Paixão nacional aqui no Brasil, o futebol já é representado por alguns nomes de peso no mercado dos game. Nomes como EA Sports FC (o falecido FIFA) e eFootball estão entre os principais e que tentam simular as partidas reais. Rematch, entretanto, é como aquele time que surpreende no mata-mata, trazendo uma proposta inovadora e ousada. Vista seu uniforme e amarre bem a chuteira, pois vai soar o apito para esta análise futebolística começar!
Fardado para entrar em campo
Divulgado inicialmente em dezembro de 2024, Rematch chegou surpreendendo por várias razões: foco em um esporte popular, mas com pegada diferente; produção de um estúdio indie com experiências prévias em gêneros não esportivos; competição contra gigantes do futebol eletrônico no mercado. Nesse sentido, o jogo contou com uma boa dose de divulgação, criando uma expectativa considerável.
E do que se trata o título? A proposta do jogo são disputas online em que dois times devem se enfrentar numa partida de futebol modificado. Não temos faltas, laterais ou escanteios, sendo que os limites do campo são fechados por paredes invisíveis. Os jogadores podem passar, lançar, driblar e, principalmente, chutar para marcar gols e ganhar as partidas.
Rematch teve um período de testes há alguns meses, na qual pude participar em companhia dos colegas Alexandre Galvão e Alec Oliveira. Assino em baixo de basicamente tudo que foi trazido na época, sejam os pontos bons ou ruins. Mas fique tranquilo, fiel leitor, pois esta análise vai tratar de tudo novamente, como se fosse a primeira entrada em campo.
Deixando um elogio inicial ao lançamento, temos uma experiência mais estável em comparação aos testes. Não existem tantas quedas na taxa de quadros ou problemas de conexão, coisas que atrapalham demais um título com proposta majoritariamente online. Como um título indie, manter um desempenho perto do adequado é ainda mais elogiável.
Plantel com carências técnicas
Infelizmente, essa melhora na estabilidade não livrou o game da ocorrência de problemas. Por vezes, os jogadores se “teletransportam” em meio a jogatina, com os comandos sendo ignorados ou chegando atrasados. Outra dificuldade é a formação das partidas, que volta e meia demoram vários minutos para serem formadas. Ainda assim, às vezes alguém desiste logo antes de começar, deixando os times desparelhos e reiniciando o processo de criação.
Como Rematch é focado em disputas online, esperar para poder jogar é sempre algo chato. Localmente, é até possível participar de alguns desafios simples e realizar alguns treinamentos, mas nada nem perto do jogo em si. Inclusive, vale frisar que a produtora se desculpou pela falta de crossplay no lançamento, outro problema sério, deixando cada console isolado no seu quadrado.
Isso prejudica demais a proposta do game, sobretudo logo após o lançamento: se nas primeiras semanas ele não consegue oferecer partidas consistentes, fica difícil criar uma comunidade fiel. Isso diminui a base de jogadores, piorando cada vez mais a situação. Mesmo eu acreditando que aqui tenhamos um título com potencial para suportar essas dificuldades iniciais, isso não muda a situação que pode se complicar.
Afinal, a produtora divulgou que está trabalhando duro para resolver os problemas atuais do jogo. Dona de nomes como Absolver e Sifu, a Slocap tem a boa vontade da comunidade gamer, algo que será testado nos próximos tempos. Deixo a minha torcida para que o placar seja plenamente revertido, pois temos aqui um futebol eletrônico com muito potencial, como vamos ver agora.
O tapete da realeza é verde
Falando agora das partidas em si, Rematch faz muito bonito. Sua produção é modesta, mas colorida e vibrante - destaque para chutes e estádios -, com trilha e efeitos sonoros empolgantes. Sua jogabilidade simplificada permite ao jogador rapidamente aprender todos os movimentos disponíveis no game. Já dominá-los é outra história: cada opção deve ser devidamente pensada e executada.
Para exemplificar podemos pensar em um ataque. Tentar dar chapeuzinho em todo mundo facilita a roubada de bola com um pulo, gerando um contra-ataque. Já um drible pelo chão é vulnerável a carrinhos, enquanto passes telegrafados são facilmente interceptados. Mesmo a corrida (e sua respectiva arrancada “elétrica"), algo que parece simples, exige atenção, pois ela é limitada por uma barra que se recupera com o tempo.
Em outras palavras, Rematch exige planejamento das jogadas e execução precisa. Confesso que achei o game um tanto frustrante no início, pois nunca consegui driblar ou roubar a bola direito. Pior, nem mesmo passar a bola eu conseguia; depois de jogar o tutorial (duas vezes) e algumas disputas online, comecei a pegar o jeito e aí o futebol voltou a ser acessível e divertido.
