Desenvolvido e publicado pela Konami, Edens Zero é um RPG de ação 3D que adapta a obra homônima concebida por Hiro Mashima, também conhecido por seu trabalho em Fairy Tail. Apostando na fidelidade ao material original, com direito à dublagem oficial do anime, o jogo entrega uma experiência funcional, mas morna, que carece de profundidade e variedade para se destacar no gênero.
Uma adaptação fiel, mas apressada
A trama de Edens Zero tem início em Granbell, um parque temático onde vive Shiki, um garoto criado por robôs e portador de poderes especiais relacionados à gravidade. A vida tranquila do rapaz muda completamente quando Rebecca Bluegarden, uma espécie de influenciadora digital, visita o local em busca de conteúdo.
Após uma série de eventos que forçam a dupla a fugir do planeta, Shiki, Rebecca e seu inseparável mascote Happy partem em uma jornada pelo espaço em busca de uma lendária entidade conhecida como Mother. Como era de se esperar, essa odisseia leva Shiki a fazer novos aliados, enfrentar inimigos poderosos e descobrir mais sobre seu passado.
Sendo um jogo baseado em uma obra de Hiro Mashima, a narrativa de Edens Zero mistura com competência comédia, ação e momentos emocionais, com destaque para os temas de amizade e os laços criados ao longo da jornada. Por essa mesma fidelidade, o título também traz diversas conveniências, exageros e fanservices que já são característicos do autor.
Infelizmente, mesmo seguindo de perto o material original, o ritmo narrativo do game é excessivamente acelerado. Durante a campanha, diversos acontecimentos importantes são apresentados de forma apressada, sem o tempo ou desenvolvimento suficientes para gerar o impacto emocional esperado.
Ainda assim, o excelente trabalho dos dubladores japoneses (os mesmos do anime) contribui para dar vida aos personagens, especialmente nos momentos mais leves e descontraídos, que exigem menos envolvimento emocional por parte do jogador. Vale destacar também que o jogo conta com legendas em português.
Estrutura de campanha simples
Em seu modo história, Edens Zero apresenta uma estrutura bastante básica: o jogador avança por corredores que ligam um ponto A a um ponto B, enfrentando inimigos pelo caminho, assistindo a cenas que desenvolvem a trama e enfrentando um chefe ao final de cada capítulo. À medida que a campanha progride, novos personagens se juntam à equipe.
Embora haja alguns poucos baús espalhados pelos trajetos, a exploração é extremamente limitada e linear. Dessa forma, o modo história se aproxima mais de uma experiência narrativa com sessões de combate do que de um RPG de ação propriamente dito, o que pode frustrar jogadores que buscam um pouco mais de liberdade, algo comum em muitos games do gênero.
Visualmente, o jogo apresenta modelos em cel shading que cumprem seu papel, mas ficam aquém de outros títulos que utilizam a mesma técnica. Isso se deve, principalmente, às transições faciais e expressões dos personagens, que são bastante rígidas durante as cenas.
Como ponto positivo, Edens Zero utiliza animações próprias para contar sua história, inclusive durante as batalhas — um diferencial importante em relação à maioria dos jogos baseados em animes, que frequentemente se limitam a reutilizar trechos estáticos da animação original acompanhados de resumos mal elaborados.
Blue Garden: um mundo vasto e mal aproveitado
Fora da campanha principal, o jogador pode explorar livremente a região de Blue Garden, uma área semiaberta que funciona como um grande hub de atividades. Lá, é possível aceitar missões secundárias, encontrar baús e enfrentar monstros espalhados pelo mapa.
Esse modo conta com um sistema de classificação que evolui conforme o jogador completa as solicitações. À medida que o nível aumenta, novas missões de dificuldade crescente se tornam disponíveis, algumas exigindo que o jogador visite outros planetas para cumprir tarefas pontuais.
Para quem se engajar com o sistema de combate, que discutiremos mais adiante, Blue Garden oferece inimigos que representam desafios bem maiores do que os encontrados na campanha principal. Além disso, o jogo oferece uma boa variedade de equipamentos com aparências distintas, o que pode incentivar a busca por personalização.
Infelizmente, o conteúdo disponível nesta região acaba se tornando bastante repetitivo em pouco tempo. Isso ocorre porque a maioria das missões secundárias são genéricas, focando principalmente na eliminação de inimigos ou na coleta e entrega de itens específicos.
