Primeiro me atraiu...
Ao bater os olhos em Vessels of Decay, duas coisas me atraíram instantaneamente: os visuais em pixel art e a temática do folclore escandinavo. Para começar, o estilo em pixels com iluminação de qualidade logra um charme que dura por toda a jornada. Além do visual retrô, tal opção gráfica ainda permite a criação de jogos de luz e sombra que adicionam tensão e imersão a sequências que, de outra forma, seriam bem mais comuns. De fato, é possível perceber o esmero constantemente aplicado na construção da aparência da obra.
A seguir, cabe examinar a ambientação do jogo. Trata-se da combinação do cenário pós-apocalíptico com os elementos do folclore escandinavo. O jogador explora um mundo onde antes havia tecnologia e uma sociedade como a dos dias de hoje, mas onde algo terrível aconteceu e o domínio humano sobre a região chegou ao fim. A natureza tomou conta das construções e dos veículos, e criaturas sobrenaturais passaram a governar a terra.
Dessa forma, há uma atmosfera de melancolia que acompanha a aventura durante quase todas as sequências de exploração; onde antes havia avanço e humanidade, restaram apenas ruínas e ossadas. A trilha sonora contribui fortemente para essa sensação, sempre afinada à situação do jogo. Já os monstros e a magia do folclore escandinavo acrescentam uma interessante particularidade à experiência, na medida em que são adaptados de uma mitologia real e fornecem substância ao mundo fictício da obra.
...depois custou um pouco a engrenar...
Ao começar a jogar, o efeito de imersão mencionado acima demorou um pouco a ser sentido. Acontece que o início do jogo não possui um ritmo muito bem construído (se arrasta um pouco em certa sequência de exploração) e, na minha experiência, o funcionamento do combate exigiu um período de adaptação. Esses foram alguns dos fatores que fizeram com que a porção inicial da obra não resultasse na diversão proporcionada pelo restante.
Há também outro fator, que afetou tanto esse primeiro contato quanto a totalidade da experiência. Os bugs retiram completamente o jogador de qualquer resquício de imersão, piorando significativamente o fluxo do jogo. Em dado momento, pensei que um bug tinha impedido meu progresso (o infame softlock), mas consegui achar uma forma de continuar. Trata-se da maior falha de Vessels of Decay no presente momento, mas também de uma que ainda pode ser consertada. Faz pouco tempo que o jogo foi lançado, e talvez seja uma boa ideia esperar por algumas atualizações antes de comprar.
...mas conseguiu me conquistar!
Apesar dessas falhas, constato que há algo que fundamentalmente funciona no núcleo de Vessels of Decay. O sistema de combate é veloz e dinâmico, proporcionando momentos de emoção e satisfação ao jogador. A variedade também merece destaque, havendo muitas opções de como abordar os inimigos, além de finalizações bastante brutais. Isso tudo faz com que haja um dinamismo sempre presente na jornada, já que a ação é uma peça-chave do jogo.
Peça-chave, mas não tudo. O equilíbrio entre os momentos de combate contra as criaturas e os de exploração do ambiente é importantíssimo para a construção de um fluxo de gameplay verdadeiramente imersivo. O jogo convence exatamente aqui: anda na corda-bamba entre o dinamismo das lutas e a melancolia do mundo pós-apocalíptico, vencendo ao executar com sucesso ambos os estilos e ao produzir ambas as sensações. Mesmo que decida aguardar antes de investir seu dinheiro em Vessels of Decay, vale muito a pena mantê-lo em seu radar.
Prós
- Visuais em estilo pixel art com iluminação de qualidade são charmosos e imersivos, com destaque pros jogos de luz e sombra;
- Ambientação pós-apocalíptica com elementos do folclore escandinavo é melancólica e única;
- Combate dinâmico e variado resulta em uma experiência emocionante e satisfatória, com muita ação;
- Equilíbrio entre combate e exploração resulta em um fluxo de gameplay profundamente imersivo.
Contras
- Início do jogo não possui um bom ritmo;
- Ainda tem muitos bugs, que prejudicam a imersão.
Vessels of Decay — PC/PS4/XBO/Switch/PS5/XSX — Nota: 7.0Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Johnnie Brian
Análise produzida com cópia digital cedida pela Headup Games