Nesse sentido, vale um comentário sobre a montagem das partidas. Se os seus colegas de equipe não forem treinados ou, pior, não estiverem a fim de jogar “direito”, a experiência pode ser muito ruim. O mesmo vale para um time adversário bem entrosado (se comunicando em party, por exemplo), que pode ficar tocando e driblando sem abrir oportunidades ao adversário.
Mercado inflacionado
Portanto, se a internet funcionar bem, se o jogador estiver habituado e se os colegas de equipe forem legais, Rematch funciona muito bem. Eu sei que são muito “ses”, mas é a realidade. A recompensa são disputas divertidíssimas e competitivas, cujo desempenho resulta em pontos que podem ser usados no passe de temporada do game.
Sim, apesar de não ser um jogo como serviço, temos um passe e diversas compras que só podem ser feitas com dinheiro real. Embora não seja algo inédito, considero a proposta inicial um pouco agressiva, sobretudo para um game pago que está tentando achar seu lugar no mercado. Como eu não adquiro conteúdo dessa forma, não dei muita bola, mas certamente vai aborrecer muitos jogadores.
Afinal, customizar coisas como uniforme, chuteira, comemorações, arena, entre outras, deveria ser algo mais acessível. Felizmente, são só cosméticos, não alterando em nada o funcionamento do game em si. Seja nas partidas de 3x3, 4x4 ou 5x5, temos um prato cheio para quem se dedicar a este mundo do futebol digital.
Inclusive, minha favorita é 4x4, em que temos uma quantidade adequada de jogadores em campo, equilibrando individualidade e trabalho em equipe. Pena que o modo ranqueado seja 5x5, que por vezes é quase cheio demais para realizar dribles e outras jogadas. Ainda assim, ele é uma boa opção para jogar partidas mais equilibradas, com equipes de nível semelhante.
Olhando para bola eu vejo o sol
Como deve ter ficado claro para o leitor ao longo do texto até agora, Rematch é um jogo bastante interessante, e, apesar de alguns problemas, tem boas qualidades que fazem bom uso da sua ótima proposta básica. Por exemplo, da mesma maneira que um jogo de ação, o analógico esquerdo movimenta o personagem e o direito à câmera, permitindo executar jogadas bem plásticas.
Já chutar contra as “paredes” que cercam o campo é um meio caótico, mas eficiente, de obter boas oportunidades. Outra ótima ideia é não ter um goleiro fixo, posição que fica a cargo do primeiro jogador a entrar na sua área vazia. Embora – em geral – ninguém goste de pegar no gol na vida real, até isso é divertido aqui. Obviamente, é muito mais legal sair driblando e tabelando, criando grandes jogadas para marcar golaços.
Se o negócio ficar muito desbalanceado e rolar uma goleada, Rematch tem uma espécie de regra de misericórdia que termina a partida quando uma diferença de quatro gols é atingida. Parece algo pouco desportivo, mas como as recompensas são meramente cosméticas, concordo que é melhor abreviar o sofrimento e partir para a próxima.
Lembrando que não temos árvores de habilidade, customizações de jogabilidade ou melhorias; aliás, a única melhoria é na própria habilidade do jogador, treinando e praticando todo dia. O melhor é jogar com os amigos, tal como a maioria dos games online, lembrando que o crossplay ainda não chegou e não tem data definida.
A partida só está começando
Com uma proposta de jogo bastante inovadora, Rematch simplifica as regras do futebol para oferecer uma experiência intensa e divertida. Sem laterais ou faltas, mas com muitos dribles e jogadas plásticas, temos aqui um game focado em partidas online competitivas. Apesar desse foco escancarar alguns problemas, o título tem qualidades suficientes e a promessa de novidades importantes, merecendo uma oportunidade na escalação da sua biblioteca.
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Um resultado positivo que pode virar uma goleada! |
Prós
- Jogo de futebol digital traz uma proposta original, divertida e competitiva;
- Regras simplificadas foram bem pensadas e combinam com a temática de forma geral;
- A jogabilidade funciona muito bem, no melhor estilo fácil de aprender, difícil de dominar;
- Efeitos visuais de chutes e estádio são ótimos, dando uma agradável sensação de imersão;
- Muitos cosméticos para colecionar e customizar as jogatinas;
- Grande potencial para ser um game ainda melhor e maior.
Contras
- Instabilidade na conexão, ausência do crossplay e/ou companheiros de time “desinteressados” podem gerar algumas situações frustrantes;
- Pouco conteúdo off-line interessante, colocando quase todo o peso sobre as partidas online;
- Mesmo sendo um jogo pago, boa parte dos cosméticos está presa por trás de compras.
Rematch — PC/PS5/XSX — Nota: 7.5Versão utilizada para análise: PS5
Revisão: Johnnie Brian
Análise redigida com cópia digital cedida pela Slocap