Análise: Ready or Not mantém experiência visceral nos consoles, mas peca nos detalhes

O polêmico shooter chega aos consoles envolto em acusações de censura e problemas técnicos.

em 29/07/2025

Lançado originalmente para PC em 2023, Ready or Not é um shooter tático que simula as atividades da SWAT americana em uma gameplay recheada de realismo e conteúdo gráfico. Agora, o projeto ganhou lançamento oficial nos consoles — e com ele, uma série de polêmicas sobre censura e polimento.

Apesar das questões, o port manteve uma qualidade visual semelhante à dos PCs, com ótima adaptação para os controles e uma performance que, especialmente para mim no PS5 base, foi extremamente satisfatória. Entretanto, algumas mudanças visuais e mecânicas são o ponto central a ser discutido.

Mãos pra cima!



Ready or Not te coloca na pele do comandante de um esquadrão da SWAT na cidade de Los Sueños, uma versão fictícia da famosa Los Angeles. Através da delegacia principal, você prepara seu personagem, escolhe sua equipe e sai em uma das dezenas de missões especiais.

Cada operação contém um desafio diferente: uma lanchonete assaltada, um tiroteio escolar, uma invasão domiciliar ou até mesmo um atentado terrorista. Diversas situações colocam você e sua equipe com os nervos à flor da pele, pois qualquer erro pode ser fatal. É possível jogar a campanha comandando o seu esquadrão ou com a ajuda de amigos online.




A parte mais interessante dessas operações é a capacidade do jogo de te colocar na pele desses agentes. Com uma gameplay tática, hardcore e extremamente punitiva, existem poucos limites para erros. Uma porta aberta no momento errado pode significar morte para todo o esquadrão. Diversas situações colocam o jogador para abaixar as armas e pensar um pouco — seja diante de um refém em apuros ou de armadilhas atrás de portas.

Uma parte intrínseca dessa experiência é a I.A. dos inimigos. É um daqueles casos em que, ao ver em ação, você se sente intimidado. Diversas vezes repeti a mesma fase, e os inimigos estavam em locais diferentes ou se comportando de forma distinta. Alguns se escondiam em pontos específicos, outros pegavam reféns em momentos diferentes, tornando toda a experiência ainda mais tensa.

Progressão e construção



Um elemento que, obviamente, foi colocado deliberadamente pelos desenvolvedores — mas que senti como uma grande oportunidade perdida — é a falta de progressão para o jogador. Já de início, todos os equipamentos e acessórios estão disponíveis, com exceção dos elementos estéticos. Como o jogo é majoritariamente em primeira pessoa, esse aspecto se torna até secundário.

Muitas pessoas podem achar isso divertido, mas eu, pessoalmente, senti que o jogo oferecia pouca progressão para meu personagem, além de limitar o quão desafiadoras poderiam ser as partidas. Quem sabe, se o equipamento no começo fosse limitado, criaria situações ainda mais tensas — uma pistola contra inimigos com fuzis? Ou uma missão em que apenas a arma de choque estivesse disponível?

Outra coisa que senti falta foi de um fio narrativo. Com cerca de 18 missões na campanha principal, cada fase apresenta uma narrativa mais fechada, com alguns casos se conectando a outras fases. Mas, no geral, são histórias contidas, missão por missão. Um arco narrativo conduzindo essas operações fez falta na hora de se importar com os policiais envolvidos.

O elefante na sala



Desde o lançamento nos consoles, a desenvolvedora VOID tem sido acusada de censura pelos fãs. Antes mesmo da chegada oficial, já haviam deixado claro que algumas mudanças ocorreriam — o grande problema foi essas alterações afetarem não só as versões de PS5 e Xbox, mas também a original de PC.

Entre as mudanças, houve uma suavização em elementos visuais e mecânicos considerados pesados demais para os videogames. Entre eles estão a possibilidade de desmembrar cadáveres de inimigos, a nudez explícita de alguns personagens e, especificamente, uma cena em que uma criança sofria um ataque epiléptico — na versão atual, ela apenas dorme.

Essas mudanças foram suficientes para os jogadores acusarem a VOID de estar “limpando” o jogo ou o tornando familiar demais, quando a proposta original era justamente oferecer uma experiência realista e sombria das forças policiais e seus desafios. É curioso pensar no argumento da empresa — de que tais elementos precisavam ser removidos — sendo que jogos como Cyberpunk 2077 já apresentam nudez extrema e estão nos consoles.




Boa parte das alterações é pequena, mas, em muitas delas, o impacto psicológico diminui. Por exemplo, em uma das fases, você salva vítimas de tráfico humano. Na versão original, elas estavam nuas dentro de galpões, como animais. Já na versão atual, estão todas vestidas — o que minimiza o choque da situação.

No fim, essas divergências não vão, de fato, impactar a forma como você consome Ready or Not. Apesar de diluírem um pouco o tom sombrio, a parte integral da experiência ainda está presente com seus elementos mais interessantes — seja no PC ou nos consoles.

Você está pronto?

Ready or Not chegou aos consoles com um pacote conciso que mantém preservada boa parte da essência. Mesmo que os detalhes tenham sido alterados, o desafio de entrar em um prédio cheio de homens armados, sobreviver aos tiros e salvar inocentes ainda se mantém tão recompensador quanto antes.

Apesar de alguns problemas no lançamento — como saves sendo perdidos e as já comentadas acusações de censura —, o jogo continua sendo uma das experiências mais viscerais em termos de simulação nos consoles, sendo uma ótima pedida para os amantes do gênero.

Prós:

  • Jogabilidade realista com elementos táticos que tornam cada missão uma questão de vida ou morte;
  • Com uma I.A extremamente avançada, cada passo em falso pode significar a perda total da missão;
  • Diversos cenários realmente perturbadores, lidando com temas como tráfico humano, abuso de crianças ou tiroteios escolares;
  • Multiplayer sólido e divertido, ampliando a possibilidade de estratégias dentro das missões;
  • Bom port para os consoles, principalmente no tocante a desempenho e controles.

Contras:

  • Falta de um sistema de progressão robusto;
  • Linha narrativa interligando as missões é quase inexistente;
  • Diversas mudanças afetaram o tom de algumas missões;
  • Bugs como corrompimento de dados salvos podem ocorrer.
Ready or Not – PC/PS5/XSX – Nota: 7.0
Versão utilizada para análise: PS5
Revisão: Johnnie Brian
Texto de análise produzido com cópia digital cedida pela VOID Interactive
OpenCritic
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Luan Gabriel de Paula
Redator publicitário em tempo integral e amante de games nas horas vagas. Provavelmente aprendi a segurar um controle mais rápido do que uma mamadeira. Cresci com os maiores clássicos da Big N como Zelda, Mario e Pokémon. Hoje aproveito os pequenos momentos de descanso da vida corrida para me perder em Hyrule, em uma Tóquio pós-apocalíptica ou em um mundo de encanadores e cogumelos.
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