Análise: Occlude transforma um simples jogo de Paciência em uma experiência intrigante

Quando cartas e ocultismo se unem, coisas estranhas acontecem.

em 16/07/2025
Quando um jogo simples e popular como Paciência ganha toques de misticismo, surge Occlude. Desenvolvido pela Tributary Games, o título promete intrigar e desafiar até os jogadores de cartas mais experientes em uma experiência que pode ser descrita como, no mínimo, curiosa.

Cartas e ocultismo

Occlude coloca o jogador diante de uma mesa para disputar uma partida de cartas que é familiar, mas que carrega nuances distintas. Na tentativa de corrigir erros do passado, mergulhamos em uma narrativa mística que nos faz acreditar que um peculiar jogo de Paciência pode alterar o rumo de histórias que são, no mínimo, estranhas.

O objetivo é vencer partidas definidas por cartas de ritual. Cada uma delas traz regras específicas sobre como jogar e como concluir a rodada, revelando aos poucos os mistérios que envolvem o enigmático baralho.

Fundamentalmente, Occlude é uma variação de Paciência, com regras adaptadas para se alinhar à sua proposta. Diferente da versão tradicional, na qual empilhamos cartas em ordem crescente, aqui também é possível organizá-las em ordem decrescente. As pilhas por naipe aceitam ambas as ordens.

A principal mecânica que diferencia a experiência está nas regras de vitória, determinadas por cada carta de ritual. O jogador não sabe, de início, quais cartas deve mover para as pilhas de naipes para poder concluir o ritual com sucesso.

Para descobrir, é preciso observar atentamente os acontecimentos na mesa a cada jogada. Quatro moedas que representam os quatro naipes do baralho devem ser coletadas para se alcançar o final completo da partida. No entanto, é possível concluir o jogo sem coletar todas — ou mesmo nenhuma —, desbloqueando finais alternativos para cada ritual.

As ações realizadas movimentam as moedas, oferecendo pistas sobre quais cartas devem ser as últimas a subir para as pilhas. Por exemplo, no primeiro ritual, ao mover uma carta-chave na mesa, a moeda correspondente se mexe, sinalizando que aquela carta deve ser empilhada por último. Nos rituais seguintes, essas condições variam, e cabe ao jogador desvendar, por meio da observação e tentativa, os requisitos para vencer.

Alguns rituais são simples e intuitivos, como é o caso do primeiro. Outros, no entanto, são abstratos e desafiadores, e exigem atenção e raciocínio apurado para compreender suas regras ocultas.

Haja Paciência

A proposta de Occlude, ao mesmo tempo em que é curiosa e interessante, também pode se tornar frustrante e cansativa. Para amenizar a dificuldade em decifrar os rituais e completar o jogo, há duas opções de jogabilidade: clássica e história.

A modalidade clássica é descrita como a forma padrão de jogar Occlude. Nela, há apenas um espaço livre para auxiliar na movimentação das cartas, e a opção de desfazer jogadas é limitada. Já a modalidade história funciona como um modo facilitado, oferecendo mais espaços vazios para movimentar cartas e permitindo desfazer jogadas livremente. É a melhor escolha para aprender as mecânicas do jogo antes de se dedicar ao modo clássico de forma mais desafiadora.

À medida em que os rituais são concluídos e as moedas coletadas, novas cartas de ritual são desbloqueadas. São sete ao todo, cada uma com regras únicas para completar as partidas e avançar no jogo.

A narrativa por trás de Occlude, em minha opinião, é um pouco superficial. Ao cumprir determinados objetivos, desbloqueamos documentos que revelam a origem de alguns objetos coletados e ajudam, de certa forma, a compreender a lore do jogo.

Por outro lado, a ambientação é mais envolvente do que a história em si. A trilha sonora dinâmica, que muda conforme o progresso da partida, e os detalhes visuais da mesa — que guiam o jogador com pistas sutis sobre o que fazer ou evitar — despertam a curiosidade para explorar esse mundo peculiar enquanto tentamos montar o baralho e decifrar os enigmáticos rituais.

Para os que gostam de um carteado enigmático

Occlude se destaca por transformar um jogo de cartas tradicional em uma experiência envolta em mistério e baseada em constante experimentação. Ao propor enigmas que exigem raciocínio e observação, o título foge do comum e convida o jogador a repensar suas estratégias a cada ritual.

No entanto, essa proposta ousada pode não agradar a todos, especialmente àqueles que preferem mecânicas mais diretas ou narrativas mais robustas que ajudam a nos deixar envolvidos na experiência. Occlude cativa com uma atmosfera instigante, trilha sonora imersiva e mecânicas que, embora desafiadoras, recompensam a persistência. É uma boa pedida para quem busca algo diferente dentro do universo dos jogos de cartas — desde que haja disposição para encarar seus mistérios com paciência.

Prós

  • Mecânica inovadora baseada em rituais secretos;
  • Ambientação envolvente e estética cativante;
  • Trilha sonora dinâmica que reforça a imersão;
  • Opção de modo história facilita o aprendizado inicial.

Contras

  • A narrativa superficial causa pouco impacto na experiência;
  • Dificuldade elevada devido a proposta de descobrir o que se deve fazer;
  • Progressão lenta ou quase nula para quem não domina rapidamente as regras.
Occlude — PC — Nota: 7.0
Revisão: Juliana Piombo dos Santos
Análise produzida com cópia digital cedida pela Pantaloon

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Alexandre Galvão
Fã de Castlevania, Tetris e jogos de tabuleiro. Entusiasta da era 16-bit e joga PlayStation 2 até hoje. Jogador casual de muitos e hardcore em poucos. Nas redes sociais é conhecido como @XelaoHerege
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