Análise: Music Drive: Chase the Beat traz ótimas ideias, mas uma execução que precisa evoluir

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em 11/07/2025
Produzido pelo estúdio brasileiro Salve Games, Music Drive: Chase the Beat nos coloca atrás de um volante para recuperar e distribuir fitas K7 (lembra delas?) em diversos trajetos. É uma maneira bem bolada de trazer um projeto de uma desenvolvedora tupiniquim e, ainda, apresentar canções originais — aqui assinadas pelo rapper NP Vocal. Mas será que vale se arriscar nas periferias do país por essa missão?

Em busca da batida perfeita

Controlamos a dupla Tina e Turner. O casal tem como objetivo coletar fitas roubadas com canções inéditas e, depois, distribuí-las para obter lucro próprio. São 10 fases diferentes, as quais precisamos concluir pelo menos duas vezes: a primeira para conseguir os itens e a segunda para deixá-los nos checkpoints.

Quando estamos perseguindo os bandidos, devemos atirar contra os veículos indicados, que carregam a carga preciosa. Assim que eles explodem, as fitas passam para nós — aí é só concluir o trajeto sem sermos pegos. Na hora da distribuição, o trajeto é o mesmo, com a diferença de que as fitas são deixadas pelo caminho. Mas,se nos explodirem, perdemos toda a nossa carga permanentemente e, então, somos obrigados a realizar uma nova coleta.

No que diz respeito à jogabilidade, o controle dos carros é bem básico, mas cumpre o seu papel. Cada um deles só pode carregar uma quantia de fitas por vez, mas isso pode ser ampliado ao melhorarmos nossa caranga — assim como sua velocidade e resistência. A parte de atirar também é bem direta ao ponto, funcionando quase que de maneira automática, pois basta passar por um alvo que nosso copiloto dispara uma chuva de balas na direção dele.

O que se torna um pouco cansativo é o grinding inicial. Sempre que concluímos uma rota, independentemente de estarmos caçando ou sendo caçados, uma estrela é acrescida ao “medidor de cancelamento”, que funciona como o nível de dificuldade. 

Ao custo de 5.000 moedas, podemos realizar um suborno e fazer esse medidor recuar para o início. Só que esse valor é bem difícil de ser arrecadado de começo, quando temos que ponderar se melhoramos o carro, compramos um novo, aumentamos o poder de fogo da nossa arma ou pagamos o suborno. 

Essa necessidade inicial nos leva a repetir os dois primeiros níveis muitas vezes, até juntar uma grana considerável que permita pagar o suborno e investir em alguma melhoria. Logo, mesmo sendo um jogo bem curto, Music Drive sofre com essa repetição chata até deslanchar para os estágios mais complexos.

Em qualquer lugar do Brasil… literalmente

O visual retrô de Music Drive evoca alguns títulos clássicos de perseguição da era 32-bits, como Driver e até o pitoresco World’s Scariest Police Chases. Até existe um filtro para deixar os gráficos com a resolução idêntica à daquela época, mas a mancada aqui é ser um tanto quanto genérica.

Os menus têm cores chapadas, e pode ser um pouco confuso identificar se o cursor realmente está onde queremos. Além disso, por mais que a ideia seja evocar a aura dos espaços urbanos e do hip-hop, os cenários pelos quais corremos têm elementos bastante simplórios, como trechos rurais e até ribanceiras, que não conversam em nada com a temática proposta.

Outro pecado está em como a trilha sonora é conduzida. Temos mais de 10 faixas originais que, além da autoria de NP Vocal, incluem nomes de outros artistas da cena hip-hop, como Leozinho MC ZS, Salvador da Rima e Karranca. Entretanto, elas só podem ser ouvidas no menu, antes de iniciar a missão e, se as entregamos ou perdemos, só teremos acesso a elas novamente ao encontrá-las em uma missão de perseguição. 

É um enorme vacilo não haver um menu especial com uma jukebox, para que as canções encontradas pelo menos uma vez ficassem disponíveis para serem ouvidas livremente. Outra opção que faz falta é a de poder alternar a música que toca em cada missão, pois sempre é executada a mesma faixa.

A impossibilidade de explorar melhor a trilha sonora única, sem estar atrelado à ação, acaba arranhando a vitrine que Music Drive poderia ser. Entretanto, também não dá para deixar de levar em consideração o fato de essas músicas inéditas estarem lá. Só que, infelizmente, o jogador que quiser escutar tudo terá que ficar caçando todas elas repetidamente, já que são adquiridas de maneira aleatória e com a possibilidade de serem duplicatas.

Uma boa ideia, que pode render muito mais

“Rústico” é a palavra que melhor define Music Drive: Chase the Beat. A ideia do jogo é ótima, sendo uma maneira de mostrar um produto baseado na realidade de muitas comunidades, além de jogar os holofotes sobre um artista nacional. Só faltou um melhor acabamento e mais funcionalidade — principalmente na hora de poder explorar as músicas, que se tornam a parte principal da aventura.

Prós

  • Faixas originais foram feitas para o jogo;
  • A jogabilidade é simples e não compromete.

Contras

  • Não é possível escutar livremente as fitas encontradas;
  • Os cenários são genéricos e nem sempre lembram a periferia à qual deveriam se referir;
  • O grinding inicial e a repetitividade de missões acabam tornando o ritmo bastante arrastado de início;
  • Falta de uma jukebox para ouvir as fitas coletadas livremente, sem que elas precisem estar em nosso inventário.
Music Drive: Chase the Beat — PC/PS4/PS5/Switch/XBO/XSX — Nota: 5.5
Versão utilizada para análise: PS5
Revisão: Mariana Marçal
Análise feita com cópia digital cedida QUByte Interactive
OpenCritic
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Carlos França Jr.
é amante de joguinhos de luta, corrida, plataforma e "navinha". Também não resiste se pintar um indie de gosto duvidoso ou proposta estranha. Pode ser encontrado falando groselhas no @carlos_duskman
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