Além disso, embora o mapa apresente um visual interessante e traga locais que remetem ao Blue Garden do anime, o mundo do jogo carece de atividades significativas. Fora os inimigos espalhados pelo cenário e alguns baús para encontrar, há muito pouco a se fazer. Até mesmo os NPCs funcionam apenas como elementos decorativos, não dispondo de diálogos, reações ou qualquer forma de interação, o que reforça a sensação de um ambiente vazio, sem vida e subaproveitado.
Personagens com diferentes estilos de combate
O sistema de combate de Edens Zero também segue uma proposta bastante simples. O jogador pode realizar combos com ataques básicos, utilizar dois tipos de golpes especiais que funcionam como finalizadores e ativar duas habilidades adicionais: uma limitada por tempo e outra que exige o preenchimento de uma barra especial. Como em muitos outros jogos do gênero, derrotar inimigos concede pontos de experiência que permitem a evolução dos personagens.
Apesar da estrutura geral ser semelhante entre os membros da equipe, cada herói possui um estilo único de combate. Para exemplificar, Shiki é ágil e utiliza ataques físicos combinados com poderes gravitacionais capazes de atrair os inimigos. Rebecca, por sua vez, ataca à distância com armas de fogo, enquanto Witch Regret recorre à magia, podendo inclusive alterar o elemento de seus feitiços com uma habilidade especial.
O jogo permite a troca entre os personagens durante o combate, o que adiciona um dinamismo interessante às batalhas. No entanto, há um tempo de espera entre as trocas, o que limita a geração de combos mais elaborados ou criativos. Na prática, o jogador acaba se restringindo a alternâncias rápidas para formar combinações entre apenas dois heróis.
Um dos principais pontos negativos do combate é a inteligência artificial dos inimigos comuns, que faz com que muitos adversários permaneçam parados ou atuem de forma pouco ameaçadora, tornando essas batalhas repetitivas e pouco desafiadoras. Além disso, o sistema é um tanto desajeitado no que se refere a esquiva, pois as animações dos golpes, mesmo para personagens ágeis, são lentas, o que dificulta o uso dessa ação e deixa o ritmo geral das lutas mais arrastado do que o ideal.
Apesar disso, os confrontos contra chefes geralmente se destacam positivamente, oferecendo momentos mais intensos, desafiadores e divertidos. Essas batalhas quebram a monotonia dos encontros comuns e valorizam a troca estratégica entre personagens, o uso preciso da esquiva e a aplicação correta das habilidades especiais.
Divertido, mas limitado
Embora os confrontos contra chefes tragam momentos mais estimulantes e desafiadores, a falta de um maior refinamento em seus principais sistemas, além da ausência de atividades que vão além de batalhar e coletar baús, impede que o título da Konami se destaque verdadeiramente em um gênero já tão inflado.
Para quem não conhece o universo original, o jogo pode não ser a melhor porta de entrada, já que a narrativa acelerada dificulta o envolvimento emocional com os personagens. Ainda assim, para fãs dedicados da obra de Hiro Mashima e jogadores que buscam uma aventura simples e que acompanha alguns dos principais acontecimentos do anime, Edens Zero oferece uma jornada divertida, embora morna em diversos aspectos.
Prós
- Adapta com fidelidade a história criada por Hiro Mashima, equilibrando comédia, ação e drama de forma relativamente eficaz, com direito à dublagem original do anime e animações próprias nas cutscenes — um recurso raro em adaptações do gênero;
- Apesar de simples, o sistema de combate oferece personagens com estilos únicos e incentiva a troca entre eles, tornando os confrontos mais dinâmicos e divertidos — especialmente contra os chefes;
- A grande variedade de equipamentos com visuais distintos pode motivar alguns jogadores a explorar Blue Garden e cumprir as missões disponíveis;
- Legendado em português.
Contras
- Embora siga o material original, o ritmo da campanha é acelerado demais, dificultando o envolvimento emocional com a história e os personagens para quem não conhece este universo;
- A inteligência artificial dos inimigos comuns é fraca, o que torna muitos confrontos triviais;
- O Blue Garden, apesar de visualmente interessante, é uma área pouco interativa e subaproveitada, com missões secundárias genéricas e repetitivas;
- Os visuais em cel shading cumprem seu papel, mas as animações e expressões faciais rígidas colocam a qualidade gráfica do jogo abaixo de diversos outros títulos semelhantes.
Edens Zero — PC/PS5/XSX — Nota: 6.5Versão utilizada para análise: PC
Revisão: Johnnie Brian
Análise produzida com cópia digital cedida pela Konami














