo com que um rajada de eletricidade seja disparada junto a seus tiros, juntando isso com a benção de escudo - faz com que o jogador ganhe uma sobrevida conforme fonte escolhida para a benção causa dano - acrescentada às torretas você cria um loop de dano e proteção. É possível criar builds extremamente divertidas.




Há também os fragmentos de alma, coletados em lutas contra chefes. Ao final de cada run, o jogador poderá ir até à tabuleta de almas onde irá utilizar os fragmentos para desbloquear melhorias permanentes, como mais curas, recargas mais rápidas ou a presença de altares de cura pelos cenários. Outro aspecto é o desbloqueio de novas armas que estão escondidas pelo mapa ou atrás de segredos.

Além disso, o jogo oferece baús com recompensas variadas, lojas de um comerciante misterioso e até artefatos que concedem bônus passivos até o fim da run, os “charms”. Essa variedade deixa cada partida com um toque diferente. O problema é que as fases em si não mudam: as seções se repetem bastante, não existindo variações no cenário, e mesmo os objetivos extras acabam caindo na mesmice depois de algumas horas.

A dificuldade também pesa. Chefões com ataques quase impossíveis de evitar podem transformar a frustração em parte da rotina, o que afasta a ideia de desafio justo que o gênero pede.



Bonito à primeira vista, limitado na prática

Visualmente, Abyssus aposta em um estilo cartunesco vibrante que chama atenção, com cenários coloridos e efeitos marcantes. Novamente a inspiração em Bioshock aparece, tudo que envolve a energia das marés, o “Brine” como nosso personagem pontua, é brilhante e interessante. Realmente sentimos que estamos explorando caminhos tomados pelo oceano e civilizações alimentadas por sua força. Destaque para o cenário final com um design totalmente exótico.

No som, a trilha cumpre sua função de acompanhar a ação, mas sem entregar faixas memoráveis. O protagonista solta algumas falas ocasionais, entre piadas rápidas e frases de incentivo, que acrescentam um toque leve, mas pouco relevante para a experiência. O resultado é um áudio correto, mas sem brilho.

O maior problema, contudo, está na parte técnica. É comum encontrar inimigos presos em paredes e isso acaba por estragar a run, pois se não eliminá-lo, não conseguirá progredir; outro ponto são as falhas de colisão como tiros não acertando inimigos quando claramente o fizeram ou o contrário, ataques que não te acertariam mas acertaram. Esses incidentes não apenas quebram a imersão, como comprometem o andamento da partida, afetando diretamente o ritmo das runs.




Diversão pontual para fãs de roguelite, mas sem brilho duradouro

Abyssus tem um combate competente e várias opções de personalização que rendem momentos empolgantes, especialmente no modo cooperativo. No entanto, a repetição de fases e os problemas técnicos pesam bastante, resultando em uma experiência divertida, mas que dificilmente vai marcar presença entre os grandes nomes do gênero.

Prós

  • Combate rápido e divertido
  • Boa variedade de armas, habilidades e bênçãos
  • Coop torna tudo mais interessante
  • Ambientação submersa criativa

Contras

  • Fases muito repetitivas
  • Chefões desbalanceados
  • Bugs e falhas técnicas frequentes
  • História quase irrelevante
Abyssus — PC — Nota: 6.5
Revisão: Johnnie Brian
Análise produzida com cópia digital cedida pela The Arcade Crew

 

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Vincenzo Augusto Zandoná
Apaixonado por games desde que nasci, gosto de passar horas tagarelando sobre, principalmente Metal Gear! Ah e também faço café...
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